quarta-feira, outubro 10, 2012

Os nossos credores só nos vão propor a reestruturação quando a nossa economia já estiver destruída, como fizeram com a Grécia?

• Pedro Nuno Santos, Juros são dívida:
    ‘Os juros que nos comprometemos a pagar a um credor, em troca de recebermos dele uma determinada quantidade de capital, constituem parte da dívida total contraída. Por outras palavras, dívida é igual a capital mais juros. Se queremos pagar menos juros, queremos pagar menos dívida. Embora isto seja óbvio, muitos políticos e comentadores preferem continuar a fazer de conta que são coisas diferentes. E porquê? A razão prende-se com a importância da linguagem na comunicação política. Os que defendem a renegociação dos juros apresentam-se como uma falsa alternativa, mais séria, aos que defendem a renegociação da dívida. Na verdade estão a defender a mesma coisa. Querem todos reestruturar a dívida. Querem todos pagar o que é possível. Querem todos suportar menos encargos com a dívida. Querem todos diminuir os “custos implícitos com a dívida”, como lhe prefere chamar Bagão Félix. Há palavras proibidas. Há palavras toleradas. Há palavras abençoadas. Todas significam o mesmo, mas a hipocrisia comanda o combate político. O que precisamos de discutir é qual o montante de dívida que é necessário reduzir para permitir algum alívio para a economia portuguesa. Ainda no início desta semana, o FMI publicou o seu relatório semestral sobre as contas públicas internacionais. Coloca Portugal no topo dos países onde será mais difícil reduzir o “stock” de dívida pública. A dívida estará mesmo próxima dos 124% do PIB em 2013 e 2014, segundo as previsões do FMI. Isto é, apesar do duríssimo ajustamento que está a ser imposto, a dívida pública em percentagem do PIB continuará a aumentar nos próximos anos. O que é ainda mais grave, é que toda a gente diz, à “boca pequena”, que a reestruturação vai acontecer mais cedo ou mais tarde. Será que é difícil perceber que quanto mais tarde pior? Que os nossos credores só nos vão propor a reestruturação quando a nossa economia já estiver destruída, como fizeram com a Grécia? Tem de ser Portugal a tomar a iniciativa. E quanto mais cedo, mais economia se poupará à destruição. Exige-se responsabilidade e determinação na defesa do país.’

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