domingo, janeiro 04, 2015

«Responsabilidades morais que começam no senhor que ocupa o Palácio de Belém»


Extracto da entrevista dada hoje ao DN por Carlos Caldas, médico, professor e cientista:
    Observando à distância o panorama da investigação científica em Portugal, qual é o seu sentimento?
    Revolta. Em 1974, Portugal tinha uma das taxas de mortalidade infantil mais altas de todo o Ocidente. Hoje temos a terceira mais baixa do mundo. Isto é um avanço extraordinário do qual Portugal se deve sentir orgulhoso. É uma conquista que se deve ao Serviço Nacional de Saúde (SNS), que, infelizmente, está a ser destruído pelas pessoas que nos desgovernam. Com a ciência está a acontecer a mesma coisa. Até aos anos 80, a performance científica era embaraçosamente má, nos anos 90 e no início do século XXI melhorou exponencialmente, e agora estamos a destruir o que foi feito. Dizer que tudo aquilo que se fez estava errado, que foi despesismo e que a ciência vai ser apoiada pelo setor privado é um neoliberalismo e um neothatcherismo saloio, mal pensado, não estratégico, não patriótico e destruidor.

    Aceita o argumento da crise e do não há dinheiro?
    Não. De forma alguma. Primeiro porque há responsabilidades morais que começam no senhor que ocupa o Palácio de Belém, que, quando foi primeiro-ministro, acabou com tudo o que era produção e cavou a dependência da União Europeia em que nos encontramos.

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