segunda-feira, março 11, 2013

“Gaspar será obrigado a reconhecer que, ao contrário do que havia previsto, o investimento não arrancou, o desemprego continua a aumentar e que a retoma, essa, terá de ser (novamente) adiada.”

• João Galamba, A retoma eternamente adiada:
    ‘(…) Esta narrativa tem o seu encanto. É pena não ser verdadeira.

    A consolidação orçamental é aquilo que se sabe - um desastre, que só tem causado desemprego, recessão e empobrecimento - e não liberta recursos para ninguém, limitando-se a contribuir para a aumentar a quantidade de recursos não utilizados. As reformas estruturais são um mito neoliberal: os seus efeitos alegadamente positivos no crescimento potencial não passam de meras proclamações ideológicas. E a ideia de que o sector financeiro pode ser o motor do investimento privado esbarra no facto de que os bancos só emprestam se houver projectos rentáveis, e só há projectos rentáveis se houver procura. Ora, como todas as políticas seguidas, aqui e na Europa, deprimem a procura, não se vislumbra em que medida é que pode haver um sector privado (o que sobreviveu, após a "selecção natural" operada por este Governo) ansioso por investir e produzir.

    Quem anuncia a retoma, anuncia também que não percebe como funciona uma economia num contexto de crise. Ao contrário do que pensa Gaspar, a despesa pública não estava a retirar recursos e a asfixiar o sector privado, os salários "elevados" e a rigidez do mercado de trabalho não estavam a travar a contratação e a criação de emprego, e não era a falta de capital ou liquidez que impedia os bancos de relançar o investimento. E é por isso que, lá para meados de 2013, se não antes, Gaspar vai voltar a ser surpreendido pela realidade e será obrigado a reconhecer que, ao contrário do que havia previsto, o investimento não arrancou, o desemprego continua a aumentar e que a retoma, essa, terá de ser (novamente) adiada.’

1 comentário :

  1. Só se a decisão do tribunal constitucional for favorável ao governo.
    E eu penso que até o governo está a rezar para que isso não aconteça. É necessário novo bode expiatório para a incompetencia deste governo, uma vez que Socrates, a crise internacional, a crise europeia e o raio que os parta já foi chão que deu uvas.

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