sábado, janeiro 01, 2011

Ética republicana

Tendo coincidido a passagem de ano com o período pré-eleitoral, Jorge Sampaio prescindiu, aquando da sua recandidatura à presidência da República, da habitual mensagem de Ano Novo. Aníbal Cavaco Silva, pelo contrário, não prescindiu — naquele estilo único em que se não distingue as actividades do Presidente da República e do candidato.

16 comentários :

Anónimo disse...

podia ter aproveitado o tempo de antena para esclarecer os pendentes bpn e escutas

A-Pacheco disse...

por momentos pensei que se tratava de um sepote de campanha eleitoral do cavaco acho que a apresentação da menssagem deste presidente foi ridicula, mudei logo de canal não ouvi nada e nem quero ouvir mais nada desta criatura.

ATENTO disse...

Podiam descontar esta comunicação do Presidente no tempo de antena do mesmo Presidente, não?
Podia ter explicado o caso das escutas?
Podia ter explicado o caso BPN que um dia quando tudo se souber, vai ser o diacho.
Podia ter explicado porque foi buscar informáticos ao governo em que os tinha lá semeado há 20 anos atrás...
Podia explicar porque como bolo rei de boca aberta
Podia explicar porque só foi visitar o seu irmão nos últimos dias de vida...
Podia explicar porque sendo todo ético fez campanha eleitoral na comunicação ao País, quando JORGE SAMPAIO NÃO O FEZ...
Podia, POIS PODIA, MAS NÃO ERA A MESMA COISA.

PGS disse...

Porque a memória é uma condição indispensável à nossa vida e também à própria vida política, pedia-vos, se possível, para recordarem aqui a todos nós, em formato de noticias ou (desejavelmente) de imagens, várias passagens normalmente esquecidas pela nossa Comunicação Social da trajectória política de Cavaco Silva:

- as imagens da tristemente célebre declaração de Cavaco em Março de 2002 na Faculdade de Economia do Porto a propósito dos funcionários públicos? "Como é que nos vemos livres deles? Reformá-los não resolve o problema, porque deixam de descontar para a Caixa Geral de Aposentações e, portanto, diminui também a receita do IRS. Só resta esperar que acabem por morrer". Sem dúvidas, um paladino do Estado Social no seu melhor...

- as imagens da célebre declaração com que deixou cair Fernando Nogueira nos dias finais da campanha de 1995, ou a recusa de aparecer nos cartazes de campanha ao lado de ex-lideres do PSD em 2005, ou ainda as notícias que deram nota da sua recusa em pagar as despesas de campanha de Freitas do Amaral após a derrota na segunda volta das Presidenciais de 1986? Enfim, sem dúvida, uma personalidade com quem podemos contar nos momentos de dificuldades;

- a noticias e imagens das suas posições e declarações sobre o processo BPN, dizendo que não tinha dinheiro no BPN (afinal era na SLN) e defendendo Dias Loureiro a todo o transe até ao limite da insustentabilidade (curiosamente e certamente apenas por coincidência, no dia seguinte à demissão de Dias Loureiro, a primeira página do Expresso abria com a notícia dos extraordinários lucros das transacções das acções não cotadas de Cavaco na SLN - todos nós precisaríamos certamente de nascer duas vezes para ter níveis de lucros assim);

- da participação da Presidência da República no famigerado processo das escutas, que, num País normal, exigiria pelo menos um inquérito sobre se foram ou não cometidos quaisquer tipos de crimes de responsabilidade de titulares de cargos político (esta lei prevê várias hipóteses - atentado contra Estado de Direito, coacção contra orgãos constitucionais, prevaricação, abuso de poderes, violação de segredo) e, a confirmar-se a intervenção do Presidente, a sua própria demissão (vale a pena ver um depoimento de Sarsfield de Cabral na SIC Notícias que, além de apoiante de muitos anos, já trabalhou directamente com Cavaco, onde afirmou que, na sua opinião, conhecendo bem Fernando Lima, este nunca faria nada sem orientações do Presidente);

- da forma lamentável como foi gerida a primeira Parceria Público Privado da Ponte Vasco da Gama (se alguém tem dúvidas sobre se isto é uma PPP leiam o livro ou ouçam as declarações do Juiz Conselheiro do Tribunal de Contas Carlos Moreno), processo que esteve na origem, aliás, do famoso bloqueio da Ponte 25 de Abril (os novos preços impostos na Ponte 25 de Abril resultavam do acordo de concessão - como os preços na Ponte 25 de Abril foram depois revistos em baixa, a Lusoponte teve que ser largamente compensada - a decisão foi anunciada pelo Ministro Ferreira do Amaral que, uns tempos mais tarde, passou a presidir à... Lusoponte);

- Os vultuosos prémios atribuídos em diversas obras públicas nos Governos de Cavaco para que as mesmas fossem concluídas em timings compatíveis com as eleições legislativas;

(Continua)

PGS disse...

( Continuação)

- O brutal buraco financeiro e a forma absolutamente inqualificável como foi conduzido o processo de modernização da linha de caminho de ferro do Norte (várias centenas de milhões de contos - repito centenas de milhões de contos - com deslizamentos orçamentais e temporais impensáveis, para ganhos nulos nos tempos de percurso), originando um brutal desperdício de recursos públicos;

- O processo de negociação com os parceiros sociais dos aumentos salariais em 1991 (ano de eleições, pois claro) em que, tanto quanto me recordo, o Governo propôs aumentos superiores aos propostos pela delegação da própria ... CGTP...

- a forma como o Governo de Cavaco não cumpriu por diversas vezes a Lei das Finanças Locais e abriu um buraco na Segurança Social ao não tranferir as verbas estipuladas em termos legais;

- a forma caótica como foram geridos os fundos estruturais - em particular o FSE e o FEOGA - no tempo de Cavaco Silva. Sobre o FSE há notícias várias e processos diversos no Tribunal. No Feoga, há certamente noticias e imagens, por exemplo, da visita com pompa e circunstância, de Cavaco à Odefruta, bem como aos seus elogios estusiásticos ao projecto protótipo de sucesso do milionário francês Thierry Roussel - projecto que permitiu a este último deitar a mão a um milhão de contos – 5 milhões de euros! – em fundos comunitários e ajudas do Estado português e “dar às de Vila Diogo” cerca de um ano depois…

Há mais, muito mais, para recordar e para acabar de vez com o mito construído pela Comunicação Social do homem providencial, um poço de virtudes, que raramente tem dúvidas e nunca se engana...

Anónimo disse...

sampaio!
o do golpe de estado?
que a terra lhe seja leve como chumbo,ele foi o responsável por enfiar este traste como pm

Anónimo disse...

oh pgs! falta-te aí o último exemplo de fiabililade caníbal silva, a declaração de incompetência da gestão actual do bpn, que por acaso são comissionistas de honra da sua campanha. tão bem uns para os outros, o faria, em vez de se demitir, vem dizer em comunicado que são excessos de campanha. dar a cara, tá quieto.

fernando de Bragança disse...

A esquerda apresenta factos, a direita oferece-nos insultos. Sempre foi assim desde o 25 de Abril.Otelo tinha razão,quando (não) disse,que se for preciso metemos essa malta no Campo Pequeno...Façam uma retrospectiva dos governos em democracia e vejam a diferença de processos, e heranças recebidas e legadas.A esquerda não teme os resultados.

PGS disse...

Caro Anónimo,

Tem toda a razão, mas o meu comentário apesar de bastante extenso (as minhas desculpas:), está ainda assim longe, muito longe, de ser exaustivo. Aliás, a propósito das afirmações de Cavaco sobre a insustentabilidade das finanças públicas, estou mesmo agora a lembrar-me da entrevista ao Expresso de Miguel Cadilhe, Ministro das Finanças do primeiro Governo de Cavaco Silva, onde ele afirmava peremptoriamente que Cavaco foi o pai do "monstro" pelas implicações que teve o regime remuneratório da função pública (e sobretudo as múltiplas excepções - praticamente fazendo com que, de facto, a excepção seja o regime... normal)aprovado pouco antes das legislativas de 1991... Enfim, só a "suave" imprensa nacional não vê ou não quer ver que Cavaco rima com... buraco...

Anónimo disse...

Cavaco silva não tem condições morais nem carácter para ser Presidente.

Anónimo disse...

A viúva de Jeffry Picower, um investidor que lucrou com a fraude de Madoff, entregou 7200 milhões de dólares aos que saíram prejudicados.

Aqui está um gesto que as pessoas sérias, em Portugal, não deixarão de levar em consideração, especialmente se tiverem lucrado com as fraudes do BPN.

Anónimo disse...

O PGS tem que dar umas dicas ao Manuel Alegre para os debates com Cavaco!
Alegre não soube ou esqueceu-se de tudo isto e quase saiu derrotado!

Anónimo disse...

Só para agradecer ao PGS a sua ajuda para não nos esquecermos das varias tropelias deste rapazinho...

Pobre senhora madrasta-sogra deste politico - molusco, que teria ela feoto para ser deninciada pelo enteado - genro?

Obrigado PGS

abraço

Cristiano disse...

Giro, muito giro criticar o presidente por não abdicar do seu discurso de ano novo e apelidar essa decisão de eleitoralismo. Por acaso não se lembram do que o governo andou a fazer em 2009, ano de eleiçôes??? Lembram-se do aumento aos funcionários públicos??? Lembram-se das mentiras sucessivas acerca do defife??? Tenham vergonha!!!

Anónimo disse...

Pgs, devia pôr isso em livro. Eu lembro-me de muitas, de cavaco e amigos (hoje postos de parte porque não convêm, tal como a mulher do sogro) mas não consigo lembrar-me de todas.
Cavaco é e sempre foi um espertalhão a fazer pela vidinha, não tem qualquer projecto político ou social. A C. Social vive de joelhos perante este homem, vá-se lá saber porquê.
ana

PGS disse...

Caros Ana, Aires e Anónimo,

Agradeço as vossas amáveis palavras, mas os aspectos que referi são fáceis de relembrar se alguém estivesse interessado nisso. Aliás, a principal questão é essa mesmo: que jornalismo político, económico ou de investigação temos em Portugal, se ninguém ousa confrontar seriamente Cavaco Silva com as suas responsabilidades em situações passadas e/ou presentes? Como é que engolem, logo à primeira, respostas mal amanhadas do tipo “está tudo no site da Presidência” ou “na declaração ao Tribunal Constitucional” e não estudam ou escrutinam as situações ao detalhe? Como é que essa mesma Comunicação Social continua a idolatrar a grande competência e rigor de Cavaco Silva em termos económicos e financeiros e branqueiam, na prática, todos os enormes erros e disparates cometidos na sua governação?

Já agora e a propósito do seu mítico rigor e competência recordo aqui mais uma situação: todo o jornalismo político e económico já se esqueceu também do famigerado “coeficiente de erro de Braga” de Macedo (então Ministro das Finanças)” (assim baptizado por Paulo Portas, esse mesmo, então Director do Independente), quando no início de um determinado ano o Governo de Cavaco Silva previu um défice público salvo erro em torno dos 2 ou 3% e no final do ano esse valor atingiu uns impensáveis... 9 a 10% (uma das principais razões desse catastrófico lapso de previsão terá sido provocado pela decisão da então Senhora Secretária de Estado do Orçamento – essa mesma, a também muito competente e rigorosa Manuela Ferreira Leite – de despedir centenas de contratados da DGCI, tendo como brilhante resultado que nesse ano e a partir desse momento o Estado praticamente tenha deixado de arrecadar o IVA)?

Enfim, recorrendo àquela máxima famosa da política brasileira - com o actual Governo Sócrates, Cavaco acha que chegamos à beira do abismo; com ele (e sus muchachos) daremos certamente o passo em frente…