sábado, dezembro 03, 2005

Sugestões de leitura

1. Paulo Cunha e Silva escreve no DN um artigo intitulado Escutas com juro. Destaca-se o seguinte extracto:

    “A proliferação de suspeitos antes da existência de qualquer prova ou mesmo indício, e a sua apresentação na comunicação social, é qualquer coisa que só beneficia os verdadeiramente implicados. E a ideia de que pode satisfazer algum interesse corporativo acaba por ser contrariada pela extensão da suspeita à própria corporação.

    Parece estar a passar-se esta situação, hoje, em Portugal. Mas era importante que se percebesse que, a confirmar-se esta suspeita, é a própria justiça (e os seus actores) que vai pagar mais caro. Os culpados, os verdadeiros culpados, esses sairão satisfeitos e sorridentes de todo este processo. Porque sairão inocentados por um sistema que fez ruir a sua própria credibilidade. Um sistema que se autoconsumiu.”

2. Eduardo Dâmaso assina o editorial do DN com título Oportunidade. A propósito da nova lei-quadro da investigação criminal, considera:

    “Chegou-se, pois, a um ponto em que o princípio da legalidade tem de ser repensado. Não no sentido da sua radical mudança, o que implicaria uma revisão constitucional, mas introduzindo-lhe algumas virtualidades que estão mais associadas ao princípio da oportunidade, como a definição de prioridades pelo Governo e aprovadas pela Assembleia da República. Conseguirá uma melhor gestão de meios o Governo que tenha a possibilidade de dizer que nos próximos dois anos se concentram mais os meios de investigação nos crimes económicos e menos nas bagatelas. Mas será sempre um equilíbrio muito difícil entre uma visão gestionária e a da realização da justiça. Será sempre preferível, porém, esse equilíbrio problemático dos dois valores do que o actual pântano. Depois, no fim de cada ciclo, devem pedir-se responsabilidades à justiça, naquilo que é dela, inquéritos, celeridade, provas, condenações, e à política, naquilo que é dela, meios técnicos, dignificação salarial, instalações, melhores recursos humanos. A partir daqui não há marcha atrás ou se sai do pântano ou ficamos lá todos. É a oportunidade!”

4 comentários :

  1. Sabe-se que o País em materia de justiça e investigação, tem pouco a dizer, bateu no fundo.

    Quem governa são os sindicatos.

    Veja-se o caso Apito Dourado, descobriu-se ao fim de quase 2 anos, não há pessoal, não há esferograficas..enfim não há nada.

    Mas há dinheiro para viagens.

    Nesta balburdia o que vai acontecer, quem paga são as vitimas e não me venham dizer que a culpa é do Alberto Costa.

    A Justiça faz os seus congressos, quais são os seus efeitos positivos? nenhum, não servem o país, serve para analisar o seu status de poder, esquecendo que o poder é o Povo e não, nenhuma associação de classe.

    Sera que o País não consegue arranjar 10 ou 15 Juizas ou Juízes, que metam mãos á obra.

    O que esta em causa é o País

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  2. Estotou totalmente de acordo com o que escreveu o anónimo das 12:22.

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  3. Sim. Toda esta história das escutas cheira a mais uma manobra de diversão a que uma certa clique nos habituou. Elas trazem uma impressão digital e suspeita-se que também contribuem para a impressão que temos da nossa justiça.

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  4. Dá muita vontade de rir ver alguns magistrados gritarem que se vão queixar à justiça de violações do segredo de justiça. Eles acreditam mesmo que todos os outros são parvos.

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