Que faz correr Bagão?

Que tivesse dado conta, Bagão Félix surge hoje em três órgãos de comunicação social: como artista habitual à quarta-feira na Antena 1 e com um artigo no Jornal de Negócios e uma entrevista ao Diário Económico.

As três intervenções públicas de Bagão tiveram um ponto em comum: tirar da cartola uma forma de financiar a redução da taxa social única (na parte que cabe ao patronato). Bagão descobriu que o Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social tem um saldo de dez mil milhões de euros. Em lugar de aumentar o IVA, como quer o PSD, Bagão pretende ir ao baú que assegura as pensões dos portugueses.

Duas breves notas sobre esta extraordinária proposta:

1. Bagão Félix andou anos a fio a dizer que a segurança social estava falida. Nunca reconheceu o impacto da reforma da segurança social levada a cabo pelo PS. Agora que a segurança social está consolidada, vem de mansinho propor a sua desnatação. Amanhã, aparecerá provavelmente a defender o plafonamento e, depois de amanhã, dirá com a mesma cara que cada um que trate da sua reforma.

2. Por outro lado, Bagão aparece sempre a falar em nome das gerações vindouras quando está em causa investimento público. Acontece que a sua proposta é, sem tirar nem pôr, uma forma de endividar as gerações futuras: enquanto ele critica investimentos que levam a contrair dívidas (mais despesas futuras), surge agora a pretender alienar os activos financeiros do Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social (menos receitas futuras). Por outras palavras, quer financiar um fluxo com um stock.

Que faz correr Bagão Félix para lançar desta forma desbragada uma campanha pela destruição do Fundo que assegura as pensões dos portugueses?