quinta-feira, fevereiro 06, 2014

Os estragos de uma inexistência

Jorge Barreto Xavier tem um percurso sinuoso: serviu Isaltino Morais como vereador, não se absteve de aceitar ser director-geral das Artes quando Gabriela Canavilhas foi ministra da Cultura e apressou-se a apoiar as nádegas na cadeira deixada vaga por Francisco José Viegas.

É o que se chama ter um instinto apurado de sobrevivência: quando o governo anterior começou a ser contestado, abandonou a Direcção Geral das Artes em protesto contra a redução do orçamento que lhe coube em sorte. Agora, apregoa a inevitabilidade da venda das 85 obras de Miró, sustentando que, em caso contrário, será terá de ser prejudicada “a Saúde” e “a Educação”.

Mas não se pense que Xavier não gosta da arte. Ainda hoje, anunciou a assinatura de um protocolo com vista ao alargamento do espaço do Museu do Chiado, o que implica que seja desalojada a Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, que ocupa parte do Convento de São Francisco. A Faculdade de Belas-Artes encerrou de imediato em protesto contra esta decisão (em que não terá sido ouvido Nuno Crato). Esta “inexistência” desmonta melhor a política “cultural” do Governo do que mil declarações da Oposição. E põe em evidência a forma caótica como funciona o Governo.

PS — Depois de a directora-geral do Património ter pedido a demissão, é a vez de a subdirector-geral também pedir para sair. A coisa está a desfazer-se sob os nossos olhos.

12 comentários :

  1. Infelizmente, o que se está a desfazer é o país! Esta gentalha vive bem com os desmandos e a incompetência de que todos os dias dá provas. Já viram algum incompetente a reconhecer a sua incompetência? Vá lá, o Gaspar ainda reconheceu os erros mas isso não intimidou a maralha da miss swaps ou o Pedro que esta agarrada ao pote. Só o largam, a pontapé

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  2. No dia em que o Xavier valer dinheiro, o baixinho vai para trocos.

    Zé da Adega

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  3. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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  4. Antes do mandato em Oeiras, vale a pena procurar essas raízes no *seu* Clube Português de Artes e Ideias, bastante activo na segunda metade da década de 1980. Tendo sido criado em 1986, no auge de Cavaco Silva como PM, parece ser este o tempo para se entender a cuidadosa gestão que sempre fez do lobbying cultural, a sua passagem posterior por Oeiras, o conflito com o governo do PS ou a sua aproximação aos actuais poderes. O caso do Miró é uma mancha que ficará para sempre, e nem acredito que seja capaz de se reinventar.

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  5. "...não se absteve de aceitar ser director-geral das Artes quando Gabriela Canavilhas foi ministra da Cultura..."

    Não se absteve de aceitar?? e a ex-ministra não tem responsabilidades na escolha?? podia ter escolhido outro qualquer!

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  6. Sejamos precisos e rigorosos:

    este B. Xavier nunca serviu Isaltino Morais como Vereador!

    Apenas foi Candidato na sua Lista, QUE ERA A DO PSD, em Dez. de 2001, mas NÃO CHEGOU A SER ELEITO. Ou melhor, foi o primeiro não-eleito dessa Lista, só vindo efectivamente a ser empossado como Vereador no ano seguinte, PRECISAMENTE PARA SUBSTITUIR ISALTIMO MORAIS, que entretanto fora convidado por Durão Barroso para Ministro das Cidades do novo Governo PSD/CDS (de pouca dura...)!

    Portanto, este B. Xavier SÓ SERVIU O PSD (e a Dr.ª Teresa Zambujo, substituta de Isaltino na Presidência da CMO), pois quando Isaltino Morais voltou a reganhar, em Eleições livres e democráticas, a Presidência desta Câmara, em 2005, fê-lo já com o seu Movimento e NÃO com o PSD (então de Marques Mendes...) - e este farsante do B. Xavier já nem sequer constava da Lista deste Partido, então encabeçada por uma tal Isabel Meireles, que averbou uma derrota descomunal (com 16%!) e nem chegou a exercer como Vereadora...

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  7. Oh, faz favor! É um quadro do Miró?

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  8. Adenda (excerto de um perfil certamente irrepetível que saiu no P. a 3.11.2012, prosa de Vanessa Rato).

    [...] Barreto Xavier era já vereador da Câmara Municipal de Oeiras com os pelouros da Cultura, Juventude e Defesa do Consumidor (2003-2005). O seu primeiro contacto fora Isaltino Morais, mas acabara por entrar na lista de Teresa Zambujo, sucessora deste na presidência.

    "O trabalho dele até então falava por si", diz Teresa Zambujo. O objectivo era "pôr Oeiras na agenda cultural": "Dei-lhe uma liberdade grande porque acreditava nele. Em boa hora o fiz."

    "No terreno há sempre obstáculos", refere a ex-autarca, "a postura dele foi sempre ultrapassá-los da melhor forma. Contribuiu sempre com um olhar diferente para a Cultura. Normalmente, deixamo-la como um parente pobre, em Oeiras ficou bem vincada a aposta."

    Entre outros exemplos, Teresa Zambujo aponta a criação de uma rede de bibliotecas, bem como programações regulares de cinema em vários espaços, parcerias com institutos de línguas e a primeira edição do Oeiras: Encontro de Culturas, "ponto alto" de cruzamentos interdisciplinares.

    "Acho que está sem dúvida preparado [para a SEC]. A experiência local e a sua visão de proximidade são muito importantes para estar na administração central. É um salto, e sabemos que são tempos difíceis, mas ele tentará dar o seu melhor com os recursos que tem", diz a ex-autarca sobre um profissional que vê como "uma pessoa determinada, um corredor de fundo".

    A perspectiva da oposição autárquica poderia ser distinta, mas não é. "Confirmo com
    naturalidade", diz Marcos Sá, durante anos líder da assembleia municipal e presidente da comissão política do PS Oeiras. "Se houve Cultura na Câmara Municipal de Oeiras, foi com Barreto Xavier".

    Marcos Sá guarda do novo SEC a imagem de "uma pessoa afável, com grande capacidade de diálogo, empreendedor", capaz de "traçar prioridades, estabelecer parcerias estratégicas e procurar consensos numa perspectiva integrante": "Sabe ouvir e retirar o melhor das diferentes opções e visões. Tem o perfil adequado para evitar que a Cultura se desgaste ao ponto de afundar."

    Marcos Sá sublinha que "não há comparação possível" com Viegas, de quem "houve duas notícias: a da nomeação e a da substituição". "Hoje não se faz Cultura com muito dinheiro, faz-se com criatividade e parcerias. Barreto Xavier é dos poucos vereadores de que tenho saudades."

    Em 2005, Teresa Zambujo não conseguiu ser reeleita. Barreto Xavier voltou a assumir consultorias, nomeadamente para a Casa Pia, Serralves, a Gulbenkian e o XVII Governo Constitucional, de José Sócrates, com o jurista José António Pinto Ribeiro na Cultura. O mesmo que, em 2008, o apontaria para a Direcção-Geral das Artes (DGA).
    [...]

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  9. "Certamente irrepetível", tens toda a razão, bro...


    Quanto ao Barreto Xavier, pois é mais um não-ilustre a ilustrar exuberantemente o princípio de um tal Peter something (que não Steps Rabbit, though)!

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  10. Exato.

    Barreto Xavier é uma enguia, ou um "jacinto" (tanto faz branco, como tinto, desde que cheio...): o seu "primeiro contacto" foi o Isaltino, depois virou-lhe as costas e passou para quem "estava a dar" (a Teresa Zambujo), mas quando esta caíu serviu Sócrates com à-vontade, com a mesma que também demonstrou quando se alçou ao "concelho de menistros" do passos e com que, mais recentemente, mandou às malvas todo seu comovente "amor à coltura", em prol dos interesses mais "elevados" da tróica e da sua fosca representante máxima em Brutogal (a marilú albuqueca).


    As enguias servem-se fritas, não é?

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  11. Ah, a opinião do Marcos Sá, faltava cá o engomadinho local de Oeiras... Mas essa opinião, hélas, é já de 2012, certo?


    Pouco tempo depois de a opinião do primo Chico Loução sobre o Ghaspar também ser altamente encomiástica, se bem malembro...

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  12. A Vanessa pariu um Rato (em Nov. de 2012)...

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