'Revelando mais uma vez o seu pouco notado, mas indesmentível, oportunismo político, Vasco "Pulido Valente" passa-se hoje definitivamente para o outro lado. Depois de ter feito coro com Alberto João Jardim a exigir a mudança do regime, ei-lo a sustentar agora que é perigoso pôr em causa os privilégios das autoridades.
A degradação do nível de argumentação é manifesta. Vejam como ele se desdiz na mesma frase:
"Como se irá convencer esta gente, a autoridade, que vive em grande parte do seu estatuto social, que deve de repente empobrecer e perder privilégios (...)?"
Pois o caso, precisamente, é que o estatuto social não só não depende do vencimento e dos privilégios, como inclusive é suposto compensar as limitações de ambos.
O que esse estatuto não dispensa, como V"PV" aliás nota linhas abaixo, é uma "ética própria" que, precisamente, deve assegurar a prevalência do espírito de serviço público e contribuir para imunizar esses (e outros) sectores do funcionalismo público contra comportamentos egoistas que minam o prestígio das corporações em que se integram.
É por isso que, no próprio interesse da preservação do seu estatuto social, nem os juízes, nem os militares, nem os polícias devem sucumbir à tentação de se comportarem como meros assalariados.
PS - Note-se como, no artigo de hoje, V"PV" grafa "Europa" entre aspas, mas destaca autoridade com itálico. Sabe-a toda, o velho matreiro.”'
"A lição monumental que tiro daqui é que as pessoas lêem no sentido que lhes interessa.
ResponderEliminarComo execram juizes, lêem que aqui foi dada a tal lição monumental!
Nem se apercebem de que foi contestada essa lição e que os órgãos de soberania que são os tribunais, deram, esse sim, alição que era precisa aos intérpretes das finanças- os tais tabeliães que o meu caro opositor na discussão não gosta, mas que existem, como existem os talibans...
Assim, as lições ficam para quem as percebe. Quem não entende, fica satisfeito na mesma- e na sua igorância também."
Ditto.
O Vasco amigo dos copos feito em pantanas...
ResponderEliminarLER OS OUTROS (portugal dos pequeninos)
ResponderEliminarDAR-SE AO RESPEITO
"Sócrates, invocando a legitimidade eleitoral, afiança que as reformas avançarão independentemente dos protestos. Mas, é claro, tendo conquistado os votos à custa da ocultação da verdade, é natural que o seu governo não se consiga dar ao respeito nem apresentar-se ao público revestido da autoridade necessária para impor aos portugueses os sacrifícios indispensáveis à recuperação do país".
Maria de Fátima Bonifácio, Público de 18.9.05
Assino por baixo.
Acho curioso que, no Estado Novo, tão vilipendiado e denegrido nestes últimos 31 anos, as classes profissionais tais como os Juízes (que são Órgãos de Soberania), os Advogados, os Juristas em geral, os Jornalistas, os Professores, enfim, todos aqueles que estão actualmente desacreditados, faziam parte de classes profissionais muito respeitadas. Havia o culto do bem fazer e a paixão pela coisa pública. O Pais estava, deveras, organizado. Hoje, o País está tão destruído como no tempo da I República, dominado por interesses inconfessáveis, tendo o Estado perdido toda a sua autoridade. Aliás, a destruição da máquina administrativa advém do famoso “PREC” (Processo Revolucionário Em Curso) através do qual se pretendeu tomar o poder do Estado. Felizmente, esses planos foram gorados mas a autoridade do Estado nunca mais foi resposta. A eficácia da estrutura administrativa nunca mais foi restaurada. A autoridade do Estado e dos seus representantes perdeu-se. E aqui estamos nós, 30 anos depois do golpe de Abril, com o País nas mãos da Maçonaria! Tal qual como nos tempos dos criminosos da I República!!!
ResponderEliminarA Maçonaria é constituida por pessoas de bem.
ResponderEliminarEntão, porque fazem tanto mal?!!
O José é o procurador da Grande Loja do Queijo Limiano à Câmara Corporativa ?
ResponderEliminarE Câmara Corporativa é o PROCURADOR de quem...?
ResponderEliminarAsseveram os ilustres procuradores desta Câmara Corporativa:
ResponderEliminar"É por isso que, no próprio interesse da preservação do seu estatuto social, nem os juízes, nem os militares, nem os polícias devem sucumbir à tentação de se comportarem como meros assalariados."
A partir desta ideia, que é bonita e sensata, encontrei, finalmente, a razão por que os políticos, que não pertencem, como se sabe, ao estrato vil dos assalariados, nunca precisaram de se manifestar e muito menos de fazer greve (excepto aquele Almirante...) para manter intocável o seu elevadíssimo estatuto social!
É que eles, os políticos, alguns políticos, quando querem defender a respectiva ração, não sucumbem à tentação de chafurdar na excrementícia substância em que se atolam, para esse efeito, com ilegítima algazarra, os assalariados.
Nada disso! Logo que pressentem que o "estatuto social" lhes começa a minguar na carteira ou a dar horas no estômago, ei-los a pegar nos democráticos instrumentos que o povo pôs à sua mercê e a aplicar eficientes golpes no largo queijo do erário público, cortando grossas fatias que distribuem generosamente entre si e seus próximos, de acordo com o apetite e a voracidade de cada um.
E assim é que a classe política se vai prestigiando na medida inversa do grau de degradação das outras corporações.
Lisboa, tantos do tal de 2005,
Assina: um corporativo assalariado que nunca cederá à tentação de se comportar como tal, excepto quando recebe a folha do vencimento mensal
Os juizes comportam-se como o + humilde dos varredores de rua para defender o deles ....
ResponderEliminarOs juizes comportam-se como o + humilde dos varredores de rua para defender o deles ....
ResponderEliminarEstou a ver o Prós & Prós na RTP1.
ResponderEliminarO discurso de Adriano Moreira e de outros, coincide num ponto:
Há um grau de degradação nos poderes do Estado: nas Forças Armadas; nas Administraçáo Pública; nas magistraturas; nas polícias.
Esta degradação prende-se com a diminuição do seu estatuto remuneratório que ao longo dos anos lhes foi sendo atribuido pelos mesmíssimos governantes que agora descobrem que o défice prçamental anda quase nos 7%!!
E por isso, toca a cortar a torto e a direito nas "regalias" e nos "privilégios" que foram sendo concedidos com toda o à vontade ( basta ler os preâmbulos das respectivas leis que os concederam) durante anos a fio em que se julgava que estávamos em período de vacas gordas.
Assim, a estes mesmos governantes cujas medidas políticas conduziram o estado do país a esta miséria, concede-se ainda o benefício da boa fé e das boas intenções!
É preciso dizer que é obra!
Até este blog que pelos vistos é animado por alguém que aprecia esta gente que está no governo e que se reduz a uma mão cheia de indivíduos que se habituaram a ganhar dinheiro em Macau e a outros que fizeram a sua vidinha ao abrigo do guarda chuva das nomeações partidárias para as EP´s, embarca neste embuste!
Triste.
Mais tarde ou mais cedo a factura havia de chegar ó José ! E com o IVA ....
ResponderEliminarO problema é que tendemos a entregar o poder sempre aos mesmos indivíduos que são os autores directos, imediatos e... orgulhosos pela obra feita!
ResponderEliminarPor mim, poderiam limpar as mãos á parede. Mas é vê-los aos Almeidas Santos deste país; aos Loureiros; aos Soares; aos Vitais...todos ufanos das borradas que fizeram!
O Zé está zangado com o mundo só porque lhe querem reduzir as férias e tirar uns trocos ...
ResponderEliminarHaja paciência !
A mim nada tiram: já as não tinha...e por outro lado a zanga nem é com o mundo, mas com esta gangada.Basta ver o nível das intervenções desta gente do governo. Ao nível do pior Santana.
ResponderEliminarDesmintam!
Mas já agora que afirma, também eu perguntarei:
ResponderEliminarE ISTO o que é?!
Para ajudar a produzir riqueza, importando cadeiras e tecidos da Itália?!
Falam, falam, falam...mas é vê-los.
Pois o caso, precisamente, é que o estatuto social não só não depende do vencimento e dos privilégios, como inclusive é suposto compensar as limitações de ambos.
ResponderEliminarMas que raio de conhecimentos vão por aqui? Será que o estatuto não está relacionado com a estratificação social? E como se estabelecem os estratos sociais? O poder económico não será um dos factores preponderantes? E a honra social?
Quanta ignorância!
Já reparou que, se o exercício do poder judicial fosse adequado, ou seja rápido e eficaz, até podiam ter motoristas e apoio escolar para os netos e bisnetos?
ResponderEliminarAgora, quando um processo pode demorar 3 anos para chegar a julagamento, prescreverem centenas de processos ano, e ouvirmos as declarações, preclaras dos representantes dos funcionários públicos judiciais: juízes de delegados do MP, acho que estão muito bem pagos.
Para ser muito claro e directo:
ResponderEliminarSe a demora do processo se ficar a dever a negligência, maus procedimentos, calaceirice e enfim às malfadadas férias, teria toda a razão!
Porém, lamento desapontá-lo, mas isso é o maior embuste que pode fazer à sua inteligência.
Se um juiz tem no seu juizo, 2000 ou 3000 mil processos, o que é comum e corrente, diga lá como é que se pode fazer a tal justiça célere!?
Se as leis processuais que temos, permitem a qualquer advogado de meia tijela - não precisam de ser os bem pagos e experientes- protelra qualquer decisão para além de qualquer prazo razoável, então que sentido faz o que acabou de escrever?!
Claro que o mais fácil e que rende mais, é fazer passar a mensagem de que a culpa é dos calaceiros dos tribunais!
Mas também nunca será demais repetir que tal é FALSO, calunioso para as classes envolvidas e desonesto.
Tudo qualidades do espirito são!
Que tal?!
A «ética própria" que, precisamente, deve assegurar a prevalência do espírito de serviço público e contribuir para imunizar esses (e outros) sectores do funcionalismo público contra comportamentos egoístas que minam o prestígio das corporações em que se integram» concretiza-se para os infelizes que tem de se deslocara aos tribunais no seguinte:
ResponderEliminarLá comparecem à hora para a qual estavam convocados, e esperam pacientemente pela chamada que se fará quando for oportuno.
Se a diligência for de manhã, o Sr. Juiz chegará ao tribunal entre vinte e trinta minutos depois da hora designada. Se houver necessidade da intervenção do MP este chegará ao tribunal entre meia e uma hora depois.
Em dia de azar depois de estarem no tribunal à espera entre uma hora e hora e meia algum funcionário lhes comunicará o adiamento e a nova data da diligência, sem que lhes seja dada qualquer explicação ou pedida desculpa para a inconveniência.
Se for dia de sorte, lá começará a diligência com o proverbial atraso, não sem os mortais comuns sejam logo avisados que esta terminará à ordem regulamentar, porque o Sr. Juiz tem um compromisso inadiável, porque o Senhor Procurador tem um incontornável jogo de futebol, porque uma das senhoras magistradas tem de ir recolher a criança ao infantário, ou porque os senhores funcionários se recusam a trabalhar para além do horário normal.
E assim se encerrará a diligência desperdiçando boa parte do tempo a ela destinada.
Quem trata assim os seus concidadãos que pode esperar deles?
Sugiro que as vitimas desta prepotência, irresponsabilidade e falta de educação tragam aqui conhecimento das malfeitorias de que sofram.
Quem trata assim so seus concidadãos deveria merecer reprimenda pública como a que está a fazer. Seria justo e seria o remédio santo!
ResponderEliminarO laxismo é grande quando não há controlo de ninguém sobre ninguém e as condições se proporcionam.
É verdade o que acaba de escrever em boa parte dos tribunais.
Mas também será verdade o contrário noutros casos- o que não invalida as crítica, obviamente.
Aliás, quando a net começou a dar os primeiros passos por cá, o Minsitério da Justiça, ainda de Laborinho ( 94 ou já 95) tinha um fórum do site próprio.
ResponderEliminarNesse fórum quem queria, escrevia e comentava, como aqui agora se faz, nos blogs: anonimamente.
Pois uma vez, li uma coisa espantosa:
um cidadão a fazer queixa de um delegado ( então ainda assim designados) que aparecia no serviço tarde, pois morava a alguns quilómetros e depois saia cedo...
Foi numa comarca pequena, de Trás-os-Montes e é óbvio que quem leu ficou a saber de quems e tratava...
Náo advogo linchamentos públicos de personalidade, mas quem tem telhados de vidros não pode atirar pedras, lá isso é verdade.
Não resisto em deixar aqui o seguinte texto, retirado do excelente blog EXCÊNTRICO, com o qual, aliás, concordo:
ResponderEliminar"O seu a seu dono
I.
Toda a gente sabe que os Tribunais são órgãos de soberania.
Com a óbvia exclusão das paredes dos edifícios, parece-me que este órgão de soberania há-de ser titulado por pessoas.
Todas as que ali trabalham?
Certamente que não.
Apenas aqueles aos quais a lei comete o poder de administrar a justiça, ou seja os juízes.
É aos juízes e apenas aos juízes, enquanto titulares do órgão de soberania Tribunais, que compete assegurar a defesa dos direitos e interesses legalmente protegidos dos cidadãos, reprimir a violação da legalidade democrática e dirimir os conflitos de interesses públicos e privados (artº 202º, nº 2, da Constituição da República Portuguesa).
Desprovido de juízes, o órgão de soberania Tribunais não tem existência material ou, dito de outro modo, este órgão de soberania Tribunais está materializado no seu corpo de juízes.
Os juízes não são, portanto, meros funcionários com funções elementares ou cuja função se esgote num horário das 9 às 5 da tarde.
Um juiz é juiz a tempo inteiro e, enquanto juiz, só pode ser juiz.
Até porque o seu estatuto lhe comanda a vida, quer no exercício do seu múnus funcional, quer na sua vida privada.
Para ser outra coisa, para exercer outro cargo, o juiz deixa de ser juiz.
Por tudo isso, o seu estatuto deve reflectir essa especial posição no seio da organização do Estado.
Por isso mesmo, não se pode alinhar ou assimilar, muito menos por baixo, o estatuto dos magistrados ao de outras, mui dignas, profissões exercidas no sector público e funções públicas.
Acontece que os magistrados judiciais, enquanto titulares do órgão de soberania Tribunais, têm estatutariamente uma vertente jurídico-administrativa precisamente ao nível da relação de emprego público que mantêm com o Estado.
Há quem confunda, a começar pelo Governo, uma e outra coisa e pretenda ver nos juízes meros funcionários públicos, privilegiando precisamente essa vertente da relação de emprego público.
É preciso desmistificar tal apodo.
A natureza da relação entre o Estado e os funcionários públicos é jus-laboral-administrativa.
Os juízes não são meros funcionários públicos, nem o fio que os liga ao Estado por via de uma relação de emprego público tem a virtualidade de lhes conferir o carácter de meros funcionários públicos ou, sequer, é determinante na sua qualificação funcional.
São, isso sim, os titulares do órgão de soberania Tribunais: São juízes. Ponto final. Não são nem têm que ser assimilados a funcionários públicos.
E os juízes são tão titulares do órgão de soberania Tribunais como o é o Dr. Jorge Sampaio do órgão Presidente da República, ou os membros do Governo do órgão Governo ou cada um dos deputados que compõem a Assembleia da República relativamente a este órgão.
Ora, o Dr. Jorge Sampaio não é um funcionário público, nem os membros do Governo são funcionários públicos, nem os deputados são funcionários públicos.
Embora todos eles mantenham com o Estado um qualquer vínculo jus-laboral, a sua natureza é política.
Assim também os juízes são apenas e só juízes e não funcionários públicos.
A sua natureza é judicial, correspondente ao exercício de um múnus jurisdicional.
II.
Na prática, porém, a realidade é bem diferente.
Aproveitando o fio que liga administrativamente os juízes ao Estado, por via da relação de emprego público que se impõe existir, o Governo e a Assembleia da República (e os governos, posto que nenhum deles alterou esta aberração) detém sobre os juízes um poder de ‘vida e de morte’.
O exercício desse poder, em campanhas bem orquestradas e em completa subversão das normas (não apenas legais, mas sobretudo éticas e até morais) que devem reger as relações entre órgãos de soberania, acaba e acabou por menorizar os juízes enquanto titulares do respectivo órgão de soberania e ofender o princípio da independência que o artº 203º da CRP consagra.
Como se ultrapassa este estado de coisas?
Como é possível, como se pode admitir, que um órgão de soberania seja completamente submetido às idiossincrasias de um Ministro, de um Ministério da Justiça, de um Governo, ou seja, de um outro órgão de soberania, em claro atropelo de normas constitucionais?
“Os tribunais são independentes e estão apenas sujeitos à lei” (artº 203º da CRP).
(Não se aproveite para retirar daqui aquilo que aqui não está. É imperativo respeitar o princípio da separação de poderes e, portanto, ao legislativo o que é do legislativo e ao executivo aquilo que lhe pertence. Não é disso que se trata.).
O que não é admissível é que um grupo de indivíduos armados de decretos-leis se comporte com um elefante numa loja de cristais, sem noção da dimensão da destruição que semeia à sua volta e, por outro, seja omisso relativamente ao que verdadeiramente se impõe seja feito em prol de uma justiça em tempo útil, há muito identificado e reivindicado pelos juízes, demais magistrados, advogados, funcionários judiciais e estudiosos da matéria nas respectivas academias.
Para além da sempre necessária cultura cívica, da ética política e do mútuo respeito, a solução (que não é nova e até tem vindo a lume ultimamente) passa, certamente pelo seguinte: Os Tribunais não mais podem depender, com o actual grau e qualidade de dependência, do Ministério da Justiça.
Os Tribunais, órgão de soberania, devem possuir estruturas e orçamento próprios de um órgão de soberania".
O anónimo das 10:42 AM tem toda a razão no que diz: há Juízes e juízes e estes é que vão definindo o estatuto dos magistrados. A tendência actual, com a massificação e o compadrio, é nivelar pela mediocridade.
ResponderEliminarIshtar
“estatuto social não só não depende do vencimento e dos privilégios, como inclusive é suposto compensar as limitações de ambos”
ResponderEliminarÉ suposto compensar as limitações de ambos...
... (sem palavras)
O filho do Sr. Militar já pode frequentar o curso de línguas ou ginásio da esquina. Basta-lhe, no início do mês, pagar a “factura” sacando da carteira dois ou três “estatutos sociais”.
Aliás, esta é uma excelente forma de persuadir os melhores licenciados em direito a enveredarem pela magistratura: “Não se deixe convencer com o salário prometido por essa sociedade de advogados. Venha para a magistratura. Ganhe um quarto do dinheiro e paletes de estatuto social”.
Melhor ainda. Vamos procurar o trabalho mais inqualificado do mercado. Com todo o respeito, vamos escolher, por exemplo, o de lixeiro municipal. Como o estatuto social é suposto compensar a falta de vencimento, o inverso também deve ser verdade: o vencimento deve compensar a falta de estatuto social. Vamos, pois, garantir aos lixeiros as mais altas remunerações de Portugal. Mais altas do que as dos... jornalistas, pelo menos.
Do comentário excêntrico, com o qual concordo na generalidade, destaco este passo:
ResponderEliminar"Um juiz é juiz a tempo inteiro e, enquanto juiz, só pode ser juiz.
Até porque o seu estatuto lhe comanda a vida, quer no exercício do seu múnus funcional, quer na sua vida privada.
Para ser outra coisa, para exercer outro cargo, o juiz deixa de ser juiz."
Não é bem assim. Um juiz só o é de facto enquanto exerce a função.
Não é juiz em casa; no café; na rua; a jogar ou a ver um jogo; no cinema e...a escrever em blogs por exemplo.
Esta pandemia de juizite acaba por saturar, pois é irreal e cria em quem lê a ideia de que os juizes foram ungidos pelos santos óleos da magistratura e tal como o Astérix, ao cair no caldeirão, também eles ao sairem do estágio, por força da assinatura do termo de aceitação numa qualquer comarca, ficam embebidos pelo sagrado indizível.
Isto, além de se tornar ridículo ( imaginem um juiz de calças na mão a correr para uma casa de banho com diarreia juizitica) baralha o espírito e o senso comum.
Um juiz sê-lo-á enquanto titular do órgão de soberania, ou sejam enquanto decide ou prepara decisões através de julgamentos e despachos interlocutórios.
De resto, é um cidadão como os demais. Capito?
Caro josé
ResponderEliminarOlhe que não, olhe que não.
Por exemplo:
- um juiz sujeito a responsabilidade disciplinar se a sua conduta (em qualquer momento e em qualquer lugar) for imprópria;
- um juiz (em qualquer momento e em qualquer lugar) está impedido de exercer, por força da Constituição, qualquer outra actividade;
- um juiz (em qualquer momento e em qualquer lugar) não pode ter qualquer acção político-partidária.
Tudo isso se aplica ao ministério público...
ResponderEliminarNão entendo o porquê de tanta discussão...para quê permitir que o governo divida para reinar??
ResponderEliminarÉ hora de união e não de divisão!!
Sou magistrada do MP, amo a minha profissão e há cerca de dois anos que trabalho das 9.30 às 22.00 horas, por puro amor à camisola...
Não espero qualquer gratificação do governo, nem o pagamento de horas extraordinárias (que o cidadão comum pensa que os magistrados ganham), nem qualquer tipo de consideração pública...tenho tido a sorte de receber um bom feed-back, por parte dos utentes da justiça e são essas as opiniões que contam para mim...ultimamente tenho "perdido" algum tempo a explicar (aos queixosos, arguidos e testemunhas que me abordam) a forma de funcionar da máquina judicial e tenho-me apercebido da ignorância que grassa no país a esse respeito, motivo pelo qual todos os problemas da justiça são imputados aos funcionários e magistrados judiciais e do MP...
Acho que é tempo de mostrarmos ao povo português quem são os responsáveis pelos atrasos processuais, pelas prescrições e pelas injustiças que ocorrem nos Tribunais Portugueses...dar a conhecer o número de processos que tramitamos diariamente, a nossa "escravatura" à estatística, a nossa revolta quando a aplicação do direito (criado pelos deputados e membros do governo) impede a realização da justiça, a nossa luta diária contra a falta de meios técnicos e humanos, contra a falta de colaboração de algumas entidades, contra a actual moda da "greve de zelo" de outros profissionais, contra todo o peso de um aparelho burocrático e pesado que não nos permitem alterar, uma vez que nem somos chamados a fazer parte das comissões que alteram as leis...
Como é que se pode responsabilizar os magistrados pelas disfunções da máquina da justiça, quando quem a activa, alimenta e coordena nunca trabalhou na área, nem pede orientações de quem trabalha para a alterar para uma máquina mais potente e efectiva??
Admito que sou jovem na carreira e, segundo dizem, muito voluntariosa...tal como muitos outros magistrados e magistradas, tenho adiado a minha vida pessoal à custa do meu amor pela profissão, mas sei que mais cedo ou mais tarde quererei ter filhos e não aguentarei, nem poderei continuar a trabalhar 12 horas por dia, como tenho trabalhado nos ultimos dois anos...
Espero, por isso, que todos os profissionais da área se esqueçam, de uma vez por todas, das quezílias corporativas e que todos os cidadãos portugueses ganhem consciência de que a actual "luta" dos magistrados e dos funcionários judiciais não se limita à garantia dos seus direitos adquiridos e à dignificação do seu estatuto profissional, mas à defesa de uma justiça material, efectiva e igualitária (para que a prisão de qualquer figura socialmente imponente seja tão socialmente aceite como a prisão de um arrumador de carros - só para dar um exemplo), de uma justiça mais célere e menos burocratizada e de uma melhor formação cívica dos cidadãos...
Quem dificulta a eficácia da investigação e retira a autoridade da magistratura está a fazer um péssimo serviço ao país, atirando areia para os olhos dos portugueses, ao dizer que os magistrados andam a lutar por privilégios...quero crer que os meus concidadãos são pessoas inteligentes e que entenderão a intenção desta mensagem e o perigo das reformas que se adivinham...
Qualquer pessoa licenciada em direito, com robustez física, idade para o efeito e ausência de antecedentes criminais pode concorrer à magistratura...contrariamente ao acesso a alguns cargos políticos,para entrar na magistratura não são precisas "cunhas", nem favores...basta ter bons conhecimentos jurídicos (examinados através de 3 exames escritos e de quatro exames orais), adequação física, psicológica e moral a um cargo num órgão de soberania, boa capacidade de resistência (para aguentar as "directas" a trabalhar, a dificuldade de gestão familiar - quando o trabalho exige mais horas do que o descanso, o lazer e o convívio familiar- e as dificuldades inerentes ao peso e burocracia da máquina judicial), a coragem para enfrentar situações de perigo - ao fazer frente a psicopatas, pessoas que se acham acima da lei e demais doentes mentais perigosos - a paciência para trabalhar sem meios e ainda ter de explicar ao utente da justiça que o seu processo - que para ele é o único que interessa - está a ser tramitado em simultâneo com outros 1000, todos da titularidade do mesmo magistrado - a humanidade para continuar a ver os utentes da justiça como pessoas e não como números de processos que têm de ser despachados com data supra e, acima de tudo, o amor à camisola, para continuar a trabalhar sorrindo, sem acusar desgaste e defender a justiça, essa "mulher" forte, justa e cega, dos - cada vez mais - constantes ataques...
Se qualquer pessoa nessas condições pode ser magistrado, porquê tanta inveja quanto ao seu estatuto?? A magistratura actualmente precisa de novos magistrados no seu quadro...é só concorrer...
Quem opta por outras profissões, sabe ao que concorre e os estatutos das mesmas...
Há profissões com estatutos muito mais gratificantes em termos económicos, nomeadamente no sector privado e não tenho ouvido os magistrados reclamarem pela sua equiparação a tais estatutos...
Porquê tanta inveja contra a Magistratura e contra tantas outras profissões respeitáveis que, de repente caíram na boca do mundo?? Não entendo...
Será que a ideia é fazer passar para fora a imagem de um país de gente mesquinha e invejosa? Será que a ideia é criar manobras de distracção para ocultar algo ruim que se prepara para breve?