quinta-feira, maio 03, 2007

As atribulações do juiz Moreno [II]



Almada Negreiros,
O Contador




2. Moreno confunde, desde o início, despesas de funcionamento dos gabinetes governamentais com transferências correntes, que, no caso, são verbas para fazer face, na sua quase totalidade, a despesas no âmbito da segurança social (que a lei obriga a que sejam inscritas no orçamento do gabinete com a tutela da segurança social).

Daí o implacável Moreno ter dado pulos, quando “descobriu” que os governos, em três anos, haviam “desbaratado” 12,5 mil milhões de euros. Não é uma coisa extraordinária que Moreno se tivesse apressado a dividir este montante pelo número de portugueses para informar o povo em geral de quanto custa a cada um de nós a manutenção dos gabinetes governamentais? Um encargo “equivalente ao salário mínimo nacional” por cada português, que se destinou à satisfação de prestações sociais legalmente definidas, foi considerado, pelo implacável Moreno, como “despesa global dos gabinetes”.

De nada serviu que o Juiz Conselheiro Freitas Pereira tivesse procurado dissuadir Moreno de revelar esta confrangedora ignorância, uma vez que as despesas de funcionamento dos gabinetes corresponderam apenas a um por certo daquele valor.

Qualquer direcção-geral de pequena dimensão da Administração Central possui um orçamento superior ao montante correspondente àquele “1%”. Se Moreno aceitasse a realidade tal como ela é, de que modo justificaria depois a realização da auditoria, quando invocou, como razão para a promover, o “volume de dinheiros públicos (…) envolvidos”?

É de sublinhar, porém, que, se o pretexto para a realização da auditoria foi o “volume de dinheiros públicos (…) envolvidos”, os montantes alocados às despesas do Estado Social (os tais 99 por cento das verbas inscritas nos orçamentos) não foram sequer auditados… O implacável Moreno puxa a manta para tapar a cabeça e destapa os pés.

[A continuar]

2 comentários :

  1. este moreno é mais um a juntar á longa lista dos serventarios do psd/pp, fazendo os fretes que os vários lambe-botas, que se curvam perante o compadrio e o poder economico.
    a falta de imparcialidade nos varios organismo da estado, a que estão obrigados, é uma constante e faz parte da cultura de individuos de baixo nível intelectual, sem ética e moral. estes srs. não devem servir o Estado.

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  2. Este espectáculo de uns lacaios do PS a chamarem os outros de lacaios do PSD é um bocado deprimente, desculpem a franqueza.

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