quarta-feira, dezembro 23, 2009

Cenas da vida de Pedro

    'Julgo ser o único que trabalhou com os quatro primeiros-ministros do PPD/PSD, para lá de também ter ocupado o lugar. Sobre essa experiência única publicarei muito brevemente um livro na Dom _Quixote.

    Aqueles que têm hoje trinta e tal anos não recordam (ou nem sabem) o que aconteceu nos anos 80, principalmente na primeira metade.

    Já nessa altura houve muito combate travado.

    Já nessa altura – e até antes, em 1978, com 21 anos – andei a pensar em congressos extraordinários. E, como mais três pessoas sabem, escrevi boa parte da moção que ajudou a trazer Francisco Sá Carneiro de volta à liderança do partido.

    (…)

    Não acredito no PSD se o partido não levar ‘uma grande volta’. O grande inimigo do PSD tem sido o próprio PSD – ou, pelo menos, algumas partes do todo.

    Confesso que estou saturado de ver sempre os mesmos a terem sempre os mesmos comportamentos. E tenho dúvidas de que seja possível tratar do que importa sem serem sempre os mesmos a caciquar, a manipular, a condicionar.

    (…) como aqui escrevi há semanas, o PPD/PSD está sem causas. E, pior, está a ir atrás daqueles que há anos tudo fazem para desestabilizar, para corroer, para minar os alicerces da sociedade e do Estado.

    Para convocar um Congresso são precisas, pelo menos, 2500 assinaturas. É fácil e vou desencadear esse processo. Penso que tenho essa obrigação, eu que já tanto me envolvi em tantos congressos deste partido de cor laranja.

    (…)

    Uma pessoa pode sair de um partido. Grandes figuras do PSD já saíram e já voltaram. Eu, se sair, estou seguro de que não voltarei.

    (…)

    Trinta e três anos de militância, colaborador de Francisco Sá Carneiro, Francisco Pinto Balsemão, Aníbal Cavaco Silva e José Manuel Durão Barroso, além de ter sido eu próprio presidente do partido, primeiro-ministro e cabeça-de-lista nas primeiras eleições para o Parlamento Europeu, entre muitas outras responsabilidades, obrigam-me a não me deixar tomar pelo desinteresse ou mesmo pela aversão. Neste caso, pode mesmo dizer-se que é por amor e não por interesse.

    (…)

    Andam quase todos a emperrar, a fazer que andam mas não andam. E quando aparece algum voluntarismo, não se percebe nem porquê nem para quê.

    (…)

    É difícil o PPD/PSD voltar a suscitar entusiasmo? É! Mas é possível.

    (…)

    Na cadeira de História da diplomacia – que este semestre, pela primeira vez, lecciono – procuro transmitir aos alunos as constantes opções que se colocam, desde há séculos, a quem decide a política externa portuguesa.

    Principalmente na maneira de conjugar o desígnio que o mar representa e os pontos de apoio no continente europeu.

    Portugal foi sempre um país cuja independência não parecia natural a outros. Como é que aquele povo teima em ser independente e não faz como outras nações desta península?
    Assim tem sido com o PPD/PSD. Os outros sempre o consideraram um partido ‘anómalo’, que quase devia pedir licença para existir...

    (…)

    Será que o PPD/PSD não consegue ser alternativa a este PS e a José Sócrates? Serão eles muito bons? Ou teremos sido nós muito maus?'

    [Santana Lopes na edição do Sol de 18 de Dezembro]

2 comentários :

sr. indivíduo disse...

«Confesso que estou saturado de ver sempre os mesmos a terem sempre os mesmos comportamentos. E tenho dúvidas de que seja possível tratar do que importa sem serem sempre os mesmos a caciquar, a manipular, a condicionar.»

WHAAAAAAT?

Espelhos em casa: não há?

jlcr disse...

Se este tipo não existisse, teria de ser inventado. O homem escreve mal, é incoerente, quando fala não acaba as frases, e, contudo tem sempre um palco ao seu dispor.
Como é possível darem-lhe tanta importância?