sexta-feira, janeiro 29, 2010

Leituras

• Magalhães e Silva, Ano judicial:
    A boa: a reflexão de Noronha do Nascimento sobre o novo paradigma de juiz na União do século XXI, a que, obviamente, ninguém ligou nenhuma.

    A má: a falta de fair play político de Cavaco no ajuste de contas com o Parlamento e o Governo, voltando à carga com duas leis que vetou e que o Parlamento o obrigou a promulgar.
• Paul Krugman, Um enigma chamado Bernanke:
    Em Julho, Bernanke falou contra uma proposta-chave de reforma: a criação de um novo organismo de protecção financeira do consumidor. Exortou o Congresso a manter a situação actual, em que a protecção dos consumidores contra práticas financeiras desleais é da responsabilidade da Reserva Federal.

    E aqui bate o ponto: é que durante o período imediatamente anterior à crise, perante a proliferação de abusos financeiros, a Reserva Federal nada fez . Em particular, ignorou os avisos quanto aos empréstimos subprime. Assim, é espantoso que, no seu testemunho, Bernanke não tenha reconhecido esse fracasso, não tenha explicado porque aconteceu e não tenha adiantado nada que nos permita acreditar que a Reserva Federal não se venha a portar da mesma maneira no futuro. A mensagem dele resumiu-se a "Sabemos o que estamos a fazer; confiem em nós".
• Pedro Adão e Silva, O regresso dos homens sem rosto:
    A empresa para a qual trabalha, a Moody's, vive uma profunda crise de credibilidade, afectada pelos erros de avaliação que, com outras agências de rating, cometeu e que foram relevantes no desencadear da crise financeira. Naturalmente que os erros cometidos têm custos: Anthony Thomas e os seus colegas agem como animais acossados, que atacam ao mais pequeno sinal de fragilidade. Em teoria, são fiéis intérpretes do modo como o mercado percepciona o risco; na prática não é tanto assim. Ainda esta semana, os mercados procuraram obrigações do Estado grego a um ritmo três vezes superior ao esperado. Ou seja, os analistas foram contraditados pelo próprio mercado. Logo, não podemos deixar de pensar que a "confiança dos mercados" é também um eufemismo para potenciar movimentos especulativos.

1 comentário :

Anónimo disse...

O bitaite do Dr. Magalhães e Silva é lamentável. Lamentável pelo que diz de Jaime Gama e não menos lamentável pelo elogio que faz das banalidades de Noronha do Nascimento. Quanto a Pinto Monteiro, deveria estar calado por uma questão de pudor.