segunda-feira, fevereiro 03, 2014

Crivelli e Miró passam a fronteira a salto

Obras estão expostas desde o final de Janeiro na Christie's, em Londres

Há um problema com os secretários de Estado da Cultura de Passos Coelho: eles não representam a Cultura no Governo, mas comportam-se como diligentes delegados do Governo na Cultura. O caso Crivelli demonstra-o. O caso Miró confirma-o. Tanto num caso como no outro, os quadros saíram “ilicitamente” do país.

10 comentários :

  1. Existe no entanto uma diferença fundamental, de contexto e de tempo. O ex-SEC Francisco José Viegas estava de volta à dolce vita e perdeu-se em pequenas mentiras alegando falta de memória (e não assumiu responsabilidades porque já não estava no activo, para além de uma alegada opção ideológica sobre o público/privado ao género da conversa de café); por seu lado, o actual SEC Jorge Barreto Xavier prestou declarações a saca-rolhas (na tentativa de escapar entre os pingos da cchuva, mas prestou!) dizendo, imagina-se que em pose oficialmente, que as obras de Miró não estavam nas prioridades de gestão quanto às *colecções do Estado*. Ora, o que os artigos do P. online de hoje revelam é que + uma vez a opinião dos técnicos da SEC iam no sentido contrário (e que passaram a salto a fronteira, de acordo). Será o titular da SEC politicamente responsabilizado desta vez, demitindo-se?

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  3. Caro RFC,

    Pode haver alguma diferença, mas da maneira como coloca os factos, os mesmos não passam de uma bizantinice.


    O que interessa é o animus dolendi do Governo e nada mais.

    O resto são lérias.

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  4. Adenda. Peço desculpa, mas não me parece que sejam lérias (nem que sejam das de Bizâncio). Se seguiu os passos do Crivelli (e vale a pena recuperar um dossier que acabou por desaparecer da ordem do dia através de um *parecer jurídico* externo encomendado a posteriori, se percebi bem) existem, de facto, semelhanças sobre a *tramitação* dos processos na SEC mas também existe uma diferença, que é para mim fundamental: a que se fecha, ou a que se abre, sobre a oportunidade da responsabilização política. E este é o tempo dela ser feita pelo próprio JBX e pelos protagonistas políticos, ou se quiser pela opinião pública, porque da parte do PM essa simples ponderação assumiria as cores do invisível.

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  5. Segunda adenda (diz o Expresso).

    Tribunal autoriza venda de quadros de Miró
    Tribunal administrativo de Lisboa indeferiu a providência cautelar contra a venda pelo Estado, em leilão, das obras de Miró.

    Ler mais: http://expresso.sapo.pt/tribunal-autoriza-venda-de-quadros-de-miro=f854103#ixzz2sLhQ2N89

    Hard times!!

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  6. Caro RFC,

    E agora qual o passo a seguir, em termos de "responsabilização politica" do SEC?

    É chamar o SEC ao Parlamento, como se vislumbra? Isso basta?

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  7. Terceira adenda. Bem, na verdade todos sofremos com o delay mediático: uns + do que outros, o que verdadeiramente não é importante mas atrapalha. Depois da decisão do tribunal desta manhã, porque na verdade ela decorreu em paralelo, a questão está finalmente centrada na responsabilização política, e bem: o PS com palavras duras quer que o JBX preste esclarecimentos, na AR,* e a Catarina Martins do BE pediu a demissão do SEC.

    * Se é o bastante neste processo (que tem várias etapas)? Não individualize a pergunta porque não foi esse o meu ponto de partida no CC: a avaliação cabe ao universo do PS.

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  8. A esmagadora maioria dos portugueses não faz a mais pequena ideia de quem foi Miró. Quando olham para as suas pinturas não vêm mais que bolas e borrões.

    oje, estas pinturas, que a quase totalidade dos portugueses desconhecia existirem, são super importantes e até já se clama que a sua putativa venda provoque a queda dó SEC.

    Alguém, de resto muito querido do povo, disse um dia "A poesia é para comer"....porque não comer também os quadros do Miró.

    P.S. Gostaria muito, isso sim, de ver este ativismo político em defesa das obras de mestre Almada, Júlio Pomar, Paula Rego,....entre muitos outros!

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  9. A avaliação que cabe ao universo do PS é a de que as obras saíram ilícitamente de Portugal. Ponto.

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  10. Última adenda (em actualização no P. online).

    A leiloeira Christie's anunciou esta tarde em comunicado que retirou as 85 obras de Joan Miró da colecção do Banco Português de Negócios do leilão que estava marcado para se iniciar esta noite.

    A venda da colecção dos 85 trabalhos de Joan Miró foi cancelada como resultado da disputa no tribunal português, do qual a Christie’s não é parte interessada”, escreve Matthew Paton, director de comunicação da leiloeira, no comunicado enviado ao PÚBLICO, explicando que apesar de o tribunal não ter impedido a venda desta noite, “as incertezas legais criadas por esta disputada significam que não somos capazes de oferecer com segurança estes trabalhos para venda”.

    Na mesma nota, Matthew Paton explica que a Christie’s “tem a responsabilidade” de oferecer aos seus clientes as condições máximas de segurança nas transacções, o que significa que tanto a leiloeira como os interessados em comprar as obras “têm de ter a certeza legal que as podem transferir sem problema”.

    “Uma vez que a decisão do tribunal questiona isto nesta altura, a Christie’s é obrigada a retirar as obras da venda”, escreve ainda o responsável da leiloeira, esperando que “as partes nesta disputa consigam resolver as suas diferenças no devido tempo”.

    Pode ler-se aqui: www.publico.pt/cultura/noticia/christies-cancela-leilao-da-coleccao-miro-1622336

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