quarta-feira, maio 27, 2009

Bombas atómicas à solta


À mesa com o cavaquismo: comeu a sandes da ordem como se fosse uma fatia de bolo-rei


Ouvi nestes últimos dias que Oliveira Costa iria atirar sobre Dias Loureiro para não cair sozinho. Infelizmente para o cavaquismo, o problema do ex-presidente do BPN não é bem esse: o que ele não quer é acabar os seus dias na cela da Gomes Freire — só ou acompanhado.

As palavras de Oliveira Costa sobre Dias Loureiro (e sobre outras figuras do PSD) foram apenas um aviso do homem que tratou da saúde financeira do cavaquismo desde os tempos dos perdões fiscais na década de 90. Ele bem preveniu ontem, em resposta a Hugo Velosa (o advogado madeirense do futebol que é o porta-voz do PSD para os assuntos de economia e finanças), que sabia mais do que lhe estava a dizer. E questionado por Ricardo Rodrigues sobre uma personagem que tem sido possível manter na penumbra, escusou-se a dizer seja o que for.

Acontece que a forma como se precipitaram os acontecimentos não é uma boa notícia para o cavaquismo, contrariamente ao que pensam os que exigiram a demissão de Dias Loureiro, na pressuposição de que, entregando um anel, se salvariam os dedos.

A partir de agora, Dias Loureiro passou-se para o campo dos que dispõem da bomba atómica. E o que mais me impressionou na palestra de ontem de Oliveira Costa foi precisamente a tranquilidade que revelou. O cavaquismo vai ter necessidade de negociar (internamente) um tratado de não proliferação de armas nucleares. As coisas são como são.

PS — Tomás Vasques esquece-se de que Dias Loureiro foi a figura central (e principal estratega) da candidatura de Cavaco Silva à presidência da República. Mais relevante (e influente) do que o cargo honorífico de conselheiro de Estado.

5 comentários :

ze maria disse...

O ultimo paragrafo do post do Tomazinho, ficaria mais compostinho com esta pequenininha aleraçãozinha:"A sua nomeação como conselheiro de Estado é um «lapso» político de Cavaco Silva, uma nomeação «afectiva» que, COITADINHO, lhe ia saindo caro". Fica mais condizente, a meu ver, com o "ia saindo". Né?

don francisco disse...

D.Loureiro foi a Belem receber ordens de Kavako.

Aí está a estrategia a seguir, pedir a demissão lá tal Orgão e solicitar ao PGR ser ouvido.

Todo isto para manter o controlo da situação atraves dos cavalos de troia dentro do MP.Ficando tudo em banho maria.

Uma coisa tenho a certeza, vai entrar no mar do esquecimento. Aposto a vida como tal vai acontecer.

Zé da Póvoa disse...

É claro que Dias Loureiro foi quem angariou a grande parte dos fundos gastos com a campanha de Cavaco. Estará tudo legal? Haverá transferências para contas especiais, ou mesmo para "off-shores"? Um dia se saberá.

Anónimo disse...

Cavaco ainda me consegue surpreender.

O que ele disse sobre o Loureiro:

"Não tenho nenhuma razão, nenhuma informação fornecida por quem compete informar-me que permita distinguir um de outro dos 19 conselheiros de Estado. Todos me merecem igual respeito", frisou Cavaco Silva, acrescentando que o PR tem a este respeito acesso a informação adicional àquela que é publicamente conhecida sobre o caso.

"Deve imaginar que o Presidente da República tem algumas informações vindas dos canais institucionais adequados que vão para além daquelas que os senhores (jornalistas) eventualmente conhecem. E eu acabo de dizer que a informação de que disponho não me permite estabelecer nenhuma diferença de um conselheiro em relação a qualquer outro dos seus pares", afirmou.


Acho que o PR devia explicar muito bem o que disse, porque o Ministério Público não pode dar informações a NINGUEM (seja ele PR, PM ou mesmo ao Papa) sobre o que está a investigar.

Enfim, mais um pontapé na Constituição da República, por aquele que tem a obrigação de a proteger....Ai se fosse o Sócrates a dizer isto...

Anónimo disse...

O anónimo das 10:53:00 PM está cheio de razão. O Ministério Público não pode dizer seja o que for ao PR nem ao papa. O procuradores do MP só estarão autorizados (pelo sindicato?) a fazer confidências à TVI, ao Sol e ao Correio da manhã.