Simular a leste para atacar a oeste

Não é vulgar estar em desacordo com Paulo Pedroso. Mas hoje estou, porque ele escreve, relativamente à substituição da expressão despedimento por “razão atendível” por despedimento por “razão legalmente atendível”, que “faz de conta que é uma mudança”.

É o melhor que pode acontecer ao PSD conseguir fazer passar a ideia de que se trata da mesma noção, embrulhada embora de forma diferente. Como está escrito aqui, a nova formulação encontrada pelos crânios do PSD “é algo de muito grave — e bem pior do que a versão anterior do "motivo atendível": o que está em cima da mesa é passar totalmente para as mãos da maioria política conjuntural a possibilidade de definir em que casos o despedimento é lícito. E isto sem quaisquer limites ou balizas constitucionais. O legislador, isto é, a maioria parlamentar de cada momento teria total e ilimitada discricionariedade para definir em que casos os patrões podem despedir — isto é, teria carta branca para flexibilizar e precarizar a legislação laboral — sem que nada nem ninguém se pudesse opor a isso!”