quarta-feira, junho 22, 2011

“Os professores, agora em êxtase, esqueceram-se disto?”



Paulo Guinote estará de férias?


Estão recordados daquela triste cena do lançamento de um livro de Santana Castilho, cujo prefácio é do próprio Pedro Passos Coelho, em que o líder do PSD se prontificou em directo a alterar o programa para a Educação do PSD? Palavras leva-as o vento e Santana Castilho sente-se enganado pelo “homem de palavra”:
    Bem consciente do ónus de me declarar tão cedo contra a corrente, não comungo da euforia generalizada, que abriu braços à Educação. Explico o que posso explicar. Em Abril, Passos Coelho tinha um programa eleitoral para a Educação. Em Maio tornou público outro, que não só nada tinha a ver com o primeiro, como era a sua antítese. Escassos dias volvidos sobre a divulgação do último, Passos Coelho comprometeu-se publicamente a melhorá-lo. Mas faltou à palavra que empenhou e apresentou-se ao eleitorado com um programa escrito em eduquês corrente, com medidas até a 19 anos de prazo, pasme-se, e que, entre outros disparates, consagrava: a recuperação de duas carreiras no seio da classe docente; o enterro definitivo da eleição dos directores; a diminuição do peso dos professores nos conselhos gerais; o aumento da promiscuidade entre a política partidária e a gestão pedagógica do ensino; a protecção da tirania e do caciquismo; a adulteração do sentido mais nobre do estatuto da carreira docente; a consolidação dos mega-agrupamentos; a manutenção da actividade nefasta das direcções regionais; uma significativa omissão sobre concursos de professores e muitos outros aspectos incontornáveis da política educativa; a recuperação da ideia bolorenta de uma agência externa de avaliação educacional e a subserviência à corporação do ensino privado, por forma que a Constituição proíbe. Os professores, agora em êxtase, esqueceram-se disto? Eu sei que o programa de Governo ainda não é conhecido. Mas só pode resultar do que contém isto e do do CDS. E o do CDS não se opõe a isto.

    Nuno Crato é um notável divulgador de ciência e um prestigiado professor de Matemática e Estatística. Em minha opinião, o merecido prestígio intelectual que a sociedade lhe outorga foi trazido a crédito incondicional como político da Educação. No mínimo, o juízo é precipitado. Permito-me sugerir que leiam a sua produção escrita sobre a matéria. Que ouçam, com atenção, e sublinho atenção, a comunicação apresentada em 2009 ao “Fórum Portugal de Verdade” e as intervenções no “Plano Inclinado”. Os diagnósticos não me afastam. Os remédios arrepiam-me. Nuno Crato é um econometrista confesso, que repetidas e documentadas vezes confunde avaliação com classificação. Nuno Crato pensa que se mede a Educação como se pesam as batatas e que muda o sistema de ensino medindo e examinando. E não mudará. Ou muda ele ou não muda nada. Fico surpreendido como os professores deixam passar com bonomia a hipótese, admitida, de contratar uma empresa privada para fazer os exames ou a intenção, declarada, de classificar os professores em função dos resultados. Estes dislates patenteiam pouco conhecimento sobre as limitações técnicas dos processos que advoga e uma visão pobremente parcial sobre o que é o ensino. Nuno Crato, que muitas vezes tem sido menos cauteloso ao apontar o indicador às ciências da Educação, tem agora o polegar da mesma mão virado para ele. Espero que não se entregue às ciências ocultas da Economia para redimir a Escola pública.

8 comentários :

  1. Notável.
    Subscrevo por inteiro. Sobretudo o que vai direcionado ao matemático Nuno Crato.

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  2. He he he... Se fosse professor estava danado., como não sou riu-me que nem um macaco. hee he he...

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  3. Nuno Crato é um lírico.Criticou duramente a política seguida pelo PS,porque o obrigou a trabalhar até os 65 anos,instituiu a avaliação e tirou outos previlégios aos professores.No entanto,não teve uma palavra para as boas medidas no ensino em geral.Hoje,os alunos estão na escola a tempo inteiro,com refeição e tudo,não vêm para a rua nos intervalos,estão ocupados,dentro da escola,e os pais descansados.Deixou de haver escolas com menos de meia duzia de alunos,eestes têm computadores,etc,etc...Não vai fazer melhor,de certeza!

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  4. O Paulo Pinote está aos pinotes...

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  5. Quem acompanha, há 30 tal anos, a meia laranja - Aquilo que dizem,entra a 100 e sai a 200.

    Agora lutam contra a corrupção é pura mentira - se fosse verdade - metade da meia laranja ía para a pildra - os Edificios dos CTT...Bpp...Bnp...Domingos lavadinho...o Gica...o Francisco Xavier( j´morreu) e quanto mais

    Corrupção? não façam rir - julgem e condenem o que tem em mãos...já me dou por satisfeito

    È um azar ser governado por estes "besuntas" ..

    È como os Govern.... Civis, agora acaba - nascem mais tarde com outra roupagem á medida da meia laranja.

    Besuntas

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  6. Vai ser lindo de ver muitos dos palhaços...travestidos de professores...a engolir o seu voto dado à direita...que os vai por a toque de caixa..., prá rua!!!!!!!!!!!!!!!de mão dado com os sindicalistas fascistas de intersindical comunista. Em cuba é igualzinho o procedimento.

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  7. Não fossem os alunos os maiores perdedores, diria que é muito bem feito que levem com as ideias e as práticas 'cratianas'.

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  8. É melhor deixarem-se disso.
    Ainda vão mendigar o voto dos professores, daqui a um ano ou dois.
    E nesse altura os que estiverem à frente do PS vão todos dizer que o Sócrates nunca foi um verdadeiro socialista (o que até é verdade), que cometeu muitos erros, etc

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