quarta-feira, maio 31, 2006

Os passes de mágica de Patrick


Patrick Monteiro de Barros é um exemplo estilizado de como certos empresários se relacionam com o Estado: apresentam uma proposta interessante, celebram um protocolo de entendimento e, no decurso das negociações, alteram radicalmente as condições acordadas. Tendo sido dado conhecimento público da iniciativa, o Estado sente-se manietado. Mas parece que desta vez o tiro saiu pela culatra.

A proposta inicial previa a construção, em Sines, de uma refinaria, que incluiria ainda a produção de energia eléctrica por cogeração de 100 MW. Enquanto o diabo esfrega um olho, a potência exigida foi por aí acima: 500 MW.

A ideia não estava mal pensada. O coque fuel, um subproduto da refinaria, alimentaria a produção de energia eléctrica por cogeração. Para a Argus de Patrick, seria ouro sobre azul, porque a matéria-prima sairia praticamente a custo zero. Mas a nova proposta trazia alguns “nuances” que o projecto inicial escamoteara:

    • Em termos práticos, a Argus propunha-se construir, além da uma refinaria, uma dissimulada central eléctrica de ciclo combinado (que seria alimentada pelo coque fuel, em lugar do gás natural, como é habitual);
    • Sendo que a electricidade produzida a partir do coque fuel é mais poluente do que se a matéria-prima fosse o carvão e três vezes mais poluente do que se fosse utilizado o gás natural, o projecto teria custos ambientais elevados e acarretaria encargos para os demais sectores industriais (que teriam de reduzir a produção ou pagar pelo excesso de emissão de CO2);
    • A produção de energia eléctrica por cogeração duplicaria a actual capacidade instalada, e porque beneficiaria de uma tarifa bonificada e se destinaria à produção industrial, seriam sobretudo os industriais a suportar o “empreendedorismo” de Patrick;
    • A aquisição de 500 MW com tarifa bonificada significaria uma ajuda indirecta à Argus e não deixaria de pôr em causa o princípio da concorrência.

O Estado paga e assume os riscos do negócio, a empresa polui, Patrick Monteiro de Barros embolsa. São estes os empresários que se apoderaram das páginas de economia dos jornais. A energia nuclear é já a seguir...

10 comentários :

  1. «Tendo sido dado conhecimento público da iniciativa, o Estado sente-se manietado.»

    Conhecimento público no qual o Estado não se empenhou nem participou. O Estado negociou tudo com a maior discrição. Foi o empresário que, “à surrapa”, promoveu toda aquela encenação de lançamento de grandes projectos.

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  2. É curioso que o Eng.º Sócrates, especialista em ambiente, se prepare para lançar o nuclear com este senhor...

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  3. Anónimo das 07.44.26PM, onde pensa que o moço vai arranjar dólares para fazer férias de Verão no Quenia e férias de Inverno na Suiça? concerteza que não é a fazer negocios com o Sr. Manuel da Padaria!

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  4. Quem parte e reparte e não escolhe a melhor parte ou é tolo ou então é barros

    Quanto ás centrais nucleares vem uma da Russia

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  5. Claro, o Barros queria fazer a cama e dar a ideia que o negocio estava fechado.

    Não esperava a reação do governo

    Esteve bem

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  6. O Governo faz a festa, anuncia em tudo o que é Jornal, tudo corre bem...

    Depois, comme d'habitude, o Patrick roi a corda e propõe umas "mudanças menores" ao projecto...

    Não haverá uma culpazita do Governo, que agora alguém pretende aqui branquear...?

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  7. http://www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1258932

    Para além de impostores como o Patrick que andam a pretender colocar centrais radioactivas à beira do rio, ou do mar, porque elas precisam de muita água para as arrefecer, aquecendo a água desses mesmos rios e do mar, de tal maneira (além, de as contaminar radioactivamente) que tudo o que é vida nessas águas morrerá... as pessoas ficarão, contudo, RADIANTES! E mais radiantes ficarão com os 225 milhões de euros gastos apenas a filtrar os gases da central de Sines.

    Com tanta "inteligência" junta eu quero emigrar!!! Mas para onde?

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  8. Inacreditável, este post. É uma transcrição den um comunicado do governo?

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  9. Este blog faz parte dos treinos dos jornalistas da contra-informação do Governo, aparentemente...

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