segunda-feira, janeiro 11, 2010

Leituras

• António Correia de Campos, Duche escocês:
    Imagina-se a frustração dos corporativos beligerantes até aqui bem sucedidos, sem terem quem lhes compre caro o capital de queixa. O corporativismo, sem alimento na dissensão política, enfraquece e estiola.
• João Rodrigues, O que tem de explodir e o que tem de implodir?:
    O que quer realmente Cavaco Silva? Consolidar o discurso económico hegemónico para assim ter uma estrada real para a recandidatura presidencial. O economista Vítor Bento, a quem Cavaco, tarde e a más horas, ofereceu o lugar do seu companheiro Dias Loureiro no Conselho de Estado, ou o economista Daniel Bessa tornam explícitas as duras opções propostas pelas elites económicas que se escondem no mágico discurso presidencial: cortar salários para promover as exportações, conter o investimento público e transformar o Estado Social num Estado assistencialista para quem não tem mais alternativas, através da continuação das privatizações que Cavaco iniciou.

    Uma prescrição coerente e pactuada para o desastre socioeconómico. Mas, no fim de contas, quem apostou na convergência nominal, no quadro da aceleração mal conduzida da integração europeia? Quem assim contribuiu para uma sobreapreciação duradoura da nossa moeda, que muito enfraqueceu a competitividade do sector de bens transaccionáveis, num período de transição crucial e orientou muito do investimento empresarial para o sector de bens não -transaccionáveis, como foi o caso da construção? Quem foi responsável pelo brutal aumento das desigualdades, que torna o discurso de unidade nacional uma fraude? Tantas perguntas, tão poucas respostas. Cavaco sabe que faz política num país amnésico. Este é aliás um dos segredos do sucesso do antigo professor de Finanças Públicas.

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