O abraço do Zenit, o artigo que Pedro Adão e Silva escreveu esta semana no Diário Económico, não é propriamente sobre a final da Taça UEFA disputada entre o Zenit de São Petersburgo e o Glasgow Rangers:
- “A Gazprom é o paradigma da promiscuidade entre interesses privados e poder político na Rússia de hoje. Os recursos naturais são o cimento dessa relação.
O exemplo mais acabado disto mesmo foi a dança de cadeiras a que se assistiu recentemente na Rússia. Enquanto Vladimir Putin passou a primeiro-ministro, Dmitri Medved, antigo ‘chairman’ da Gazprom e ex-PM, ocupou o lugar de presidente. Nisto a Gazprom passou a ser presidida pelo anterior PM, Viktor Zubkov. Tudo em família portanto.
O problema é que esta família, conhecida pelo seu respeito pelo Estado de Direito e pelos mais elementares princípios do liberalismo político, se prepara para criar condições para aplicar ao conjunto da Europa a receita que tem aplicado à sua vizinha Ucrânia. Fazer aumentar a dependência energética para níveis que levarão a que, num tempo não muito distante, as tentativas da União Soviética para contaminar politicamente a Europa por força do seu poderio militar passem a parecer brincadeiras pueris, nomeadamente quando comparadas com o complexo político-energético que está hoje a ser construído. Como lembrava Paulo Pedroso no ‘blogue’ ocanhoto, “enquanto a Europa parece preocupada com o hipotético poderio chinês do futuro, baseado em brinquedos e vestuário, a Rússia vai abraçando-a com as armas do século XXI”. É por isso que talvez seja boa ideia a Europa olhar com mais atenção para a vitória do Zenit. Ela esconde muito mais do que um sucesso desportivo e é mais reveladora do que gostaríamos que fosse. Resta saber se, desta vez, as democracias europeias têm alguma resposta para o abraço energético do urso.”
Sem comentários :
Enviar um comentário