António Correia de Campos no Público:
- «1. Sócrates. Duas citações de Camus que recolhi num livro surpreendente de Eduardo Graça (2013), Centenário de Albert Camus:
- (…) Dilaceração por ter aumentado a injustiça julgando-se servir a justiça. Reconhecê-lo pelo menos e descobrir então essa dilaceração maior: reconhecer que a justiça total não existe. Ao cabo da mais terrível revolta, reconhecer que não se é nada, isso é que é trágico.
(…) Título da peça. A Inquisição em Cádis. Epígrafe: “A Inquisição e a Sociedade são os dois grandes flagelos da verdade” Pascal.
- Camus, Caderno n.º 6, Abril 1948 a Março 1951
Visitei José Sócrates, detido em Évora, em prisão preventiva, num dia de sol radioso e frio intenso. Na primeira citação creio que ele se reverá, mas não na expressão “reconhecer que não se é nada”. Na verdade, a forma como pensa, reage e age, em circunstâncias claustrofóbicas, representa tudo menos a perda ou redução da sua identidade. Quanto à segunda frase, sobre a peça que Camus escreveu naquele período, a memória dos “flagelos da verdade” terá que ser eterna, inapagável. Nunca estaremos suficientemente longe dos tempos rudes e perigosos da guerra fria, quando Camus, dissidente precoce do PC, afirmava “o fascismo é a glorificação do carrasco por ele próprio; o comunismo, mais dramático, a glorificação do carrasco pelas vítimas”.
Libertados do fascismo e do comunismo, ao ponto de já quase não os mencionarmos, permanece o contexto que gera inquisições. Acresce a impossibilidade de afastar a política da judicialização, ou vice-versa. Não apenas a política partidária – basta ouvir Marques Mendes e os que se lhe seguirão, ou lerem-me aqui e agora – mas sobretudo a política centrada no poder, sua conquista, afirmação e prática. (…)»
Por acaso, depois de ouvir Marques Mendes, Marcelo Rebelo de Sousa, o juíz e o procurador, achei em todos eles uma semelhança estranha nos argumentos...
ResponderEliminarO desespero faz com que cometam erros... Os dias passam, as eleições cada vez mais próximas... Sem ver ninguém na armadilha que eles montaram, carregam no pedal... E ao fazê-lo, denunciam-se.
Agora, começamos a ver quem é realmente a acusação no processo.
Deixem-nos continuar a falar sozinhos. Está a resultar.
Os comentaristas marques mendes e marcelo r. sousa deviam ter vergonha da triste figura que andam a fazer ao comentarem de forma covarde a prisão de Sócrates.Nunca na vida deles chegarão ao patamar de grandeza do eng.Sócrates. O marcelo não lhe perdoa a perca de audiências quando ambos faziam comentário.
ResponderEliminar