Escutadas palavra por palavra, as declarações de Rui Machete à Rádio Nacional de Angola ainda são mais demolidoras. Encontrando-se num outro país, o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros decidiu discorrer, com inesperado desembaraço, sobre uma investigação a cargo do Ministério Público português, fornecendo elementos que deveriam estar em segredo de justiça. Não satisfeito por atropelar o princípio da separação de poderes, Machete ainda garantiu que o Governo tinha pedido explicações à procuradora-geral da República pela actuação do Ministério Público. E a cereja em cima do bolo foi o pedido de perdão por o Estado português estar a investigar cidadãos de outro país por actos praticados em território nacional.
As autoridades portuguesas demoraram todo o dia de ontem até haver reacções. A procuradora-geral da República acabou por difundir um comunicado, no qual é desmentido tudo o que havia sido dito por Manchete. Obrigado a reagir, o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros emitiu também um comunicado, no qual sustenta que apenas fez uma interpretação de uma nota do DCIAP. Pior a emenda que o soneto: é que a nota do DCIAP, contrariamente ao que disse Machete, esclarecia que havia processos em curso.
O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros envergonhou a justiça portuguesa — de resto, perante a sintomática passividade do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, cujo presidente, entalado entre a defesa da autonomia do Ministério Público e a frutuosa cooperação com a ministra da Justiça, se limitou a uma inócua declaração de circunstância — que, dada a gravidade da situação, também deveria encher de vergonha os sócios do sindicato.
O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros envergonhou igualmente o país ao pedir desculpa às autoridades angolanas por a justiça portuguesa funcionar.
O enxovalho a que o país foi sujeito por Rui Machete não passa para Passos Coelho de “uma expressão infeliz”. Por isso, incumbiu o pardo secretário-geral do PSD, um tal Matos Rosa que não é sequer membro do Governo, de anunciar que se trata de um “assunto acabado”. E não estando o o Presidente da República disposto a acabar com este manicómio em que se transformou o seu governo, só nos resta esperar que nos caia do céu um brief do Lomba.
Há uma coisa que o governo e o Matos Rosa têm razão: para a semana o assunto está esquecido porque a bronca deverá ser outra. Como se diria na minha juventude, isto são broncas em sessão continua, como no Olimpia....
ResponderEliminarQuando esta alimária em forma de jurista foi para o (des)Governo, disse por aí que era a PLMJ "advogados" a entrar para o executivo, dado que este sabujo tem por lá funções de "consultor".
ResponderEliminarAs ligações que tal central de corrupção travestida de escritório de "advocacia" tem a Angola tornam óbvio o motivo desta inenarrável traição a Portugal: o interesse nacional, a separação de poderes e o Direito Português que se lixem, o que interessa é manter o "Angola Desk" da PLMJ a funcionar.
A título de curiosidade, a Assunção Cristas era deputada e membro, ao mesmo tempo, do "Angola Desk" da MLGTS "advogados".
Já não bastava termos o gebo do filho, "professor" da "universidade católica portuguesa", a chular-nos no Tribunal Constitucional, agora também temos de aturar o chico-esperto do paizinho como titular de uma pasta que, até há dias atrás, era fundamental para Portugal - ênfase na forma verbal.
Reactive-se a fábrica de munições de Braço de Prata, que temos muita gentalha que precisa de um cartucho bem aviado nas ventas, a começar pela rapaziada que chumbou o PEC IV e pelo geronte corruptor e de extrema-direita Júdice, o grande inspirador dos mega-escritórios neste País, como essa tal de PLMJ, uma "vacaria jurídica", como lhe chamou certo Professor de Direito e advogado, ele próprio antigo membro destacado do PSD.
Salvo melhor opinião este bonzo quer sair do governo (com aquela faturação quem não quereria) por isso tem-se esforçado a dar umas razões para o correrem.
ResponderEliminarE não é que comungo da opinião do joão da regras!
ResponderEliminarEstou a ficar radical ou, perante esta podridão, será moderado?
Saludos.
Depois daquilo em que esteve metido e depois daquilo que vai fazendo, tem que haver mesmo uma razão muito forte para terem colocado esta criatura naquele cargo. Francamente gostava mesmo de saber quem ou o quê é que esta criatura está a representar.
ResponderEliminarhttp://aspirinab.com/isabel-moreira/e-simples/
ResponderEliminarCaro anónimo das 09:26h: ninguém está a ficar maluco nem radical, é simplesmente a gentalha do (des)Governo, da maioria e desses dois partidecos que a compõem que é demasiado enervante para qualquer pessoa racional.
ResponderEliminarPor falar em "universidade católica portuguesa", o Poiares Maduro também fez uma linda figurinha de subserviente e submisso a estrangeiros aqui há dias, numa conferência pedante dessas que eles têm por lá - disse que não podia falar a jornalistas porque tinha o Monti à espera.
Lembrem-se sempre, caríssimos: não se pode escrever Poiares sem "poia". E dêem uma voltinha pelos sites desses monstros jurídicos que são os megaescritórios, que encontrarão surpresas muito desagradáveis, mas nada inesperadas...
Alguém me pode explicar se um 'pedido de desculpas', em nome do estado, é, apenas, resultado de um impulso pessoal do ministro, ou terá que ser resultado de deliberação de órgão de soberania ? ...
ResponderEliminarQual a culpa de um aluno carenciado para que, em razão das dividas fiscais dos seus pais, não lhe seja atribuída uma bolsa de estudo?
ResponderEliminarSe a um aluno carenciado, em razão das dívidas fiscais dos seus progenitores, é lícito negar uma bolsa de estudo, por maioria de razão aos sócios da SLN, sociedade detentora de 100 % do capital social do BPN, também poderá ser cortado alguma coisa…
Fosse eu aluno universitário, chamaria à razão o Governo com a discussão do que então cortar aos sócios da Sociedade Lusa de Negócios … nunca cotada em bolsa, holding de um grupo que se financiava no BPN, que muito provavelmente ficará para a história como a maior fraude da 3.ª República, em razão da sua magnitude cujo impacto nas contas públicas ainda hoje não é possível determinar completamente.