sábado, fevereiro 14, 2015

«Será que algum malandro lhe disse
que José Sócrates era a "eminence grise" do Syriza?»

    «José Rodrigues dos Santos está surpreso pelas críticas que têm sido feitas ao seu trabalho de reportagem sobre as eleições gregas. Se ele não as entende, vou aqui sumarizar - e tentar explicar. Primeiro: Um órgão de informação que serve o seu público - e não apaparica sem razão os seus empregados - não gasta um pipa de massa a enviar um repórter para ele se limitar a fazer-se filmado no local, repetindo "informações" insuficientemente confirmadas - pelo menos na sua dimensão e relevância - que já chegaram aos ouvidos do público há pelo menos cinco anos! Nem lhe estimula a histrionia de o fazer subir (acho que nem subiu, mas falou como se lá estivesse) ao Parténon, para dar uma visão do alto (e de repuxo, digo eu!) sobre a sociedade grega. Esta é a primeira bola a sair do saco: não foi uma reportagem, não houve observação (ou se houve foi miseravelmente fraquinha), houve apenas a teatralização de "informações" de arquivo. Segundo: farto-me de explicar aos meus alunos de Ética do Jornalismo que só há uma frase correta que comece por "os gregos são". É a que termina em "...cidadãos da Grécia." Todas as outras são generalizações apressadas. Por isso, o senhor professor doutor universitário deveria dar uma palmada na sua meritória testa e mostrar-se repeso de nunca lhe terem ensinado isso. "Os gregos inventam mil maneiras de não pagar impostos" (ou algo assim), é uma frase tão falseadora como eu dizer "os banqueiros só querem saber do seu lucro, seja por que meio for", conquanto esta última tenha, proporcionalmente, muito mais hipóteses de se aproximar da verdade - mas não deixa de ser uma generalização ilegítima. Terceiro: "Muitos do que passam em frente da casa comprada pelo ministro grego condenado por corrupção na compra de submarinos são 'paralíticos' que subornaram médicos para o atestarem e receber mais um subsidiozinho" (sentido da frase, não "ipsis verbis") é enganador: em primeiro lugar, gera a ideia de que há uma romaria de gregos a desfilar à frente da casa comprada pelo ministro condenado por corrupção (a única verdade é esta condenação); por outro, o termo "muitos" não diz nada. O romancista de História José Rodrigues dos Santos deve saber que, nos antigos, os números 3, 7 ou 12 significavam "muitos" e 7x7 ou 12x12 indicavam quase uma infinitude. Quantos são "muitos" falsos paralíticos: sendo que um já é demais, dois são "muitos"? Dez? Mil? Dez mil?. Quarto: soou a desespero perante o irremediável a advertência de que os gregos "não vão votar num partido de esquerda, mas da extrema-esquerda", ai Jesus!, onde estão os óleos bentos e as fórmulas de esconjuro! O Syriza é, de facto, uma Coligação da Esquerda Radical. É de extrema-esquerda? Não sei. Por enquanto sei que é da esquerda radical - ou quer sê-lo. Não é a mesma coisa: um professor doutor de universidade deveria, pelo menos, ajudar a esclarecer as pessoas, confusas com tanta informação: radical tem a ver com raiz. Pode significar cortar males pela raiz ou regressar às raízes - da esquerda, no caso. Para afirmar que o Syriza é da extrema-esquerda, o senhor professor doutor de universidades, que beneficiou do favor de uma viagem ao Parténon para ver as coisas do alto, podia fazer o favor aos seus telespectadores de explicar porque é que diz que o Syriza é da extrema-esquerda. Acho que, após o que escrevi, me sinto legitimado a dizer que as reportagens na Grécia de José Rodrigues dos Santos são uma bosta que eu não deixaria passar a um estagiário. Ia completar "sem lhe afagar as orelhas", mas contenho-me: não abro frentes de chacota numa discussão séria. Ressalvo, ainda assim, que a bosta tem nutrientes que fazem vicejar e estimulam o ciclo vital universal. Não posso dizer o mesmo das reportagens de José Rodrigues dos Santos na Grécia. Será que algum malandro lhe disse que José Sócrates era a "eminence grise" do Syriza?»

11 comentários :

  1. andam lentos a reparar no dito, pá.

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  2. Se ele subiu ao Partenon, deve ter a mania das alturas quando faz reportagens! Deve pensar que, deste modo, a reportagem ganha foros de seriedade.

    Digo isto porque o José Rodrigues dos Santos, quando foi a Timor fazia a reportagem a partir do telhado do hotel onde estavam hospedados os jornalistas. Daí, ter ficado com a alcunha do Zé do Telhado...

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  3. Oscar Mascarenhas tem toda a razão. Foi penoso ver e ouvír José Rodrigues dos Santos a partir de Atenas, tão velhacamente mau era o seu trabalho, como é ouvi-lo e vê-lo agora, em Lisboa, quase a torcer-se quando dá as notícias da Grécia. Talvez esteja esperançado na vitória eleitoral do PSD e na sua nomeação para um alto cargo.
    As vendas dos livros subiram-lhe à cabeça, convenceram-no de ser um génio. Mas o tempo trata disso...

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  4. No outro dia, ao meu lado no metro, uma senhora lia A filha do capitão, livro do JRdosS.

    É porreiro que é uma prosa ligeirinha, de apreensão rápida e imediata, leva menos tempo a ler que a subida à torre Eiffel que as personagens preparavam e que eu acompanhava lendo por cima do ombro da dita senhora.

    Já o António Guerreiro, mais abaixo, aqui no CCC, manipula conceitos, ideias, força a ler com atenção. Há escritas e escritas. A diferença de espessura intelectual de um e de outro paga-se também no simplismo do discurso.

    A Direita sempre boçal e pimba.

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  5. A foto ilustra bem a "genialidade" do senhor...

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  6. O orelhas é um "bluf"! Recordem as "reps" no Iraque, na Bosnia....por todo o lado onde cheire a pólvora com semanas de atraso, lá está o rapazola com colete e ares de coisa seria, a fingir de grande repórter mas a dizer banalidades. Ou emtiras. Ou, mais grave ainda, para fazer "graçolas" com coisas serias, ofendendo a dignidade de um povo! Miserável e mediocre!

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  7. Fazia falta alguém que se dedicasse à exegese das causas de um certo professor doutor de coimbra.

    Não sei quem andará mais apanhado do cuprinol quanto aos gregos. Se o Orelhas se o Avô Cantigas.

    O PS fazia bem em remetê-lo para junto da Zita. É outro que completou a conversão. Será que - como a moça - já vai à missa e usa cilício?

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  8. Resumindo este indevido é um autentico idiota mas que tem a mania que é fino

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  9. vital moreira ? quem é ?

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  10. A propósito da SYRIZA e de José Sócrates:

    o problema do BE e do PCP com a vitória da SYRIZA é terem percebido que Alexis Tsipras, à escala da Grécia, é assim uma espécie de José Sócrates;

    - já o problema do PS é começar a ver que ALexis Tsipras é não só uma espécie de José Sócrates, mas uma espécie de José Sócrates em bom!


    Dos problemas de uns para o outro, venha a Diabo e escolha, mas problema mesmo sério é o do PSD e do CDS: o Alexis Tsipras é acima de tuido uma espécie de OPOSTO DE PASSOS, PORTAS E CAVACO!!!


    O Diabo que os carregue...

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