- ‘(…) O novo Sardinha vê tramóias em todo o lado, porque constrói o mundo à sua imagem. Com a consciência das duras realidades, chama a si a inimputabilidade e uma estratégia de vitimização. Aos seus amigos sopra-lhes a ideia de que a investigação é coisa obscurantista. Por isso, há que reduzi-la e dispensar os que a ela se dedicam. Melhor será fazer como antigamente, só para alguns, muito poucos. E, num estilo sério, mesmo muito sério, o Sardinha new age finge não suportar o estilo chocarreiro deste seu retrato.
– Olha, Daisy, até que, se se tiver em conta o novo Álbum de Glórias de que este retrato chocarreiro faz parte, nem é assim tão mau. Verás que a notoriedade sobe.
Pouco importa que quem defende que o Estado se retire – aliás, de onde nunca esteve, a julgar pelo que se faz por essa Europa fora – continue a ser um funcionário público, que não abdica de nenhum dos seus cargos e privilégios. A moral de apregoar aos outros aquilo que o próprio não pratica só tem um fundamento: não somos todos iguais, os que já se safaram e que são os beneficiários do sistema não querem partilhar com mais ninguém a estabilidade e tudo o que é bom. A eles o mandarinato e os privilégios, aos outros a dura realidade.
– Tudo o resto, menino, uma chatice em relação à qual só me resta exprimir a minha dramática indignação: que ferro!’
ResponderEliminarOlha que terceto.
(que medo)