• Francisco Assis, Governo revela-se incapaz de levar a cabo uma acção reformadora bem-sucedida [hoje no Público]:
- ‘A um ministro das Finanças exigem-se excepcionais méritos enquanto oráculo económico, e toleram-se sofríveis qualidades no plano da estratégia política. Vítor Gaspar, curiosamente, funciona ao contrário. Falha nas previsões, brilha no debate parlamentar. À primeira vista, afigura-se estranho, mas acaba por ter uma explicação simples. Para um doutrinário puro, os argumentos são sempre infinitamente mais relevantes que os factos; aqueles exprimem a perfeição de um sistema de pensamento coerente, estes limitam-se a remeter para o plano desprezável da realidade. Há muitas mentes brilhantes que incorrem neste erro, já que só concebem uma forma de intelecção do mundo em que a ilusão abstracta esmaga por completo a constatação concreta das coisas. Por muito paradoxal que isso possa parecer, acabam por ter alguma afinidade com os seguidores do senso comum, de quem parecem estar nos antípodas - coincidem na recusa da complexidade, ainda que uns se limitem ao plano raso das falsas evidências e outros se alcandorem às alturas das grandes explicações sistemáticas. Na segunda metade do século XX, num contexto diferente, mas que no essencial remete para a mesma coisa, grande parte dos intelectuais preferiam deliberadamente "enganar-se com Sartre para terem razão com Aron". Estas mentes, quantas vezes tocadas pelo dom do génio, existem. Não têm é o hábito de serem ministros das Finanças. Quando por qualquer insólito percalço do destino isso acontece, costumam durar muito pouco tempo.’
Esta gente "está fora da realidade"
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ResponderEliminarE por "muito pouco tempo" que durem, será sempre demais.