“Sarah Palin é uma antiga basquetebolista, participante em concursos de beleza, atiradora exímia, caçadora de alces, especialista em política de energia, uma mulher de uma inteligência rápida e instintiva. Mais do que o elitismo juvenil de Barack Obama, mais do que qualquer outro político nas últimas décadas, Palin representa o melhor da democracia americana, a sua proximidade dos instintos do cidadão comum.”
Temos na candura alarve desta prosa matéria-prima abundante para conjecturar acerca das conversas distendidas nos pacatos fins de tarde em São Bento. A experiência de vida dos estarolas empresta verosimilhança a este quadro olímpico de brainstorming, conduzido por Bruno Maçães — antes, assessor político de Passos Coelho e, na hora actual, secretário de Estado dos Assuntos Europeus.
Citei um encómio a Sarah Palin que terá, com toda a probabilidade, deslumbrado Passos Coelho, porventura mais ainda porque Maçães — desencantado no European College of Liberal Arts, após ter leccionado Estudos Globais em Yonsei — não se coibiu de narrar um acto de desmedida bravura que marca uma carreira: comportando-se como um vigoroso discípulo de Moreira de Sá, foi “mandado calar por não manter um silêncio respeitoso durante o discurso do novo sacerdote em chefe, Barack Obama.”
É de admitir que muitas outras estimulantes proezas de Maçães possam ter igualmente causado uma forte comoção a Passos Coelho, como o impressivo relato da “revolução iraquiana”, que culminou num bate-papo entre Maçães himself e Dick Cheney: “Tive esta semana a oportunidade de conversar com Dick Cheney. Não vou esconder o facto potencialmente embaraçoso de ter por este político uma grande admiração, mais do que por qualquer outro nas últimas décadas.”
Conquistados os estarolas, Bruno Maçães haveria, mais tarde ou mais cedo, de ver reconhecida a ambição para outros voos. Aconteceu este ano. Na sequência do colapso nervoso de Paulo Portas que forçou Cavaco Silva a assumir a perfilhação do Governo, o assessor político foi nomeado ajudante de Machete para os Assuntos Europeus.
Em Atenas, Maçães teve os seus 15 minutos de fama, ao regressar à pátria com o cognome de “alemão”. Os blogues e os artigos de opinião caíram-lhe em cima. Mas, pensando bem, é justo que uma figurinha de ficção como este Maçães seja desfeita na praça pública, sabendo-se que ele apenas sustenta o que as principais figuras do Governo e da coligação de direita também sustentam? Veja-se:
1. Quando o país estava a procurar desburocratizar a Administração Pública, generalizar a utilização das novas tecnologias, dotar a escola pública de melhores condições, abrir as universidades ao exterior (v.g., parceria com o MIT), investir na saúde, reformar a segurança social, apostar nas energias não poluentes, reconverter o tecido industrial tradicional, etc., que comentário suscitaram estas mudanças a Bruno Maçães? Numa prosa intitulada Mas o que se passa com este país?, escreve: “O país está mal, sobre isso não pode haver dúvidas. Basta olhar para as universidades, o parlamento, as livrarias, os jornais, as empresas, e comparar com o que acontecia há dez anos. Mas porquê? Eis uma explicação plausível: Portugal, um país historicamente fechado ao exterior, está hoje mais fechado do que nunca. Um muro impenetrável faz de fronteira.” Não é isto que a trupe de Passos Coelho diz para desmantelar o Estado Social?
2. Quando a crise da zona euro assentou arraiais, Bruno Maçães não cabia em si de contente: “Não há maior bizarria nesta história do colapso financeiro português do que a ideia de que se trata de uma crise do projecto europeu.” E conclui que “finalmente vemos um projecto europeu que tem a coragem de se afirmar e de se afirmar contra quem parece ser um eterno empecilho.” Maçães atribui a crise à vida airada dos portugueses, negando que a denominada crise das dívidas soberanas se deva à arquitectura disfuncional do euro. Não é isto que a trupe de Passos Coelho diz para justificar a austeridade?
3. Maçães recebeu de braços abertos a troika: “Devemos ao FMI os primeiros tremores num regime que, em rigor, se revelou ainda mais estático e mais averso à mudança que o regime anterior a 1974. Neste aspecto, temos vindo a refinar o imobilismo. Esperemos que a intervenção externa, numa ou noutra forma, seja para durar, que não termine sem a profunda democratização do regime por que esperamos e da qual começávamos a desesperar.” Não é isto que a trupe de Passos Coelho diz repetidamente, com o intuito de utilizar a troika como gazua para desmantelar os alicerces em que assenta o Estado de direito?
Daniel Oliveira, num excelente texto sobre as peripécias de Bruno Maçães, atribui esta atitude de subserviência do governo português a uma destas duas hipóteses: ou o Governo espera “receber umas migalhas como agradecimento” ou é o resultado do “fanatismo ideológico” que pesará “mais do que a ponderação dos interesses nacionais”. É provável que ambas as hipóteses tenham peso na posição do Governo. Mas o que parece ser decisivo é que os diktats de Bruxelas ou de Berlim são o ansiado pretexto para virar o país do avesso. Daí a sofreguidão de ter querido “ir além da troika”.
As palavras de Maçães em Atenas revelam sobretudo alguma falta de jeito para evitar trazer à tona a agenda escondida: o ajuste de contas com o Portugal democrático. E revelam como um tolo, contratado para servir de bulldozer no desmantelamento do Estado Social, se identifica com outros tolos e os atrai para o seu inner circle.
Temos na candura alarve desta prosa matéria-prima abundante para conjecturar acerca das conversas distendidas nos pacatos fins de tarde em São Bento. A experiência de vida dos estarolas empresta verosimilhança a este quadro olímpico de brainstorming, conduzido por Bruno Maçães — antes, assessor político de Passos Coelho e, na hora actual, secretário de Estado dos Assuntos Europeus.
Citei um encómio a Sarah Palin que terá, com toda a probabilidade, deslumbrado Passos Coelho, porventura mais ainda porque Maçães — desencantado no European College of Liberal Arts, após ter leccionado Estudos Globais em Yonsei — não se coibiu de narrar um acto de desmedida bravura que marca uma carreira: comportando-se como um vigoroso discípulo de Moreira de Sá, foi “mandado calar por não manter um silêncio respeitoso durante o discurso do novo sacerdote em chefe, Barack Obama.”
É de admitir que muitas outras estimulantes proezas de Maçães possam ter igualmente causado uma forte comoção a Passos Coelho, como o impressivo relato da “revolução iraquiana”, que culminou num bate-papo entre Maçães himself e Dick Cheney: “Tive esta semana a oportunidade de conversar com Dick Cheney. Não vou esconder o facto potencialmente embaraçoso de ter por este político uma grande admiração, mais do que por qualquer outro nas últimas décadas.”
Conquistados os estarolas, Bruno Maçães haveria, mais tarde ou mais cedo, de ver reconhecida a ambição para outros voos. Aconteceu este ano. Na sequência do colapso nervoso de Paulo Portas que forçou Cavaco Silva a assumir a perfilhação do Governo, o assessor político foi nomeado ajudante de Machete para os Assuntos Europeus.
Em Atenas, Maçães teve os seus 15 minutos de fama, ao regressar à pátria com o cognome de “alemão”. Os blogues e os artigos de opinião caíram-lhe em cima. Mas, pensando bem, é justo que uma figurinha de ficção como este Maçães seja desfeita na praça pública, sabendo-se que ele apenas sustenta o que as principais figuras do Governo e da coligação de direita também sustentam? Veja-se:
1. Quando o país estava a procurar desburocratizar a Administração Pública, generalizar a utilização das novas tecnologias, dotar a escola pública de melhores condições, abrir as universidades ao exterior (v.g., parceria com o MIT), investir na saúde, reformar a segurança social, apostar nas energias não poluentes, reconverter o tecido industrial tradicional, etc., que comentário suscitaram estas mudanças a Bruno Maçães? Numa prosa intitulada Mas o que se passa com este país?, escreve: “O país está mal, sobre isso não pode haver dúvidas. Basta olhar para as universidades, o parlamento, as livrarias, os jornais, as empresas, e comparar com o que acontecia há dez anos. Mas porquê? Eis uma explicação plausível: Portugal, um país historicamente fechado ao exterior, está hoje mais fechado do que nunca. Um muro impenetrável faz de fronteira.” Não é isto que a trupe de Passos Coelho diz para desmantelar o Estado Social?
2. Quando a crise da zona euro assentou arraiais, Bruno Maçães não cabia em si de contente: “Não há maior bizarria nesta história do colapso financeiro português do que a ideia de que se trata de uma crise do projecto europeu.” E conclui que “finalmente vemos um projecto europeu que tem a coragem de se afirmar e de se afirmar contra quem parece ser um eterno empecilho.” Maçães atribui a crise à vida airada dos portugueses, negando que a denominada crise das dívidas soberanas se deva à arquitectura disfuncional do euro. Não é isto que a trupe de Passos Coelho diz para justificar a austeridade?
3. Maçães recebeu de braços abertos a troika: “Devemos ao FMI os primeiros tremores num regime que, em rigor, se revelou ainda mais estático e mais averso à mudança que o regime anterior a 1974. Neste aspecto, temos vindo a refinar o imobilismo. Esperemos que a intervenção externa, numa ou noutra forma, seja para durar, que não termine sem a profunda democratização do regime por que esperamos e da qual começávamos a desesperar.” Não é isto que a trupe de Passos Coelho diz repetidamente, com o intuito de utilizar a troika como gazua para desmantelar os alicerces em que assenta o Estado de direito?
Daniel Oliveira, num excelente texto sobre as peripécias de Bruno Maçães, atribui esta atitude de subserviência do governo português a uma destas duas hipóteses: ou o Governo espera “receber umas migalhas como agradecimento” ou é o resultado do “fanatismo ideológico” que pesará “mais do que a ponderação dos interesses nacionais”. É provável que ambas as hipóteses tenham peso na posição do Governo. Mas o que parece ser decisivo é que os diktats de Bruxelas ou de Berlim são o ansiado pretexto para virar o país do avesso. Daí a sofreguidão de ter querido “ir além da troika”.
As palavras de Maçães em Atenas revelam sobretudo alguma falta de jeito para evitar trazer à tona a agenda escondida: o ajuste de contas com o Portugal democrático. E revelam como um tolo, contratado para servir de bulldozer no desmantelamento do Estado Social, se identifica com outros tolos e os atrai para o seu inner circle.
Não me faça rir, não é por nada, o frio tenho labios com cieiro.
ResponderEliminarContudo, julgo que são 2 representantes de alto gabarito de 1,50 m.
No dia em que valerem dinheiro, vão para trocos como o MMendes
Zé da adega
Temos de ter paciência e compreender o Maçãs. Este rapaz não é o que parece, teve uma infância bastante conturbada, foi bastante infeliz quando era miúdo.
ResponderEliminarO Maçaes e o Morgado são uns perfeitos anormais que se acham o máximo! O que mereciam era mesmo levar umas bordoadas daquela malta com poucos neurónios.
ResponderEliminarAo ler o Daniel Oliveira não deixo de me achar espantoso qdo escreve isto:
"Como se pôs um país que está a viver uma das piores crises da sua longa história nas mãos destes aprendizes?"
Parece quye já se esqueceu das suas contribuições para por o pais nas mãos destes aprendizes?
Excelente artigo. Parabéns a Miguel Abrantes. Cada vez estou a conhecer melhor os "pensadores" do neoliberalismo que vivem aninhados à volta do "pote". Este Maçães, o Alemão, é um autêntico panfletário ao serviço de Passos Coelho. O Alemão vai além do Maduro e do Lombo.
ResponderEliminarÉ muito estranho quando tipos com ar de que eram capazes de perder com o actor que faz de Tonecas numa luta apoiam uma guerra tão fervorosamente...
ResponderEliminarVolta Relvas.......
ResponderEliminarPara o anónimo das 06:36:00 PM,
ResponderEliminarO PS ia fazer sozinho, PEC ante PEC, o que o PSD e CDS estão a fazer.
E isto é evidente na insegurança do Seguro em apresentar alternativas..
Para o anónimo das 07:48:00 PM
ResponderEliminarBasta ver o que se passou em Espanha para perceber que a reprovação do PEC IV foi dramática para o nosso país. Espanha recusou pedir assistência e a austeridade é muito mais suave. E Rajoy não tocou nas pensões que são consideradas sagradas.
Ademais, Sócrates não é Seguro !
Muito bem dito...
EliminarO Maçães não tem culpa de ser como é. Naquele tempo o aborto era proibido.
ResponderEliminarOs gajos são parvos e tal, tudo gente do mais cómico, fazem umas atrás das outras e a malta a rir. Pois é, o problema é que quando deixarmos de rir já será tarde, muito tarde.
ResponderEliminarCom Maçães destas...
ResponderEliminarEnfim, mais um daqueles idiotas que vomita umas coisa pela net e convence outros idiotas iguais
ResponderEliminarJá aqui se falou da infância. Eu vou mais para a adolescência. Aquele estado montanha-russa estilo "Um dia, entro para ali adentro e rebento com os gajos todos". Esse dia chegou para o fôfo.
ResponderEliminarPergunto-me como deixa este país gente como este maçães chegar a onde chega...
ResponderEliminarQue raio se passa nas escolas, nas faculdades, nas empresas que faz com que gente tão imberbe, ridicula, imbecil e impreparada chegue tão longe?!Porquê esta sina para Portugal , que já vêm desde tempos imemoriais, onde as classes pertencentes á elite se revelam de uma qualidade atroz, abaixo de caca de cão?
Porquê Portugal, permites abortos destes em governos? Porque?!!!
O Maçães, o Maduro, o Gonçalo Almeida Ribeiro e o Moedas representam a fraude que são os actuais estrangeirados em ciências não-exactas; a nossa Universidade (pública, como é óbvio) chega e sobra para formar gente mais competente num dedo mindinho do que esse quarteto de parolos - sendo certo que o Maçães e o Maduro são da FDL, o esterco do Moedas é todo ele estrangeirado.
ResponderEliminarConclui-se que Harvard não é assim tão boa (ou então já deixa entrar tudo o que é coitado) e eles são todos uns idiotas ainda mais seguidistas do que os cábulas que temos por cá. Nada trouxeram em inovação científica e intelectual - o Saber -, só mesmo mais doutrina bafienta e totalmente desfasada da realidade cultural, social e económica do País. Aquilo tudo espremido é um rotundo zero.
Como subscritor que sou da tese de que estamos a ser vítimas de um PREC de direita, declaro que estes são o equivalente hodierno aos vendilhões que, há trinta e tal anos, queriam (ou melhor, que achavam que a URSS nos queria) despachar este País para satélite de Moscovo ou Pequim, o PREC de extrema-esquerda; o curioso é que vários desses imbecis e traidores (traíram Portugal e a esquerda) são agora membros activos e participantes do PREC de direita, como a besta do Crato, o nojo do Barroso ou estafermos como a alforreca Fernandes, do Público e o meia-leca Monteiro, do Expresso, entre outros.
Tempo vai e tempo vem? Em Portugal convém também juntar que "com estes gajos, o tempo foi e volta a ser, mais coisa, menos coisa", como diz um conhecido meu.
"Miguel Morgado e Bruno Maçães. Dois jovens bloggers que passaram pelo Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica (onde dividiram, em 2001, nos seus mestrados, o orientador João Carlos Espada, olheiro da jovem fauna liberal)"
ResponderEliminarIsto explica muita coisa. Cá me queria parecer que o falhado do Maçães deve o ser cagão a outro idiota cagão e ex-vermelhote sem obra como o Espada.
E anda a padrecagem a financiar esta gentalha toda. Os idiotas e ignorantes sempre lhes deram jeito e estes tontos entachados não são excepção.
Todos juntos não fazem uma FLUC, um ISCSP, uma FDL, ISEG, etc. Que lixo de gente. Podem ser muita coisa, mas portugueses nunca serão, só mesmo uma horda de vendidos sem imaginação nem dignidade - que lhes valha a Constituição "comunista" para lhes atribuir dignidade, porque nem morto lhes dou tal coisa.