terça-feira, setembro 22, 2009

A História como repetição

26 de Setembro de 1995. Título no Público:

"Nogueira já conhece mas não revela decisão de Cavaco sobre Belém".

Contexto: estávamos nas vésperas das eleições legislativas, às quais o PSD apresentava Fernando Nogueira e o PS António Guterres. Cavaco Silva ainda era primeiro-ministro e alimentava uma coisa chamada tabu, em co-produção com Fernando Lima e o Expresso. Seria ele candidato a Belém? Foi e perdeu.
Mas voltemos a 26 de Setembro de 1995. Após aquele título do Público, os jornalistas foram ter com Cavaco Silva, o qual jurou a pés juntos que não, não tinha decidido nada.
Fernando Nogueira, um dos seus delfins, foi assim desautorizado na praça pública, em vésperas de eleições - ele, que se arvorava em íntimo e herdeiro do Chefe, estava afinal a leste...

Vejamos agora como Cavaco Silva conta esta história na sua Autobiografia Política (II vol., pág. 498)
    "No dia 26 de Setembro de 1995, ocorreu um pequeno desencontro entre declarações minhas e de Fernando Nogueira que a comunicação social, cujo comportamento na campanha eleitoral era de óbvio enviesamento a favor do PS, procurou empolar. Nesse dia almocei na residência oficial de São Bento com o presidente de Angola, José Eduardo dos Santos. Antes, recebi Fernando Nogueira no meu gabinete de trabalho para uma troca de impressões sobre a parte final da sua campanha e para acertar a minha participação no comício de encerramento, em Setúbal. Não falámos sobre as eleições presidenciais. Depois do almoço, segui para Mangualde, para presidir à inauguração de uma nova linha de produção da fábrica de aglomerados de madeira da SONAE. No final, os jornalistas perguntaram-me pela enésima vez se ia candidatar-me à Presidência da República e eu voltei a repetir, como sempre tinha feito, que estava a reflectir e que ainda não tinha tomado uma decisão. Fernando Nogueira, em conversa informal com jornalistas e que eu desconhecia, terá dado a entender que sabia que eu seria candidato. A imprensa tentou explorar esta aparente contradição para criar dificuldades ao líder do PSD. Sobre a minha declaração em Mangualde, obviamente feita para não dizer nada de especial aos jornalistas, alguns espíritos perturbados ou malévolos chegaram a acusar-me, depois da derrota do PSD nas eleições legislativas, de ter pretendido prejudicar Fernando Nogueira. Era uma insinuação de tal forma absurda que entendi não ser merecedora de qualquer comentário da minha parte."
Note-se como a água é sacudida do capote com toda a ligeireza...

3 comentários :

Francisco Clamote disse...

Pois é: os malévolos ou "O Inferno são [sempre] os Outros", Cumprimentos.

Anónimo disse...

Viram a SONAE a espreitar neste excerto?

Anónimo disse...

O Belmiro Clamote gosta de bocas, não de factos.
E os factos dizem que, de facto, existe uma campanha negra contra o Socras. Como alíás tambám já existia no caso Freeport. Chega uma sentança transita em julgado, para prova!!!!??? E a demissão do Lima!!?? Ou valem mais as bocas???!!!
Mais factos.!!?? O Dias Loureiro no BPN1!!Vale. O Balsemão no BPP, chega!! O Preto etyc.... isto são factos não bocas!?? Tenham, vergonha!!!