Entrevistar uma senhora que está zangada com o mundo não é tarefa fácil. Mas se essa senhora revelar, para além da sua proverbial má disposição, sérios problemas de sintaxe, entrevistá-la transforma-se numa tarefa ciclópica. Vale a pena ter ouvido Manuela Ferreira Leite na TSF e ver o trabalhão que deve ter dado ao DN converter aquelas frases sem princípio, meio e fim num discurso legível.
Não me esqueço que, se tivesse sido o PNR (ou o Dr. Portas) a falar dos imigrantes de Cabo Verde ou da Ucrânia, teria havido um coro de protestos. Também não me esqueço que Ferreira Leite voltou a dizer barbaridades sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo e sobre a sua intenção de revogar a lei do divórcio.
Mas o que ressalta da entrevista é a inconsistência de Ferreira Leite em relação a temas que aparentemente tinha obrigação de conhecer.
Na mesma entrevista, Ferreira Leite começa por dizer uma coisa e acaba a dizer outra. Por exemplo, relativamente ao Orçamento do Estado para 2009, a líder do PSD começa por defender o aumento do défice para acolher as propostas do PSD: “Aumentava o défice. Está em 2,2%, podia perfeitamente passar para 2,6%.” Num outro passo da entrevista, já não quer o aumento do défice, porque corta nas obras públicas, como, por exemplo, no TGV ou no aeroporto de Alcochete (a construir por fases): “como não contemplaria aqueles projectos de investimento público, essas minhas propostas significam alguns quilómetros de auto-estrada. E, portanto, já pode ver que cortaria [nas obras] e poderia manter o défice nos 2,2%.”
É estranho que uma economista como Ferreira Leite continue a desconhecer que não estão previstos para o próximo ano dotações significativas para as obras públicas que tanto a atormentam: o aeroporto de Alcochete custa zero (0) em 2009, a alta velocidade tem um orçamento de 14,4 M€ e as novas concessões rodoviárias não têm qualquer impacto orçamental.
A verdade é que, se Ferreira Leite revela, num terreno que deveria dominar, uma estranha ignorância, em grande parte da entrevista a líder do PSD limita-se a reconhecer que não sabe ou que não tem dados para emitir uma opinião sobre os mais variados temas.
Mas o momento mais alto da entrevista acontece quando é questionada sobre se, após a aprovação do Orçamento do estado para 2009, pretende regressar ao silêncio dos conventos. A resposta revela que Manuela Ferreira Leite não tem qualquer estratégia (ou ideia) para o PSD:
- “Não sei quais os assuntos que vão surgir na opinião pública, não sou capaz de visionar isso. Não vou inventá-los, com certeza, mas vou estar presente e a falar em todos aqueles momentos em que eu considere que os portugueses devem ser esclarecidos e devem perceber qual é a posição do PSD. Não falarei empurrada, nem ficarei calada só porque acham que eu falo de mais.”
Uma desgraça. só um "milagre" pode salvar esta velhinha.
ResponderEliminar"Casamento" entre pessoas do mesmo sexo...?! Por favor...
ResponderEliminarChame-lhe o que quiser, mas casamento...não!
Casamento é entre pessoas de sexo diferente, como sempre foi. Agora, esta "modernidade", este desvario homossexual, é um ajuntamento...