sexta-feira, abril 11, 2014

O velho rumo em conferência


O circo desceu à cidade. Barroso, a queimar os últimos cartuchos, montou a tenda em Lisboa, tendo convocado o Presidente da República, o alegado primeiro-ministro e três ministros para confraternizarem com ele próprio e mais oito comissários europeus. Não foi escutado o Hino à Alegria, mas, em coro, trauteado um estafado hino à austeridade expansionista.

Numa iniciativa para alimentar as ambições políticas de Barroso, que serviu também como acção de campanha da coligação de direita às eleições europeias, Cavaco elogiou Barroso, que, por sua vez, elogiou Passos Coelho. Na plateia, Paulo Portas assistiu. Todos, em uníssono, bateram palmas aos credores — e às suas exigências.

«É uma questão sobre a qual não há divisão entre os credores de Portugal», afirmou Barroso sobre a sustentabilidade da dívida portuguesa, que exige no entanto que «a dinâmica do processo de reformas se mantenha». Quais? Não teve a ousadia de as especificar.

Phillipe Legrain, até há pouco tempo conselheiro do presidente da Comissão Europeia, disse no princípio desta semana ao Financial Times que «a União Europeia está agora dividida entre os credores e os devedores e as instituições europeias tornaram-se num instrumento para os países credores imporem as suas vontades aos países devedores». Barroso confirmou-o hoje.

Foi este presidente da Comissão Europeia que mereceu um rasgado elogio por parte de Cavaco: «Posso testemunhar, como poucos, a atenção que o doutor Durão Barroso sempre prestou aos problemas do país e a valiosa contribuição que deu para encontrar soluções, minorar custos, facilitar apoios e abrir oportunidades de desenvolvimento». Sim, este encómio foi dirigido ao presidente da Comissão Europeia que, em tempos não distantes, ameaçou estar o «caldo entornado» se o Tribunal Constitucional vier a considerar haver normas inconstitucionais no Orçamento do Estado para 2014, prevenindo até que defenderia nessa circunstância um agravamento das medidas de austeridade.

O Presidente da República, que sustentava, em 2011, haver limites para os sacrifícios, revelou-se incapaz de confrontar os bonzos da Comissão Europeia ali presentes com o insustentável agravamento da situação económica e social do país, limitando-se a uma formulação ambígua sobre a consolidação orçamental, que reforça objectivamente a estratégia de empobrecimento do Governo e a ganância dos credores.

Fechado o circo, continuaremos a ouvir o coro da necessidade do consenso em torno da austeridade expansionista. Com todos os coristas presentes: de Cavaco a Barroso, passando pelo Governo em peso. É a direita a fazer pela vida.

10 comentários :

Corvo Negro disse...

Alguém escreveu há pouco no Facebook, a propósito desta "coisa" que ocorreu hoje em Lisboa: "Puro lixo".
Apesar de concordar na integra com o seu texto, prefiro o resumo do evento: - "puro lixo"

OLimpico disse...

No fim da intervenção de Cavaco, e quando este caminhava para o seu lugar, Barroso inclinou-se e gradeceu assim: Obrigado pá....

Mas gostei de blá blá da Europa Solidária....Está tudo doido e não há um movimento que corra com esta gente!!!!

NB:: A Brigada do Reumático veio a Portugal prestar vassalagem ou exigir vassalagem ?

Reparem só nesta coincidência:

Os Militares de Abrilo foram convidados para estarem presentes no Parlamento....mas bico calado...

O To Zé, foi convidado para estar presente no EVENTO dos BURROSOS, mas bico calado....

Anónimo disse...

A que pulhas está entregue Portugal e a União Europeia. É tempo de lavar o país à mangueirada.

Anónimo disse...

O encontro da união nacional-

Anónimo disse...

O Seguro não foi?

Anónimo disse...

Barroso diz que não é candidato à presidência. Ora, como eles mentem pouco, é certo e sabido que é candidato. E Marcelo que dirá, que fará? E o "menino guerreiro"?

Evaristo Ferreira disse...

Esta análise política está correta e põe a nu o discurso capcioso desta canalha. Quanto ao moço de recados da UE, Durão Barroso, veio defender o seu partido, o partido de Cavaco Silva, com o qual comungou a ministragem dos Negócios Estrangeiros no tempo do cavaquismo. Mais tarde, Barroso, como primeiro-ministro, terá esquecido os zunzuns que lhe chegavam do Banco de Portugal sobre o "assalto" ao BPN, para, assim, "proteger" o acionista Cavaco Silva que investira naquele banco, mas fora de Bolsa.
Em resumo: eles protegem-se uns aos outros, para poderem construir uma muralha de aço.
Quanto a Barroso, já deve lugar reservado nos States, no Goldman Sachs ou no FMI. E isto com o beneplácito do padrinho George Bush. Está tudo sob controle, está tudo alinhado. De Cavaco, Barroso irá levar uma alta Comenda. Falta saber se é com "Palma", com "Espada" ou com pingalim.

Anónimo disse...

Um elogio de cavaquito vale muito pouco...ou nada mesmo.

Iurista disse...



A B S O L U T O - N O J O!

Anónimo disse...

Quando é que o povo português vai acordar e meter esta corja no lixo ??? Nas europeias vem mais uma oportunidade de fazê-lo... a ver vamos...
Quanto ao Sr Barroso, quando se deixa um país ...de tangas... para correr novas aventuras, não se deve admirar de regressar num pais considerado "lixo" pelas agências de notação internacionais...