“Se é verdade que na política tradicional a direita conservadora se alimentava dos valores da tradição e dos interesses instalados e consolidados, limitando-se a geri-los, agora ela adopta um discurso flexível e dinâmico adaptado às mutações que se vão produzindo nas sociedades, numa assunção plena do mercado eleitoral como espaço de procura de bens políticos intangíveis. A sua posição conservadora consiste em antepor a procura à oferta, adequando esta àquela. Usando a linguagem dos media, diria que a direita, no plano eleitoral, antepõe o “interesse do público” ao “interesse público”, sabendo, todavia, que, mercê dos recursos de que dispõe, pode moldar “o interesse do público” de acordo com a sua própria mundividência.”
“Manuela Ferreira Leite representa demasiado o passado. É a recuperação da escola cavaquista da austeridade e da recusa da política numa época que nada tem a ver com os governos de Cavaco Silva. A sua experiência governativa também está longe da perfeição: tentou sanear o défice público sem o ter conseguido, nem mesmo recorrendo à prática imensamente discutível das receitas extraordinárias. É uma continuação, não uma mudança. E é uma réplica, no estilo, nas políticas, nos valores, dos predicados de José Sócrates que atiraram o PSD para os 30% das intenções de voto. Não basta ser não socialista e esperar que o mundo se prostre a nós. É preciso ser não socrático. Um PSD respeitável? E eu que pensava que o PSD era um partido ambicioso.”
Sem comentários :
Enviar um comentário