- “Noutra altura desapareceu à noite. Eu e a minha mulher deitámo-nos, embora com o ouvido alerta, à espera de o ouvirmos raspar na porta. Mas ele não aparecia - e a dado momento começou a cair aquela chuva de pingos grossos que parecem bagos de uva. Saltei da cama, calcei os sapatos, vesti uma gabardina e fui para a rua. No meio da tempestade gritei por ele com quantas forças tinha: «Pacoooo! Pacoooo! Pacoooo!». Mas a tempestade era mais te do que eu. Até que do meio da noite e da chuva lá surgiu o Paco, correndo para mim e olhando-me com estranheza, não percebendo a minha aflição.
Mas em Lisboa, quando o passeava à noite, era ele quem ficava aflito quando me perdia de vista. Corria como um louco, espreitando por aqui e por ali, até me encontrar. E são esses momentos que unem os seres.
Escrevi um romance, O Cão Que Pensava Demais, que lhe dediquei com o seguinte texto: «Ao Paco, que inspirou uma das personagens principais deste livro, que me acompanhou silenciosamente em intermináveis noites a escrevê-lo, e que ainda por cima nunca o poderá ler».”
Ao ler este naco de prosa do pequeno grande arquitecto, hoje publicada na fanzine semanal da Newshold, lembrei-me de uma recensão crítica feita por Ricardo Araújo Pereira à obra citada, que termina assim: «um autor que tem todos os sentidos alerta - menos o do ridículo. Não se pode ter tudo.»
«Saltei da cama, calcei os sapatos, vesti a gabardine e fui para a rua.»
ResponderEliminarEu nem quero pensar na indumentária nocturna do senhor, ou na falta dela se chegou o calor no Verão, mas se o seu ritmo é o vestir/despir dos gaijos normais existe algo de Henry Miller nesta passagem.
ResponderEliminarRidículo! Nem honra a memória do Pai!
Como tudo encaixa nestes embróglios caninos,foi então que o inenarrável Marques Guedes desembestou no parlamento com a proposta do dia nacional do cão!
ResponderEliminarNa minha terra diz-se que tem vários para fusos a menos...
ResponderEliminarNa minha terra diz-se que tem vários para fusos a menos...
ResponderEliminarO avò deste mentecapto tinha a alcunha do "meia f....". Porque era um meia leca e um choninhas, que gerou outrosd tantos. O único que se safou foi o pai deste, que era mau e vingativo, mas tinha talento.
ResponderEliminarouvi dizer que este artista dá aulas numa universidade. Será Possível?
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