• Rui Patrício, O julgamento de Yagoda e Krestinsky:
- «(…) Que perda de tempo e de recursos - exclamou o português a um atónito guia, que lhe pediu que falasse baixo, porque é melhor não agitar fantasmas e demónios, e o passado nunca está enterrado. E foi já em voz baixa que o nosso português lhe disse que se fosse no seu país, hoje, não seria preciso suspender os trabalhos para dar tempo aos zelosos agentes de relembrar aos recalcitrantes arguidos que o que está confessado está confessado e vale ad saecula saeculorum – sejam quais forem as razões que ditaram a confissão. Em Portugal – rematou ele com orgulho – o que o arguido disse no início do processo vale até ao fim, e em boa verdade nem é preciso grande conversa no julgamento, basta carregar no play e pôr a gravação a rodar. Eficiente, rápido e económico. Inspirado legislador que teve tal ideia; e certamente sem remorsos, que é essa a bênção de todos quantos sabem e pensam pouco e emprenham de ouvido enquanto embalam as manhãs na leitura de jornais que deixam tinta nos dedos.»
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