sexta-feira, janeiro 17, 2014

Referendar o horror

• Fernanda Câncio, Referendar o horror:
    ‘(…) Quem se habituou a pensar assim, quem gosta de pensar assim, prefere agarrar-se a essa ideia. É por esse motivo que de cada vez que se fala de coadoção em casais do mesmo sexo - a possibilidade de um dos cônjuges solicitar a um tribunal que lhe permita adotar o filho, biológico ou adotivo, do outro cônjuge, filho esse que vive com os dois, que é criado pelos dois e chama mãe ou pai aos dois (e que não pode ter mais nenhuma mãe ou pai reconhecido pela lei, porque se tiver a coadoção é interdita) - há quem fale de adoção por casais do mesmo sexo. Conduzir o debate para a possibilidade de adotar, em conjunto, uma criança disponível para tal e até aí sem laços com o casal permite dizer coisas como "as crianças devem ter direito a um pai e a uma mãe"; "a adoção não é um direito dos adultos, é um direito das crianças"; "não sabemos o efeito numa criança de ser criada por dois pais e duas mães, por isso é melhor não arriscar" - etc. Sobretudo, permite fingir que se está a pôr acima de tudo a preocupação com as crianças, quando a intenção é a contrária.

    Negar a determinadas crianças o direito de gozar da proteção que lhes confere o reconhecimento legal de dois progenitores em vez de um: é isso que quer quem recusa a coadoção em casais de pessoas do mesmo sexo. Tem um tal horror aos homossexuais que não hesita em sacrificar o bem-estar muito concreto das crianças muito concretas que com eles vivem. Como bem sabe que isso é vergonhoso, finge estar a tentar impedir que "se entreguem crianças a homossexuais" e pede um referendo "para a sociedade decidir".

    Entendamo-nos: as crianças em causa na lei da coadoção nunca vão ter "um pai e uma mãe". Têm duas mães ou dois pais e tê-los-ão sempre - quer a lei lhos reconheça ou não. Não está em causa decidir com quem essas crianças vivem, quem vai educá-las e amá-las e quem elas vão amar. Essa decisão não nos pertence. A nossa opção é entre aceitar e proteger essas famílias ou rejeitá-las e persegui-las. Entre dizer a essas crianças "a tua família é tão boa como as outras" ou "a tua família não presta". Referende-se então isso: "Tem tanto horror aos homossexuais que deseja que a sociedade portuguesa decida em referendo discriminar os filhos deles ou acha que a lei portuguesa deve deixar, o mais depressa possível, de fingir que essas crianças não existem e o Parlamento lhes deve garantir os direitos que lhes faltam?"’

9 comentários :

  1. Têm tanto horror aos homossexuais (embora alguns deles o sejam)que preferem roubar a infância e o amor a uma criança. Fingem preocupar-se com as crianças, mas é tudo maldade, estupidez e preconceito. Hipócritas e nojentos.

    ana

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  2. É uma das "cambalhotas"(entre tantas) que estes falsos moralistas dão traindo a palavra dada aquando da votação no Parlamento. Isabel Moreira foi bem explícita e Fernanda Câncio também. Estou farta da hipocrisia desta "gentalha" do Governo. Quando é que isto irá terminar?

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  3. Irra, que vocês são chatos como tudo!
    Lá vem outra vez a reivindicação dos maricas!
    O mal começou com a liberalização do aborto a pedido. A partir daí, foi sempre a destruir valores sagrados e ancestrais: a facilitação do divórcio, o emparelhamento de sodomitas, etc.
    A agenda destruidora de valores da não pára. O mal foi ter começado.
    É assim, a esquerda.
    Em vez de se preocuparem em ser produtivos, em fazer alguma coisa por Portugal, perdem o vosso tempo (e fazem perder o nosso), em discussões parvas sobre maricas.
    A maior desilusão que tive com este governo foi mesmo a não revogação das leis anti-vida e anti-familia do governo do Sócrates.
    Tem estado bem em quase tudo, este Governo, mas em termos de valores sagrados e defesa da Vida e da Família, deixa muito a desejar...

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  4. Esqueces-te dizer que a família com pai e mãe é um sacramento dado por deus. Isso e um rei a mandar em todos.

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  5. Pois... E será preciso referendar uma tal evidência? Não seria melhor adoptá-la apenas e explicá-la BEM ao comum dos Cidadãos?


    Eu também comecei por ser contra o Aborto (quem não será?), até perceber que não se tratava de ser contra ou a favor "do Aborto", mas sim contra ou a favor da sua despenalização em determinadas condições muito concretas.

    Que é uma coisa completamente deiferente, certo, simplistas (ou simplórios...)?

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  6. A minha indignação é tanta que não encontro as palavras certas para apelidar esta desprezível 'juventude' Social Democrata! Gente miserávelmente imoral que, ou já está no poder ou lá chegará, não olhando a meios para atingir os fins.

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  7. JSD= Seres desprezíveis!

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  8. Belíssimo artigo de opinião. Fernanda Câncio sabe colocar as problemas com paixão, discernimento e muita humanidade. Nestes momentos e nestas questões é preciso haver alguém capaz de esclarecer e de apelar aos valores humanistas.
    Obrigado Fernanda.

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  9. É lixo como o anónimo das 12:34 que a população portuguesa deve decidir se atira ao tejo ou se o exporta para ir sujar o pátio do vizinho espanhol.
    Isso sim é que seria um referendo necessário e diria até muito concorrido.Para azar do dito anónimo.

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