quarta-feira, fevereiro 06, 2013

Ainda a História de Portugal de Rui Ramos em fascículos
(brinde de Verão do Expresso)

André Freire regressa à História de Portugal de que Rui Ramos é co-autor, questionando se o que foi escrito sobre o Estado Novo configura uma “normalização da ditadura” ou um “revisionismo de fraca qualidade”. Aqui fica uma passagem do extenso artigo na edição de hoje do Público, que merece ser lido na íntegra:
    ‘No que respeita ao debate ML [Manuel Loff] vs. RR [Rui Ramos], comecemos pela forma. Uma das coisas que impediram que a discussão fosse, amiúde, um verdadeiro debate sobre a historiografia do Estado Novo, foi a arrogância de RR e de alguns dos seus apoiantes. RR, que nunca nomeou ML (!), alegou estar a ser alvo de "difamação" para evitar discutir muitos dos argumentos apresentados por ML. Os seus co-autores, cujo trabalho não estava em debate (só os volumes 7 e 8, da autoria de RR, eram alvo de controvérsia), reforçaram: ML seria um "falsificador", porventura simpatizante do estalinismo. Filomena Mónica acusou ML de proferir "mentiras", de ser "estúpido" e de ter simpatias comunistas para desqualificar os seus argumentos; "a cereja no cimo do bolo" foi a defesa que fez da desejabilidade de o PÚBLICO censurar ML. Quer RR quer ML são investigadores/professores de categoria profissional equivalente em duas das instituições nacionais mais prestigiadas nas CS&P, e têm ambos um CV de qualidade reconhecida, nacional e internacionalmente. Não colhem, por isso, as tentativas de assassinato de carácter que RR e os seus apoiantes tentaram operar sobre ML. Por outro lado, outros eminentes historiadores (Fernando Rosas, Luís Reis Torgal, outros) vieram reconhecer como pertinentes pelo menos algumas das críticas de ML (sobre "normalização do Estado Novo" e/ou "desculpabilização da ditadura"). Também Irene Pimentel (IP) contestou a ideia do Estado Novo como uma "ditadura moderada", aproveitando ainda para desmentir a ideia da "inexistência de saneamentos políticos gerais" (ideias veiculadas por RR). Finalmente, Diogo Ramada Curto desmontou como falsa a ideia de que a guerra colonial teria sido (comparativamente) pouco mortífera. Mas este debate foi conduzido com elevação por alguns dos apoiantes de RR, nomeadamente Pedro Mexia e Pedro Lomba (PL), ainda que, por vezes, de forma paradoxal. PL acusou ML de banalizar a palavra fascista. Todavia, lendo e relendo os artigos de ML, jamais se encontra tal palavra. Pelo contrário, António Araújo, apoiante de RR na contenda, foi lesto em classificar num blogue o livro (nacional e internacionalmente premiado) de São José Almeida, Os Homossexuais no Estado Novo, como "um livro fascista". Outro paradoxo foi a insinuação de RR de que estaria a ser alvo de perseguição política (PÚBLICO, 6/9/12). Porém, foram os detractores de ML que usaram e abusaram das preferências políticas (reais ou presumidas) deste para desqualificarem os seus argumentos; ninguém se referiu às preferências de RR (alinhadas com a direita ultraliberal) para desqualificar os seus argumentos.’

1 comentário :

  1. Heródoto Manuel do Britalquarta fev. 06, 02:24:00 da tarde



    O Estado Novo nunca foi derrubado.


    Precisa-se de um 25 de Abril a sério, com guilhotinas e saques, como na Inglaterra do Séc. XVII (República de Cromwell), que nunca mais foi a mesma, na França de 1789, que deu início a outra era histórica (Idade Contemporânea), e na Rússia de 1917, que moldou o futuro do Ocidente até 1988.


    Daí para cá foi um acumular de injustiças, desigualdades e tensões perigosas, que estão sem válvula de segurança e a atingir a pressão crítica de ruptura.


    Rui Ramos e a "intelligentsia" reaccionária do presente terão um dia a mesma sorte dos "Remexidos" de outras épocas mui conturbadas da História Pátria, como um tal Liberalismo e a consequente Guerra Civil, que o "benigno" Estado Novo tinha pavor de ensinar às criancinhas das Escolas...

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