• António Correia de Campos, A Década:
- «(…) A Década varreu, de uma assentada, vários mitos: o de que o PS não tinha programa e teria dificuldades em o preparar; o de não haver alternativa à austeridade, tal como a troika e os seus seguidores aditivados haviam interiorizado; o de que o debate eleitoral seria à volta de “mais do mesmo”, assemelhando-se as políticas e programas de esquerda e direita como gémeos univitelinos; o de que as medidas de política apenas se analisam pelo seu custo orçamental, em soma algébrica de cortes e aumentos; e que tendo o PSD deitado a toalha ao chão na reforma de Segurança Social, nenhum partido se atreveria a nela tocar. Desde terça-feira passada tudo mudou.
(…)
E o Governo, como reagiu? A quente, sem ler o documento, postulando aquilo que ele não continha. . Preparou um argumentário negativo. Enterrou-se. Filho da austeridade receia a orfandade, reagindo com comentários entre a desacreditação e a ironia. Pede o consenso do PS para um corte de 600 milhões em pensões, por não saber como os encontrar, perdido no labirinto austeritário. Não se viu ainda uma refutação substantiva e quando se atiram números eles são como chapadas de cimento a uma parede não descascada. Não pegam. Nem sequer dão sinal de terem lido bem o texto e de tentarem compreender as contas. E depois, exibir o fantasma de 2011 começa a cansar.»
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