segunda-feira, dezembro 25, 2006

Paradoxos

Num dia com um significado especial para a Igreja, mas também para os portugueses em geral, D. José Policarpo dirigiu uma mensagem de divisão. A defesa da vida na evocação do Deus incarnado não carece de uma cruzada contra a interrupção voluntária da gravidez.

D. Policarpo deve saber, porque é inteligente, que a despenalização do aborto não significa que o Estado esteja a incitar as mulheres a abortar. O que está em causa é apenas não as punir e permitir que, em vez de porem em risco a sua própria vida, em abortos de vão de escada, disponham de condições humanas para que possam interromper a gravidez.

Nos Estados Unidos, chegou a haver prolifers que atacaram a tiro os médicos que, legalmente, praticavam a interrupção voluntária da gravidez. É o paradoxo máximo — matar para defender a vida. D. Policarpo não chega a esse extremo. Mas também é paradoxal que o patriarca de Lisboa patrocine a ideia de que as mulheres devam primeiro ser punidas, para, depois, serem perdoadas pela Igreja.

Não era certamente isso que Cristo tinha em mente, quando, a propósito dos impostos cobrados por Roma, mandou distinguir o que é devido a Deus e aos homens.

3 comentários :

Anónimo disse...

José Policarpo é o pai do projecto TVI, que ficou com o pé-de-meia das velhinhas deste país.

Anónimo disse...

E o outro tal D. João não sei quê, lá do Porto que comparou o aborto à prática medieval da roda dos meninos expostos!?

Anónimo disse...

O que mais choca, nestas posições da Igreja, é saber-se que muitos dos que falam pediram já às respectivas para abortarem. Mas pior ainda, são as beatas, militantes do "não", que já o fizeram.
A natureza humana no seu mais profundo...