quinta-feira, maio 29, 2014

A troika somos nós

Novo «25 de Abril»? Novo «1640»? Nada disso, a troika somos nós

Tentaram com Marques Mendes, insistiram com Menezes, esconderam-se atrás da Dr.ª Manuela. A tentativa seguinte não poderia voltar a colapsar. A escolha recaiu em Passos Coelho. Saído da incubadora do terrível Ângelo, parece o produto da pescaria num anúncio nos «classificados» do Correio da Manha: procura-se jovem tardio, de preferência inculto e ideologicamente primário, com uma oratória simplista e obsessiva, sendo obrigatório possuir nervos de aço para virar o país do avesso.

Os mandantes não pretenderam encontrar uma águia. Queriam, e recrutaram, alguém que, sem mexer um músculo da face, estivesse preparado para levar a cabo as maiores atrocidades: rasgar os direitos laborais para embaratecer os salários, sufocar o Estado Social e quebrar o pote. Passos Coelho tem cumprido à risca o caderno de encargos que lhe encomendaram — não entrando nas suas contas o pormenor de estar a deixar um país em ruínas.

Sabia-se que a troika funcionou para os estarolas como o pretexto para virar o país do avesso — o pé-de-cabra para desmantelar o regime democrático. Mas, aqui e acolá, o alegado primeiro-ministro, traído pelas suas reconhecidas limitações, já ameaçara confessara que o seu propósito era o de «ir além da troika».

Ontem, no conselho nacional do PSD, Passos Coelho, no meio daquele desconexo fluxo palavroso que acontece sempre que lhe põem um microfone à frente, afirmou à nata laranja que é preciso que «compreendam» que o que o Governo fez nos últimos três anos «não foi porque a troika impôs», mas sim porque «era preciso tirar o país da emergência».

Dito isto poucos dias após a «saída» da troika, quando o PSD falou num novo «25 de Abril» e Paulo Portas não se calou com o novo «1640», põe a nu a hipocrisia da coligação da direita e, sobretudo, o esgotamento do Governo, que a derrota histórica sofrida nas eleições europeias confirma.

7 comentários :

  1. Tal como eu sempre disse e escrevi em vários locais, estava plenamente convencido que este bando de salteadores não eram tão incompetentes como pretendiam fazer passar. Estavam a aplicar um plano ideológico delineado ao pormenor, cujo objetivo era eliminar a classe média que é a força de qualquer país. O salteador mor acaba de o confirmar. Devia tê-lo feito antes das eleições para o trambolhão ser ainda maior.

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  2. "(...) no meio daquele desconexo fluxo palavroso que acontece sempre que lhe põem um microfone à frente (...).

    Imperdível.

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  3. "sendo obrigatório possuir nervos de aço para virar o país do avesso"
    Diria, sendo obrigatório ser totalmente irresponsável e insensível para virar o país do avesso.
    Em resumo, um pulha.

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  4. "sendo obrigatório possuir nervos de aço para virar o país do avesso"
    Diria, sendo obrigatório ser totalmente irresponsável e insensível para virar o país do avesso.
    Em resumo, um pulha.

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  5. Diria que o homem perdeu a compostura e o pudor .É mesmo uma alforreca como alguém o classificou um dia (alguém que acabou por também virar alforreca e passou a lamber o pote).

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  6. Concordo. É preciso não esquecer que estes aldrabões, senão criminosos, enganaram os eleitores com a campanha eleitoral, pois depois de eleitos, executaram as medidas, na sua totalidade, completamente contrárias ao que prometeram na campanha! Por isso o governo é ilegítimo e se houvesse um PR honesto já tinham sido demitidos logo em 2011.

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  7. Aos aldrabões de quando em vez, foge-lhes a boca para a verdade.

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