Ajuntamento no “Pavilhão Eng. Ministro dos Santos” [5]

O ex-populista Santana Lopes é, na hora actual, um respeitável senador. O que faz é articulado com a Dr.ª Manuela. Pode não ser uma aproximação recente: a sua candidatura nas anteriores directas dividiu o campo anti-cavaquista (seja lá isso o que for); a sua escolha para candidato à presidência da Câmara de Lisboa não lembrava ao careca; a ideia de convocar este congresso foi de imediato apoiada pela Dr.ª Manuela.

Já ninguém se lembrava de que Santana Lopes fora primeiro-ministro e ele insiste em trazer à baila esse período pitoresco da vida política doméstica. De uma forma ou de outra, os membros do Governo de Santana/Portas conseguiram apagar essa nódoa dos seus curricula. As excepções conhecidas são o próprio Santana e Bagão Félix, os únicos que, por sinal, continuam a querer refazer a história desse período. A proposta de criação de um senado ou câmara alta pode ser uma excelente forma de encontrar um porto de abrigo para almas penadas.

A actuação de Santana Lopes em Mafra revela o estado em que se encontra o PSD:

• O mesmo congresso que se mostra entusiasmado com a recandidatura do Presidente da República bate palmas a Santana quando este ataca Cavaco a propósito de moedas boas e más;
• O mesmo congresso que se entretém a brincar com a asfixia democrática aprova a lei da rolha por uma esmagadora maioria, sendo que os candidatos à liderança só se distanciaram da coisa após o fim do congresso, quando perceberam que o país estava de boca aberta.

Mas o momento alto da actuação de Santana foi quando este vociferou: “O primeiro-ministro não pode viver sob suspeita sobre o seu carácter e manter-se em funções. Das duas uma: ou se demite ou dá um murro na mesa e exige o cabal esclarecimento da situação”. Sem esclarecer o que entende por “murro na mesa”, é oportuno recordar a Santana Lopes que foram as suas tropas, aparentemente capitaneadas por um tal Miguel Almeida, que lançaram a primeira vaga da campanha suja contra Sócrates. Por mera coincidência, esse Miguel Almeida lá estava ao lado de Santana Lopes no congresso de Mafra.