Sessão evocativa de Josemaría Escrivá de Balaguer, fundador do Opus Dei |
“Em meados de 1977, o Presidente Ramalho Eanes já estava muito indisposto contra os partidos políticos portugueses (…).
Em longa conversa a sós, no Palácio de Belém, depois de tantos desabafos, perguntou-me:
- — O Sr. Professor não conhece nenhuma forma de democracia sem partidos?
De imediato respondi:
- — Conheço, sim, Sr. Presidente. Conheço até duas: a «democracia popular», como existe na Europa do Leste, e a «democracia orgânica», concebida e posta em prática pelo doutor Salazar.
Ramalho Eanes, desapontado e com um meio-sorriso, comentou:
- — Pois é. Toda a gente me diz que não pode haver democracia sem partidos. É pena.”
Diogo Freitas do Amaral, AO CORRER DA MEMÓRIA, p. 113
Digamos que Ramalho Eanes na altura ainda politicamente impreparado, se encontrava em busca de uma utopia, um regime político perfeito.
ResponderEliminarJá Churchil com o seu pragmatismo empirista anglo-saxónico, dizia que: A democracia parlamentar é o pior dos sistemas políticos, mas não conheço outro melhor.
Também há quem procure homens perfeitos e providenciais e quem aceite homens com os defeitos inerentes à condição humana todavia, bem formados!
Também há a democracia militar, mandas tu e eu obedeço.
ResponderEliminarDurante algum tempo em Portugal houve quem andasse à procura de um regime que até podia ter partidos - desde que não tivesse democracia. Na verdade, Eanes nunca fez nada contra a democracia "de partidos".
ResponderEliminarAndei a colar cartazes de R. Eanes na sua primeira candidatura, integrando brigadas constituídas por militantes do PS, do PSD e do MRPP no concelho de Sintra. Recordo hoje essa experiência com orgulho, e também nostalgia do fervor democrático e patriótico da altura. Optar naquele momento por ele foi um frenesim intelectual. Aquele tropa de avantajado boné militar, óculos escuros que quase lhe tapavam o rosto, uma voz das profundezas do mundo rural, desconhecido, com corruptelas na pronúncia do final das palavras, mostravam uma figura enigmática e assustadora a lembrar um ditador da América Latina. A princípio foi difícil de engolir. Para decidir, muito ajudou o PCP e o seu filhote UDP, que o qualificavam de reacionário e fascista, como aliás tratavam na altura os trabalhadores democratas e patriotas nas assembleias de moradores, trabalhadores e sindicais, que não alinhavam na sua estratégia de unicidade e golpismo; ajudaram também as elites, no momento alcandoradas, em cuja opinião o povo confiou. A sua vitória foi um dos passos decisivos para a construção da democracia. Não estou arrependido. No cômputo geral foi o presidente certo no momento certo. Que alívio! Quanto a outras movimentações políticas de Eanes prefiro subestimá-las, muito embora tenham contribuído para a ascensão ao poder do cavaquismo. Um segundo passo decisivo, este para a consolidação da democracia, foi a vitória de Mário Soares contra Freitas do Amaral. Épica!
ResponderEliminarFelizmente, ainda temos Mário Soares. Vida longa para Mário Soares!
Concordo:
ResponderEliminarVida longa para Mário Soares.
ResponderEliminarMas Ramalho Eanes, hoje, significa politicamente o quê?
Tanta nostalgia e tanta orfandade à solta...
É a Tua obra. O Teu legado: muitos "parabéns", Palhaço!
ResponderEliminarVida longa!!
Reparem nisto, logo que a esquerda democrática anunciou sobre a reúnião na Aula Magna imediatamente a direita anti-passista promoveu uma reunião envolta de uma homenagem a Ramalho Eanes.
ResponderEliminarA direita cavaquista-eanista está de sobreaviso para ressuscitar e sobretudo não deixar o caminho só nas mãos da esquerda.
E lá estava em grande destaque o prof. cirurgião Lobo Antunes, homem todo de cavaco. O cavaquismo busca aliados, prova de que quer subsistir e continuar.
Convém recordar que o Eanes foi o presidente da comissão de honra do Cavaco (julgo que nas 2 últimas eleições)... e apoiou o Cavaco contra o Sampaio
ResponderEliminarnão tem comparação nem com Soares, nem com Sampaio, é oco da cabecinha
como dizia o outro, é fraquinho, fraquinho; mas também é perigoso, perigoso
ResponderEliminarE foi o "padriño" do Pinto da Costa...