quinta-feira, janeiro 02, 2014

Em busca da Europa perdida

• João Caraça, Em busca da Europa perdida:
    ‘Não havia assim qualquer hipótese de o voluntarismo e os instrumentos da esquerda (os Estados-providência principalmente) resistirem ao confronto com a política de direita e a sua retórica de liberalização, desregulação e privatização. Talvez porque o campo da direita se tenha tornado internacional, seguindo os ditames do capitalismo informacional de hoje, ao passo que a esquerda se foi fragmentando e acantonando, tentando defender o que resta da soberania (os territórios) das nações, ou mesmo atirando-se para a frente se a oportunidade parece espreitar. Mas é claro que assim também não irá longe.

    Como se devia ter feito há 80 anos, é preciso hoje inescapavelmente mergulhar nos problemas, chamar as coisas pelos seus nomes, identificar o adversário real, transformar a crise em conflito, procurar as alianças onde existem as solidariedades que vão cimentar o mundo novo. Não onde os interesses do mundo-espetáculo nos pretendem acorrentar.’

5 comentários :

  1. "Não havia assim qualquer hipótese de o voluntarismo e os instrumentos da esquerda (os Estados-providência principalmente) resistirem ao confronto com a política de direita e a sua retórica de liberalização, desregulação e privatização."

    Tretas...

    ResponderEliminar
  2. Os partidos sociais democratas e socialistas têm bastante responsabilidade na deriva direitista, uma vez que sempre se aliaram à direita e nunca fizeram esforço para fazerem o mesmo à esquerda, mesmo sabendo nós que nem sempre isso seria fácil. No entanto, os partidosa socialistas tinham a obrigação de governar em defesa dos interesses de quem trabalha e das classes médias.

    ResponderEliminar
  3. Bem escolhido. Excelente artigo. «A palavra “capitalismo” desapareceu do domínio público e da política.», diz também João Caraça.

    Frases como "luta de classes" desapareceram do discurso político da esquerda. João Caraça tem razão: "chamar as coisas pelos seus nomes, identificar o adversário real, transformar a crise em conflito". E qual será, em Portugal, o adversário real? Quanto a mim a esquerda não conseguiu ainda identificá-lo. Melhor: não conseguiu identificar a contradição principal que bloqueia o nosso progresso. Somos um país de feudalidades bancárias e de senhorios, que invadem e influenciam toda a vida pública, com uma multidão de vassalos e vavassalos, como podemos observar, por exemplo, nos mídia.

    José Sócrates e os seus governos, com as suas políticas progressistas, fizeram vir à tona esta realidade. A esquerda, caçada por interesses corporativos, aliou-se, submeteu-se vergonhosamente aos interesses desses senhorios.




    ResponderEliminar
  4. Tem graça, li há tempos um artigo que ando a digerir sobre a ascenção e queda do marxismo ocidental, de um marxista crítico do marxismo ocidental, a quem acusa de se ter perdido na sabichonice so dever ser, sem por-se o problema de formular alternativas de construir um bloco alternativo ao dominante, ao contrário do marxismo oriental que soube focalizar bem a barbárie do capitalismo, sem sequer se detendo nas questo do aprofeiçoamento da democracia formal, dando-a como o modelo perfeito, apesar das contradições evidentes, não olhando para a destruição que esta causava a qualquer hipótese de democracia material, o que levou ao estado a que chegamos.
    Curiosamente, foram estes "marxistas" os primeiros a abandonar o barco da construção do socialismo.

    RG

    ResponderEliminar

  5. Há pouco o comentário saiu com erros e incoerências no discurso, segue versão revista à pressa:

    Tem graça, li há tempos um artigo que ando a digerir sobre a ascensão e queda do marxismo ocidental, de um marxista crítico que acusa aquele de se ter perdido na sabichonice do dever ser, sem se colocar o problema de formular alternativas de construir um bloco alternativo ao dominante e sem olhar para o tema do aperfeiçoamento da democracia formal, apesar das contradições evidentes deste sistema, e sem olhar para a destruição que esta causava a qualquer hipótese de democracia material, o que levou ao estado a que chegamos, quando era óbvio que com o capitalismo ia sobrar cada vez mais gente. Curiosamente, foram estes "marxistas" os primeiros a abandonar o barco da construção do socialismo.


    RG

    ResponderEliminar