quarta-feira, setembro 15, 2010

Parques jurássicos onde se dão injecções de veneno ao povo português



Ministro-sombra do PSD para a Saúde
(o mais bem alimentado)

Óscar Gaspar, secretário de Estado da Saúde, alinhavou algumas ideias que qualquer pessoa de bom senso, desde que não esteja sob o efeito de substâncias psicotrópicas, pode subscrever. Disse ele que é “inaceitável e seria um retrocesso civilizacional” exigir que, “quando uma pessoa tenha uma doença, seja chamada a pagar pelo seu tratamento”. Por isso, depois de sublinhar que o “segredo” do SNS é o da “igualdade no momento da prestação de cuidados médicos”, Óscar Gaspar salientou que “rejeitamos por absoluto um SNS pago, rejeitamos um SNS que seja para pobres e um serviço privado para ricos.

Parece-me de elementar bom senso não confundir um hospital com um hipermercado, encharcando os estabelecimentos de saúde com caixas de pré-pagamento. Aliás, se através da tributação já são mais “penalizadas” as pessoas com mais rendimentos, por que se haveria de pagar uma segunda vez, quando se tem o azar de precisar dos hospitais? Só para alimentar a clínicas privadas e as seguradoras? E a classe média, Dr. Passos, já nos esquecemos dela?

Estas palavras, aparentemente consensuais, provocaram um tornado na São Caetano. Soltaram um tal Luís Campos Ferreira, deputado e secretário-geral adjunto do PSD, que tem imenso talento para rebater argumentos alheios: “As declarações deste incógnito secretário de Estado da Saúde são autênticas injecções de veneno dadas ao povo português”. E aparentemente empolgado, já não havia travão constitucional que o detivesse: “Os portugueses precisam da verdade e de honestidade intelectual. Prescindem bem de políticos saídos de parques jurássicos que, na ânsia de mostrar serviço ao chefe primeiro-ministro, contam mentiras e falsidades ao povo com a mesma cara e o mesmo descaramento de quem fala verdade”.

O SNS é, portanto, um parque jurássico — e o PSD quer apenas libertar-nos. Mais dia, menos dia, um jornalista lembra-se de perguntar porquê.

3 comentários :

  1. São opiniões diferentes.
    Nas propinas, também há divergências. Há quem diga: ensino universitário gratuito para todos, pobres e ricos. Outros defendem: os carenciados devem beneficiar de bolsas de estudos, os outros devem pagar.
    Realmente, o SNS não é nenhum exemplo modelar. Gastam-se milhões dos contribuintes e os resultados são fracos.
    Para melhorar o sistema, alguns defendem que os ricos não devem beneficiar do SNS. O Secretário de Estado entende que, estando uma pessoa doente, deve ser tratada de forma tendencialmente gratuita, seja qual for o seu nível de rendimentos.
    Ambas são opiniões válidas.

    ResponderEliminar
  2. Resultados fracos?!

    "...a Organização Mundial de Saúde, no seu Relatório Mundial de 2000, posicionava o desempenho do sistema de saúde português em 12.º lugar entre 191 países."

    http://www.governo.gov.pt/pt/GC18/Governo/Ministerios/MS/Notas/Pages/20100914_MS_Com_SNS.aspx

    Não me parece assim tão fraco. Pena, pena é que os privados continuem a aceitar os doentes que são lucrativos mas quando os casos implicam demasiados gastos (como o caso de doentes oncológicos) sejam de imediato reencaminhados para o SNS. Isto é verídico. Aconteceu com um paciente que foi tratado a uma apendicite num serviço privado e quando detectaram um problema oncológico "despacharam-no" logo para o SNS.

    ResponderEliminar
  3. Eu concordo plenamente que temos um esquema de SNS muito bem montado e está, de facto, em 12º lugar na lista referida pelo Dani.
    O resto também é verdadeiro e quer-me parecer que qualquer dia é a saúde privada que entra em crise, tal é o elevado número de serviços que "nascem como cogumelos"...

    ResponderEliminar