"Postar como um doido" (ou a questão da avaliação do desempenho)

Um blogue vicia. Gostaria de poder ter mais tempo livre para escrever mais. Faço-o, em regra, à hora do almoço ou à noite. Pequenas notas a correr, sem nunca conseguir acompanhar a realidade.

É o suficiente para um leitor, aparentemente do sector da justiça, formar um juízo sobre mim [“Abrantes não percebe do assunto dos juizes mais do que aquilo que quer perceber”], sobre a minha sanidade mental [“posts atentatórios do bom senso”], sobre o meu horário de trabalho [“O horário de trabalho efectivo dele (…) deve ser um horário muito flexível”] e sobre o meu patrão [“um avençado da propaganda governamental e que por isso o trabalho é este”], partindo de um pressuposto susceptível de ser comprovado: “andar aqui a postar como um doido”.

Qualquer leitor sabe que o CC não tem uma capacidade de produção que se distinga da maioria dos blogues. Se o leitor em causa, que poderá ser magistrado, conclui destes apontamentos intermitentes que andamos “aqui a postar como um doido”, quantas sentenças por mês será ele capaz de redigir, descontadas aquelas em que apenas se alteram os elementos de identificação do réu (bendito copy & paste!)?

Perante esta possibilidade real de haver magistrados cuja capacidade de trabalho deixa muito a desejar, juízes como este [“Começo a trabalhar pelas 8 horas!”] não deveriam exigir uma avaliação do desempenho séria, ao contrário das actuais inspecções em que a actividade da imensa maioria dos magistrados aparece classificada como “excelente”?