terça-feira, dezembro 21, 2010

A palavra aos leitores — TGV

Texto do leitor Francisco Rodrigues na caixa de comentários deste post:
    As pessoas são contra o "TGV", por conveniência política ou por pura ignorância, pois não conhecem a Grand Vitesse (GV) e toda a sua história.

    Eu compreendo que em finais dos anos 70, em França, quando é proposta a alternativa de uma linha utilizando as mais modernas normas de engenharia de infraestrutura ferroviária, permitindo velocidades na ordem dos 270 km/h, para colmatar a saturação do troço Paris-Lyon da "Linha Imperial", tivesse havido muita conversa, de facto, compreendo. Miterrand, de certeza que naquele dia do ano de 1981, deve ter pensado muito, "será que isto vai dar?", não só deu, como mostrou ao mundo que o caminho-de-ferro de passageiros, tem futuro, relegando o meio aéreo para a sua verdadeira vocação, além de que resolveu um dos grandes imbróglios da rede ferroviária francesa.

    Em 1992, os espanhóis, pensaram do mesmo modo, para resolver o problema causado por um estreitamento em via única na linha Madrid-Sevilha, hoje estão na linha da frente da GV, com resultados espantosos.

    Os italianos, os grandes investigadores da tecnologia pendular (outra demagogia dos detractores da GV), para as suas linhas novas preferiram investir na infra e ter linhas GV, relegando a tecnologia pendular para a sua verdadeira vocação, colmatar as limitações das vias clássicas e no caso italiano em traçados onde seria inviável linhas de GV (i.e.: montanhosos).

    TGV (FRA), Eurostar (UK-FRA-BEL), Eurostar (ITA), ICE (ALE), Thalys(FRA-BEL-ALE-HOL), Shinkansen (JAP), AVE (ESP), são hoje nomes de sucesso no sector dos transportes e, NENHUMA, repito, NENHUMA ligação onde estas marcas operam se traduziu em algo contrário a um sucesso esmagador.

    Está comprovado pela investigação na área que as distâncias viáveis entre os extremos de uma linha GV, são entre os 300 a 800 km, ou seja a distância, quer do Porto, quer de Lisboa a Madrird, entre mais ou menos neste esquema, o traçado permite a viabilidade de uma linha GV, investir numa linha clássica com tecnologia de atamanco (pendular) seria uma anedota, seria puro 3º mundismo a nível da mobilidade (os EUA, são por exemplo 3º mundo nesse campo).

    Nas linhas de GV podem circular todo o tipo de comboios, para quem pensa que um mercas não pode passar por lá, em França todas as noites circulam "expressos" de mercadorias pelas linhas GV.

    Deixemos de secundarizar o Caminho-de-ferro, tal como é tradição desde Duarte Pacheco, o avião é um meio poluidor, vocacionado para distâncias superiores a 1000 km, não venham com Low Cost, porque é um termo que ainda vai dar muita dor de barriga, além disso os caminhos-de-ferro também têm as suas estratégias Low Cost (ex: IDTGV).

    E como será óbvio este investimento será benéfico para as linhas clássicas, pois o investimento nestas será inevitável, de modo a articular todo o tráfego.

    Se Portugal teve nas últimas décadas um desenvolvimento astronómico em termos de auto-estradas, porque não um pouco de megalomania relativa ao caminho-de-ferro, não iremos ficar à fome por isso, além disso não podemos descurar os compromissos europeus.

    É preciso ter cuidado com aquilo que ouvimos dos nossos comentadores de bancada, mais ainda com uma comunicação social, que anda mais interessada no apoio pouco subtil a certas agendas políticas de lateralidade mais dextra.

6 comentários :

  1. É claro que,para pessoas inteligentes,o TGV já devia estar a circular há anos.No entanto existem umas cabeças ocas que,uns por demagogia política,outros porque não vêem um palmo á frente do nariz,contestam,contestam,mas sem argumentos.São os Velhos do Restelo do costume.Por eles,nada se fazia.O mundo parava.Não contam para nada!

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  2. Em frente como no campo de batalha, não há recuo mas sim avanço no campo do progresso e integração total com a Europa. Venho a TGV os vindouros agradecerão.

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  3. A direita quer o TGV,mas inaugurado por eles....Nota: o Patronato há dias para desvalorizar as medidas tomadas pelo Governo dizia, que o codigo laboral não estava na ordem do dia. Hoje num jornal de referência,vinha a noticia "tecto às indemnizações já".É bom que Socrates,lhes diga que não é sério o que pretendem,e como tal essa medida é para o futuro e a partir de determinados vencimentos. Como Socialista, não posso esperar outra atitude,caso contrário estamos muito doentes, em matéria de seriedade politica...

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  4. Viriato, deveria reformular essa coisa dos vindouros para: "Não venha o TGV (enquanto há comparticipação) e os vindouros não perdoarão."

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  5. O Joaquim é do passado...e passado não faz obra, como sou velho... aposto no futuro, porque só ele interessa. Venha daí o TGV e tudo que traga trabalho e progresso.

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  6. Depois de ouvir a publicidade à banha da cobra, feita pelo Xor Silva, Cavaco para os amigos, Aníbal para a Senhora D. Maria...Esta apanhou-me de surpresa:
    Muito Obrigado, pela publicação de um simples contributo para o engrandecimento do caminho-de-ferro e de uma mentalidade baseada na sustentabilidade e na visão de futuro, que é aquela que se espera de quem partilha uma visão progressista e de esquerda (soa parecido a qualquer coisa, eu sei), com as devidas diferenças individuais, é claro (piada para o Xor Silva).
    Conde do Tarrafal, tem toda a razão, mas enquanto isso, anda-se a embrutecer os conhecimentos dos portugueses em matérias tão interessantes, já não basta a cultura "nova rica" de alergia aos transportes públicos, excepto aqueles que soam a chic, giríssimos que voam e tudo, 'tá a ver, tudo o rêsto é pa gente piquena (bem, não tenho nada contra o transporte aéreo, mas que anda por aí avião a mais, anda).

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