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Há coisas que, para um cidadão que não desconheça o peso das instituições, são penosas de reconhecer em público: o Banco de Portugal está à deriva. A aventura burlesca em que se transformou o concurso para o preenchimento do relevante cargo de director do Departamento de Estudos Económicos mostra que o governador se atirou para fora de pé — e, agora, esbraceja em desespero enquanto lentamente se afunda.
Já me referi (em Julho, em Novembro e em Dezembro) aos rocambolescos episódios deste processo. Recorde-se apenas que, para disfarçar que o encerramento de supetão do concurso se deveu a uma opção para não ocupar o cargo com um economista que se opunha à parafernália ideológica do “caminho único”, o governador anunciou, ao mesmo tempo que encerrava o concurso, a criação de “uma comissão para produzir um conjunto de recomendações sobre o reposicionamento estratégico e a missão do Departamento de Estudos Económicos, em função dos objetivos do Banco neste domínio”. Essa comissão é presidida por Vítor Gaspar.
Enquanto a “comissão Gaspar” iria tratar do “reposicionamento estratégico” do Departamento, o governador fez saber que esta unidade orgânica seria interinamente dirigida pelos dois directores adjuntos (cf. Dinheiro Vivo). No entanto, perante a balbúrdia que se vive, na hora actual, no Banco de Portugal, o governador não esperou pelo “reposicionamento estratégico” do Departamento e, tão depressa como encerrou o concurso, nomeou para o cargo uma técnica do Banco, Isabel Correia — sem concurso.
Perante esta súmula não exaustiva das contradições do governador do Banco de Portugal, afigura-se ser pertinente a pergunta colocada em título: e se, em vez da “comissão Gaspar”, fosse criada uma comissão de inquérito?
Não é decerto por acaso que o banco central, criado em 1846, vai apenas no sexto governador (mesmo adicionando as escolhas controversas de Cavaco) após o 25 de Abril, o que contrasta com a alta rotação de ministros das Finanças no Terreiro do Paço. Há uma acrescida exigência de estabilidade, de competência e de idoneidade, que o actual governador do Banco de Portugal parece fazer questão de provar não estar em condições de assegurar.
O PS não está isentois de culpas na nomeação deste imcompetente.
ResponderEliminarAlguém conhecia este licenciado antes de ir para o Banco de Portugal, a não ser outros reles licenciados metidos à força no BCP?
É exactamente como refere o comentador anterior. Com a finalidade, penso eu, de evitar ser acusado de nomear alguém da sua cor política Teixeira dos Santos nomeeou um boy do PPD! E alguém manifestamente sem as condições para o desempenho do cargo!
ResponderEliminarA ideologia do "caminho único" é cada vez mais contestada e sê-lo-á cada vez mais, caberia ao BP estar aberto a novos caminhos e aprender com os erros sob pena de ficar para trás!
Meus Senhores, só não leu quem não queria. Os "arguidos do BCP" no primeiro dia que foram a Tribunal, (( Jardim e companhia) disseram alto e bom som, que faltava um neste grupo...o Dr, Costa do BP.
ResponderEliminarQue o governador Costa é amicíssimo de Cavaco e do 1º ministro que nos desgoverna, é sabido e notório. Agora se ele faz parte da Troika do BPN, isso, para mim, é um mistério.
ResponderEliminarO presidente do BP que mais manchou e conspurcou a reputação da instituição a que preside. Nunca tamanha incompetencia grassou na presidencia deste orgão antes desta figurinha sinistra lá ter sido posta.
ResponderEliminarTeixeira dos Santos nunca primou pela inteligencia, por isso terá uma certa desculpa. O resto do governo Socrates é que não. Gente desta estirpe nunca deveria chegar onde chega, e Socrates devia ter percebido que este era má moeda e que nunca iria estar á altura.