• João Cardoso Rosas, O liberalismo da miséria:
- ‘(…) Qual é, então, a ideia que este Governo tem para Portugal, qual é o seu projecto de sociedade? Para determiná-lo é necessário ouvir os discursos, ler os manifestos, estar atento às iniciativas legislativas mais relevantes. Mas, como a ideologia política tem sempre um elemento de "falsa consciência", de encobrimento da realidade, é também necessário filtrar aquilo que é dito e não tomá-lo apenas pelo seu valor facial.
No caso do actual Governo há, apesar de tudo, um discurso revelador: o do empobrecimento. Como disse em tempos o primeiro-ministro - hoje já não o diria, para melhor ocultar a verdade - nós só sairemos desta crise empobrecendo. Ou seja, nós só conseguiremos enfrentar o problema da dívida, que estará connosco durante décadas, ficando progressivamente mais pobres.
Se a ideia central consiste em empobrecer, o discurso que se impõe é de tipo liberal: flexibilizar o mercado de trabalho para diminuir o seu valor; privatizar o mais possível e sem perspectiva estratégica; desinvestir na saúde, transferindo custos para as famílias; gastar menos em educação e ciência, até porque um mercado de trabalho não qualificado e de salários baixos não necessita de mais gente formada e menos ainda de investigação; encarar a cultura e o património - como se viu no caso Miró - como um luxo que não podemos ter, etc.
Já sabemos que este discurso liberal é acompanhado por impostos altos, mas eles incidem sobre os rendimentos do trabalho, na medida em que se procura que o ónus da crise recaia sobre os trabalhadores, os pensionistas e os funcionários públicos, mas não sobre o capital e as empresas (que, aliás, até têm reduções fiscais).
A ideologia deste Governo é pois uma espécie de liberalismo salazarista, ou salazarismo liberal. O ideal da pobreza honrada é perfeitamente conjugado com o discurso da liberdade económica. Trata-se de um liberalismo peculiar: um liberalismo de miséria.’
Sugeria a leitura, também, do seguinte artigo no Público de ontem http://www.publico.pt/economia/noticia/as-rifas-do-fisco-e-a-governacao-rasca-1623148
ResponderEliminarde José Vítor Malheiros, que vai muito na linha deste.
Agora digo eu: De facto, como o autor diz no final, foi "preciso ter azar", o azar de chegar a esta altura da vida e calhar-nos um bando de escroques e gatunos sem escrúpulos, a (des)governar, enganando o povo votante na campanha eleitoral, e também um velhaco PR que arquitectou todo este crime! E as FA? Traidoras do povo, claro, nestas circunstâncias, ou não?”
o rosas também andou a descambar de barriga cheia. agora grita, ai, ai, e ninguém o acode. o pedro e o lobo passado à realidade.
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