Ao contrário da Lista de Schindler, que foi feita para salvar pessoas, a Lista de Marques Mendes foi feita para exterminar serviços públicos. Mas, como se demonstrará, foi feita em cima do joelho, a olhómetro e sem qualquer fundamentação de jeito. Várias das propostas revelam ignorância, má-fé e até uma grande dose de irresponsabilidade. Por isso, confesso que os elogios feitos na blogosfera à proposta de Marques Mendes me surpreenderam, obrigando-me a voltar ao assunto.
Haverá serviços públicos que se justifica extinguir ou fundir? Creio que sim, mas não com este tipo de chico-espertismo. Vejam-se alguns exemplos:
- INIR (Instituto Nacional de Infra-estruturas Rodoviárias)
a) Funções de Regulação (Parcerias Público-Privadas) e de Fiscalização da Rede Rodioviária Nacional;
b) São competências que já estão hoje na EP Estradas de Portugal e no IMTT (antiga Direcção Geral de Viação).
CONCLUSÃO: PODE SER EXTINTO.
- GISAF (Gabinete Investigação e Segurança de Acidentes Ferroviários.
a) Funções de Investigação quando há acidentes ferroviários;
b) Funções que também estão na CP e na REFER (quando há um acidente ferroviário é a CP ou a Refer que trata do assunto).
c) Parece um instituto criado para colocar um socialista desempregado da gestão das EP dos Transportes (João Crisóstomo).
CONCLUSÃO: PODE SER EXTINTO.
- Há no Ministério do Trabalho e Solidariedade Social sete organismos consultivos (uma loucura):
• Conselho Nacional da Formação Profissional
• Conselho Nacional da Higiene e Segurança no Trabalho
• Conselho Nacional de Segurança Social
• Conselho Nacional do Rendimento Social de Inserção
• Conselho Nacional para a Reabilitação
• Conselho Consultivo das Famílias
• Comissão de Protecção de Políticas da Família
Minha Proposta:
• Extinguir todos (para estas tarefas existem direcções-gerais com as mesmas áreas de competência).
- Conselho Nacional de Saúde – Mais um Conselho Consultivo
a) Orgão Consultivo do Ministério da Saúde
b) Não faz sentido. A D G Saúde faz na perfeição esse papel. É a sua competência legal.
c) Mais um serviço que pode ser EXTINTO
- Instituto da Droga e da Toxicodependência
a) Ao nível central tem cinco coordenadores – Equiparados a directores-gerais.
b) Ao nível regional tem cinco directores regionais
c) Tem cerca de dois mil funcionários (1/3 nos Serviços Centrais) – Uma loucura
d) As suas funções são no domínio da Saúde Pública
e) Pode perfeitamente SER EXTINTO, as suas competências locais integradas nos Centros de Saúde e as suas competências centrais na DG Saúde (é área de saúde pública)
f) Área de Estudos (quando for o caso encomendar às Universidades e Centros de Investigação)
- Na área do ambiente há três institutos importantes:
a) Agência Portuguesa do Ambiente;
b) ICN – Instituto Conservação da Natureza;
c) INAG – Instituto Nacional da Água
• Têm todos competências muito semelhantes e, nalguns casos, sobrepostas.
• Seria possível e desejável fundir tudo num único organismo – a Agência Portuguesa do Ambiente.
• É o exemplo inglês (apontado normalmente como referência)
• Poupa-se imenso:Passamos a ter um único instituto em vez de três
Passamos a ter uma única administração em vez de três
Passamos a ter uma única estrutura administrativa, de contabilidade e financeira, em vez de três
Passamos a ter um único orçamento em vez de três
Passamos a ter menos pessoal e menos encargos
Saberá Marques Mendes que só o Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB) tem a seu cargo, por exemplo, a gestão de todas as áreas protegidas do país, isto é, de uma extensão territorial gigantesca?
- Ao nível regional temos a seguinte estrutura sobreposta:
a) As Comissões de Coordenação Regional têm competências na área do ambiente;
b) As ARH – Administração Recursos Hídricos, mesmo assim, existem como estruturas autónomas (cinco ARH/ cinco concelhos de administração/ cinco orçamentos/ cinco estruturas administrativas). Os organismos mais BUROCRÁTICOS que existem em Portugal.
c) Podem extinguir-se as ARH e integrar as suas competências nas CCDR
GANHO DE POUPANÇA. GANHO DE DESBUROCRATIZAÇÃO
- Comissão Nacional de Eleições:
a) Estrutura permanente encarregue de fiscalizar os actos eleitorais;
b) A seguir ao 25 de Abril podia justificar-se;
c) Agora não faz sentido ser uma Comissão Permanente;
d) ABSURDO – Funciona em Permanência (365 dias por ano) mas só tem competências quando há eleições (nos 30 dias antes das eleições);
e) Pode ser extinta e as suas competências integradas no STAPE (Secretariado Técnico de Apoio ao Processo Eleitoral, no MAI); ou quando muito, Ser uma Comissão Eventual (a funcionar só nos períodos eleitorais).
- CADA – Comissão Nacional de Acesso aos Documentos Administrativos
• Não faz sentido
• Pode ser extinta
Ao Marques Mendes alguém devia lembrar que "apenas a ignorância tem solução para todos os problemas".
ResponderEliminarA ignorância sempre foi levianamente atrevida, mas quando eufórica torna-se perigosa.
ResponderEliminarO verdadeiro atleta de bodybord ... aproveitar a onda da insatisfação com as medidas de austeridade para fazer demagogia.
ResponderEliminarHomem pequenino,ou é incompetente, ou bailarino
ResponderEliminarINIR (Instituto Nacional de Infra-estruturas Rodoviárias)
ResponderEliminara) Funções de Regulação (Parcerias Público-Privadas) e de Fiscalização da Rede Rodioviária Nacional;
não é preciso extingui-los basta extinguir as chefias que custem entre 50 a 120 mil por ano
são um milhar delas
custam só 70 milhões de euros essas chefias trocos....
no INAG basta manter os contratados que fazem o trabalho todo
e mandam-se os restantes para as funções que dantes tinham
que nalguns casos era nas concelhias de Lisboa FAro Évora
não sei porquê mas historiadores e sociólogos em lugares de gestão e direcção
de institutos ligados às ciências mais ou menos exactas???
já agora ´conheço alguns que ganharam 500 mil com o enchimento de praias que vão desaparecer este ano outra vez
as sobras foram para este blogue
ou para as concelhias
parece-me que estes sítios cheios de anónimos e de vermelho arrosetado
se não são do dito cujo
quanto mais os leio mais me parecem inspirados
pelo demo
krata
Relativamente à área do ambiente, penso que Marques Mendes deveria ter proposto o seguinte:
ResponderEliminarExtinção do INAG e incorporação das suas competências e pessoal nas ARH's. Neste caso teríamos mais cargos dirigentes (são 5 estruturas regionais) mas ganho de eficiência e proximidade do decisor à região e á origem do(s) problema(s).
Penso ainda que as ARH's não deveriam surgir como organismos autónomos, com estrutura hierárquica independente, com presidentes, vice-presidentes etc. Entendo que as ARH's poderiam ou deveriam ser incluídas nas estruturas das CCR's (Comissão de Coordenação Regional), como um departamento de recursos hídricos, evitando diversos cargos dirigentes e acessórios.
O ICNB deverá manter-se embora esteja demonstrado que o actual modelo centralizador (tudo em Lisboa), não funciona. É necessário que as Áreas protegidas, sobretudo as de menor dimensão tenham mais representatividade e um verdadeiro orçamento para poderem funcionar. O afastamento dos directores de cada Área Protegida para passar a existir apenas 1 director para 6 ou 7, foi um erro monumental na hierarquia, na productividade, na motivação e no dinamismo das Áreas Protegidas, dos funcionários e do próprio ICNB.
A Agência Portuguesa do Ambiente poderia ser integrada no ICNB, como departamento deste, evitando muitos cargos dirigentes e acessórios.
Estas medidas podem ser positivas desde que sejam bem implementadas e explicadas. Estou certo que nenhum funcionário vai deixar de compreender a sua importância nos tempos que correm mas não podem ser feitas de forma aleatória e apenas com base na leitura do decreto-lei que criou os organismos e lhes fixou as funções porque, muitas vezes, a realidade é bem mais complexa do que aquilo que está escrito pelo legislador.