domingo, abril 17, 2011

Viagens na terra deles



    Manuela Ferreira Leite¹, questionada sobre a “coerência” de Fernando Nobre: “É algo que ele vai ter de responder perante os eleitores.”
    Paul Rangel¹: “Uma pessoa que nunca foi deputado é um obstáculo intransponível a que venha a ser um bom presidente da Assembleia da República.”
    Morais Sarmento: “Nobre não tem perfil para presidir ao Parlamento”.
    José Eduardo Martins², deputado do PSD, no Facebook: “Lê-se e não se acredita. A entrevista do dr. Nobre ao Expresso está muito para lá do imaginável…”
    Barbosa de Melo², antigo presidente da Assembleia da República: “Quem imaginou isso [Nobre só aceitar ser presidente da Assembleia da República] não conhece sequer o mecanismo da instituição. Não faz sentido. Quem elege são os deputados e eles não estão sequer eleitos.”
    Nogueira Leite²: “[Espero] sinceramente que a direcção do partido, cuja decisão de candidatar Fernando Nobre tenho de respeitar, me descanse de que não partilha da visão exótica sobre o funcionamento da Assembleia da República que parece ser o motivo pelo qual o dr. Nobre decidiu aceitar este desafio.”
    Santana Lopes: “Não é com Nobre que o PSD se afirma.”
    Marques Mendes, sobre anunciada renúncia de Fernando Nobre se não for eleito presidente da Assembleia da República: “É uma fraude, é uma burla.”
    Salvador Massano Cardoso², no blogue cavaquista Quarta República: “Se fizesse parte de uma lista de deputados à Assembleia da República, pelo PSD, claro, e fosse eleito, não votaria em Nobre para presidente. Os eleitos têm de respeitar quem os elege e praticar a humildade política.”
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¹ DN de ontem.
² DN de hoje.

1 comentário :

Manuel Pacheco disse...

O Naco de Broa, o Fernando e a Galinha:
O Fernando é um amigo do peito. Desde muito cedo nutria por ele uma admiração muito grande. Era merecedor dessa minha estima. Quando via alguém com complicações fazia os possíveis e impossíveis por as resolver.
Deixamos de ter contactos, cada um seguiu o seu destino, a vida a isso nos obriga. Ouvia falar dele sempre por bons motivos. Continuava a brindar a roda de amigos que sempre angariava, com a sua voluntariedade, pondo sempre em primeiro lugar a amizade. Não sabem o prazer com que ouvia falar dele. Uns diziam que era de uma nobreza impar.
Passaram-se uns tempos e também por afazeres profissionais voltamo-nos a encontrar. Era num País pobre onde tudo faltava: dignidade, respeito, humanidade, onde o mais forte tudo possuía e ao mais fraco tudo faltava.
Um dia estávamos todos reunidos num descampado e vemos um miúdo a correr atrás de uma galinha. Ela corria mais que o miúdo mas, mesmo assim o miúdo não desistia. Nisto apercebemo-nos que ela levava um bocado de broa no bico. Fernando nem deu tempo de pensar aos compinchas. Saiu em louca correria atrás da galinha. Ela corria, saltava, voava, mas Fernando sabia que só a vencia pelo cansaço. Enquanto lhe fizesse frente, não podia devorar o pequeno naco de broa. Cada vez se distanciavam mais de nós. As nossas vistas já não os alcançavam.
Passado uns momentos vemos o Fernando vir em nossa direcção e numa das mãos o naco de broa. O nosso sorriso abriu-se de orelha a orelha. Estes actos não abundam. Alguns diziam: são actos nobres. Não é qualquer pessoa que os pratica, só o Fernando.
Quando se junta a nós e antes de lhe ficarmos obrigados pelo seu acto, mete o naco de broa à boca e come-o. É aí que nos apercebemos que as considerações que lhe tecíamos eram infundadas. A correria atrás da galinha era para seu benefício.