Incorrecções factuais sucedem-se em catadupa

Hoje no DN

"Quem mente, sai."

Passos Coelho

Soube-se hoje que Rui Machete pediu, pelos canais diplomáticos, desculpa a Angola por dirigentes deste país estarem a ser terem sido investigados pelo Ministério Público português. À Rádio Nacional de Angola, o próprio Machete confirmou o pedido de perdão:

“Tanto quanto sei, não há nada substancialmente digno de relevo, e que permita entender que alguma coisa estaria mal, para além do preenchimento dos formulários e de coisas burocráticas e, naturalmente, informar às autoridades de Angola pedindo, diplomaticamente, desculpa, por uma coisa que, realmente, não está na nossa mão evitar”.

Estamos em presença de mais um esquecimento de Rui Machete: varreu-se-lhe da memória que existe, em Portugal, separação de poderes. Neste preciso momento, por mera coincidência, acontece que a ministra da Justiça, que costuma andar por aí a dizer que “terminou o tempo de impunidade”, a procuradora-geral da República e até o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público dormem a sono solto.

Mas como Machete está apostado em ser notícia todos os dias, soube-se também hoje que ele terá sido remunerado com seguros de vida para fugir ao fisco, quando era presidente do conselho superior da SLN/BPN.

O ministro do Negócios Estrangeiros dispôs-se a ir à Assembleia da República na próxima terça-feira a fim de explicar uma outra incorrecção factual, a de ter mentido ao negar ter tido acções da SLN, holding do BPN. Até quando vai durar esta lenta agonia?