Extractos da entrevista:
- - Esperava que o programa de ajustamento que o Governo do qual fez parte assinou fosse tão duro para os portugueses?
- Esperava que o programa fosse cumprido tal como foi desenhado. O desenho desse programa foi feito de forma a poupar aos portugueses algumas das medidas mais duras que entretanto foram tomadas. Aliás, todas as revisões feitas por este Governo tiveram como efeito trazer para o Memorando de Entendimento na sua actualização aquilo que o Governo Sócrates tinha evitado.
- Não concorda com o primeiro-ministro quando ele diz que o programa foi mal calibrado?
- Essa desculpa de Passos Coelho é uma desculpa de mau pagador. Todos nós nos recordamos de o representante oficial do PSD nas negociações [Eduardo Catroga] ter dito que tinha sido o principal responsável pelo desenho do programa. Na minha opinião, todos os programas de resgate, incluindo o irlandês, falharam. E falharam porquê? Porque, no final, mesmo no caso da Irlanda, a economia está pior, a sociedade está pior, o desemprego está mais alto, o défice continua bem acima dos 5% e a dívida continua várias vezes acima dos 60%. O falhanço irlandês é relativo porque a Irlanda bateu o pé, manteve medidas que considerava vantajosas, designadamente em matéria de competitividade fiscal, e teve condições de base política alargada que Passos Coelho eliminou aqui à partida. A ideia que subjaz a estes programas, que uma austeridade a mata-cavalos tem efeitos expansionistas na economia, é uma ideia totalmente errada.
- Essa lógica já estava inscrita no programa da troika, que o Governo PS assinou.
Não com este grau. Não tínhamos esta austeridade nem o, desculpem o palavrão, frontloading pelo qual este Governo optou. O programa de resgate, em si mesmo, é uma má solução. Colocar Portugal nas mãos dos resgatantes significava sempre prejudicar a posição portuguesa, e por isso a posição do Governo ao qual eu pertenci foi tentar evitar a todo o custo o programa de resgate. Mas o programa que foi desenhado, o Memorando de Entendimento em que eu me revejo, era bastante menos duro e bastante menos inimigo da economia e da protecção social do que resultou das sucessivas revisões que o Governo de Passos Coelho, Paulo Portas e a troika foram fazendo.
Curto e claro.
ResponderEliminarPor mais que a direita reaccionária tente branquear a sua posição nesta merda toda a que nos forçaram nos dois ultimos anos e meio, está nesta entrevista tudinho, preto no branco.
Basta de mentira e enxovalho de portugal no exterior.
Esta gente insalubre têm de sair do governo, a bem ou a mal, mas têm de sair.
Ontem já era tarde.
Mas o Catroga calibrou-se bem lá na EDP...aquilo é mesmo bem calibrado...os pintelhos são só para os outros.
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