Recue-se no tempo para entender uma complexa jogada de xadrez. Vítor Gaspar arrastou durante semanas a recomposição do conselho de administração da Caixa Geral de Depósitos, não cumprindo sequer os prazos que ele próprio havia fixado. Nas vésperas de se demitir de ministro das Finanças, Vítor Gaspar seduziu a directora do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal com a oferta de um lugar na administração da CGD. Tendo assim ficado vago o cargo de director do Departamento de Estudos Económicos, foi aberto um concurso para o preencher. Os requisitos do perfil sugeriam ter sido encomendado um fato à medida de Gaspar.
Era a grande oportunidade para o departamento ficar em boas mãos. Acontece que nos governos de Sócrates se apostou muito na Ciência e há, na hora actual, muita gente cujos curricula pedem, no mínimo, meças ao de Vítor Gaspar: carreiras académicas sólidas, artigos científicos publicados, percursos profissionais à prova de bala — muito embora sem caminhadas pelos corredores da política.
Sendo um Estado dentro do Estado e não fazendo caso do Código do Procedimento Administrativo, o Banco de Portugal não divulga como decorreu este processo e, por conseguinte, nunca se saberá se Vítor Gaspar foi opositor ao concurso. O que é surpreendente, para não dizer estranho, é que, tendo concorrido tanta gente com altas qualificações, o conselho de administração do Banco de Portugal tenha deliberado “encerrar o processo de recrutamento externo para diretor do Departamento de Estudos Económicos, por entender que as candidaturas não reuniam todos os requisitos exigidos para o desempenho da função.”
O encerramento inopinado do processo de recrutamento (e a forma sigilosa como ele decorreu) é propício à especulação:
- • Teria Vítor Gaspar concorrido e o júri entendido haver outros candidatos com mais qualificações para o cargo, candidatos esses não disponíveis para serem porta-vozes das mistelas neoliberais sob a capa de análises técnicas intocáveis?
• Não tendo Gaspar concorrido, o conselho de administração do Banco de Portugal teria concluído que a escolha do júri não permitiria ao Departamento de Estudos Económicos estar em condições de corroborar, nos trabalhos que publica, a tese da austeridade expansionista?
Como é natural, o curriculum de Gaspar ficará enriquecido com a produção deste conjunto de recomendações sobre o reposicionamento estratégico e a missão do Departamento de Estudos Económicos. Poderá então lançar-se um novo concurso — com ou sem Gaspar, o reposicionamento estratégico estará definido. E o monetarismo vencerá!
Gaspar devia ser afastado de qualquer cargo que tivesse relacionado com politica económica neste país.
ResponderEliminarQue vá produzir a sua diarreia mental em termos de politica económica para o raio que o parta.
No meu país não !
É bom que o PS aprenda alguma coisa : no dia em que chegar ao poder, esta gente têm de ser toda posta a andar. Nenhuma indemenização que possam receber se compara ao prejuizo para o país de se os deixar estar onde estão.
Lembrem-se dos swaps!
Andou o homem a abrir excepções para a malta do Banco de Portugal...não há almoços grátis!
ResponderEliminarNunca visto! Isto é muito estranho. O concurso atraiu de certeza candidaturas extremamente qualificadas, incluindo de economistas estrangeiros. Aqui há gato (se se chama Gaspar ou não, isso não sei...).
ResponderEliminarO Banco de Portugal acaba de dar (mais uma) machadada na sua imagem. Que tristeza! E os jornalistas deste país não investigam? Se fosse assunto que "envolvesse" o JS...
Nem se lembraram das recomendações nem do reposicionamento estratégico antes da abertura do concurso!
ResponderEliminarTá-se mesmo a ver que foi o concurso que suscitou a necessidade do reposicionamento estratégico.
Alguma coisa não correu como o previsto durante o mesmo... o que seria?
Não há jornalismo que se interesse por uma coisa destas?
Esta crise ensinou uma coisa:o Banco de Portugal de independente só tem os privilégios.
ResponderEliminarA primeira limpeza tem de começar por aí!
Estes tipos devem pensar que eles são muito inteligentes e ´todos nós somos parvos.
ResponderEliminarHá dois meses, não era preciso repensarem estrategicamente o gabinete de estudos.
Foi preciso abrir o concurso, ver os candidatos e como eram bem melhores do que aquele para quem eventualmente ele estaria desenhado, fecharem o concurso e nomearem-no para repensar o dito.
Esta tropa do Banco de Portugal também deveria ser ouvida na Assembleia antes de se apropriarem dos cargos.
ResponderEliminarOs Governos do PS têm de aprender a não ser parvos e a não se deixarem embarcar na treta de nomearem esta escumalha para certos órgãos.
ResponderEliminarEste gajos seguem todos a mesma cartilha e estão lá para prosseguirem a sua agenda politico-ideológica-partidária.
É o que dá...
Alguém poderia ter ilusões que o ex chefe de gabinete de um qualquer ex qualquer coisa daquele partido que é o atual do Governo iria ter alguma isenção e independência no cargo? NENHUMA!
Esta gente anda a gozar...e secalhar é necessário usar de medidas radicais para mostrar a esta gente que o povo ainda tem um pingo de dignidade e soberania...
ResponderEliminarEsta Governador do BP não tem nada de independente... só por aqui se vê
ResponderEliminareles ainda hão de convencer-nos que o mundo branco com pintinhas amarelas e o povão vai acreditar
ResponderEliminarsó uma palavra me ocorre em todo este processo: nojo
ResponderEliminaresta gente é abjecta, nojenta
Demasiada coincidência para ser verdade:
ResponderEliminarEntão foi preciso queimarem o concurso para chegaram à conclusão de que era preciso uma redefinição estratégica...
Um mesinho antes não sentiam qualquer necessidade de redefinição estratégica.
Será que todos os membros do júri foram lá só fazer papel de embrulho?
ResponderEliminarOu havia uns mais apostados em queimar candidatos...ou o concurso?
A transparência faz muita falta!
E estes tipos do banco de Portugal já mostraram de que cepa são feitos