segunda-feira, dezembro 09, 2013

Da impreparação atroz à penúria de pensamento

• António Correia de Campos, À nossa custa:
    A vertigem da mentira. O que leva os políticos a mentir? A esperança de não serem descobertos, quando a informação é escassa e pouco acessível? Puro engano, hoje nada se esconde.

    No caso dos Estaleiros de Viana, a tentação de culpar o governo de Sócrates foi maior que o escrúpulo da verdade. Esta saltou quando se leu o que a Comissão Europeia fez publicar no Jornal Oficial ao abrir o procedimento por possível violação das regras da concorrência nas ajudas financeiras aos Estaleiros. Logo aí se leu terem sido ainda maiores as ajudas do governo actual que as do anterior. E quando se soube que o governo não havia contestado o procedimento podendo e devendo fazê-lo com brevidade, surgiu a desculpa esfarrapada: contestar seria perder tempo. O contrário do que fizeram outros países com estaleiros navais em dificuldade Ao agir pelo não agir o Governo dá razão aos que afirmam que tinha um plano desde o início, a privatização, ou na sua impossibilidade, a concessão de terrenos e instalações. Por que razão não o expôs frontalmente, desde o início, preferindo prometer aos trabalhadores e à cidade aquilo que sabia ser-lhe difícil ou impossível cumprir? Com a propaganda do Verão de 2011, estaria o governo a sonhar com um futuro radioso, ou a iludir os trabalhadores com falsas promessas, baseado na teoria da adaptação do doente à doença, tal como na medicina tradicional chinesa? Dissimulando intenções, é legítimo pensar. Para além da verdade embrulhada em manipulação de má qualidade, o governo deu aso a que o acusem de má-fé. Demonstrou uma imensa incapacidade de lidar com problemas difíceis, impreparação atroz e penúria de pensamento.’

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