quarta-feira, maio 21, 2014

Na noite em que o amigo Marcelo atropelou
o pinguim estridente e o dandy de Joane
e foi ao beija-mão aos jornalistas

Livre circulação: habituado ao burocratês europeu, é tudo igual para Juncker
(Via João Caetano)

Marcelo foi a Coimbra declarar o seu amor a Juncker, desprezando o pinguim estridente e o dandy de Joane. Os dois basbaques que encabeçam a lista da direita às eleições europeias ficaram atordoados. Os figurantes que compunham o décor embasbacados ficaram: «"Só nos faltava esta"; "com amigos assim quem precisa de inimigos?", "mas quem é que decidiu que ele podia intervir, não bastava estar presente?"»

O post de Ana Catarina Santos a descrever a noite de Coimbra é imperdível. Mais ainda, porque traz um bónus: as deambulações de Marcelo pelas mesas dos jornalistas. A não perder.

15 comentários :

ignatz disse...

junckers, o esquentador oficial da àpê.

Anónimo disse...

Bela reportagem da ACSantos.Mais jornalistas deste calibre é que nós precisamos.

Billy Smart disse...



E este jogral pensa mesmo candidatar-se a ser o próximo palhaço de Belém?


For Christ sake...

Zé da Póvoa disse...

Para bom entendedor, meia palavra basta. Marcelo não foi lá para apoiar o Rangel ou o amigo colorido do Portas. Disse expressamente que estava ali para apoiar o "esquentador"!!!

RFC disse...

... Nota prévia: sugiro também o post sobre Juncker na Trofa, no blog da Ana Catarina Santos (TSF), porque presumo que estará a fazer furor e a contagiar a própria classe jornalística. Exemplo último: o artigo que deixo ali em baixo não surge assinado pelo P., mas é o retrato da campanha do PSD/CDS durante o dia de hoje em que a chuva de Peniche obrigou a parelha a substituir um alegado contacto de rua com a população local (!!!) para protagonizar outra página das + recentes e gloriosas duas semanas na imprensa portuguesa.

«Os candidatos voltaram a vestir batas e toucas de plástico para percorrer as instalações de uma empresa de transformação de peixe. Rangel e Melo foram ouvindo as explicações dos responsáveis da fábrica. E até gracejaram. “Vamos dar uma voltinha de empilhadora?” desafiou o candidato centrista. O parceiro social-democrata depois de uma pequena hesitação respondeu: “Corremos o risco de ser embalados”. E exportados? perguntou uma jornalista. “Queremos que sim para Bruxelas”, responderam.»

No P. online.
www.publico.pt/n1636878

Anónimo disse...

Li mal ou o Juncker disse que as mercadorias e o capital são tão importantes como as pessoas?

RFC disse...

É uma tradução correcta, sim. O que é surpreendente é ver um Juncker qualquer en 2014 dizer uma parvoíce deste tamanho em cima dos pilares do mercado comum sobre a livre circulação de pessoas, bens, serviços e capital no espaço europeu (o que até deve ter feito saltar dos caixões os fundadores da experiência europeia no pós-Segunda Guerra Mundial).

Miguel disse...

Desculpem mas é uma tradução incorrecta. O que é dito é que se capital e pessoas podem circular livremente, também as pessoas o devem poder fazer. Recorde-se que a liberdade de circulação de pessoas é bem mais limitada que a de dapitais, bens e serviços.
A iliteracia do inglês dá nisto

HY disse...

Peço desculpa, concordo com muito do que dizem e aprecio bastante a orientação deste blog, mas as críticas a Juncker neste caso são erradas e injustas;

Juncker não fala burocratês e não está a diminuir as pessoas nesta frase. O que ele visava é precisamente o contrário: não podemos admitir que na Europa as pessoas sejam menos importantes que as mercadorias e os capitais. Ele estava a insurgir-se contra aqueles, como o PM britânico, que querem limitar a livre circulação de pessoas na UE, ao mesmo tempo que defendem com unhas e dentes o mercado único onde, segundo eles, mercadorias, capitais e serviços devem circular livremente, mas as pessoas não.

E já agora, ao contrário do que é afirmado num comentário, na altura da fundação da Europa, a livre circulação de pessoas não estava consagrada ainda; Foi muito mais tarde, a partir do Acto Único de 1986 que este direito fundamental dos europeus começou a ser reconhecido.

Há muito por onde criticar as políticas do grupo a que Juncker pertence sem ser preciso deturpar as suas palavras ou denegrir injustamente a sua imagem. Juncker não é PPC! Tomáramos nós termos políticos de direita como o Juncker.

Para mau entendedor disse...



Leu mal, sim, anónimo: não é preciso ter o "Proficiency Certificate" do Inst. Britânico para saber que aquilo que Juncker disse foi, sem tirar nem pôr, que "as pessoas são tão importantes para mim como o capital e os bens"!


Repare bem na subtil diferença face a dizer o oposto...

HY disse...

Pois, disse isso contra quem defende que as pessoas sùao menos importantes que as mercadorias e o capitais.

Não é um problema de tradução, é um problema de contexto político.

Como disse, há muita coisa pela qual poderemos atacar o projecto político de que Juncker é o porta-voz. Não é justo nem útil atacá-lo assim...

RFC disse...

Miguel só, HY e Para mau entendedor: 140 caracteres de um tweet do Juncker não fazem dele hoje um europeísta de esquerda (estou de raspão e não consigo agora dizer nada de muito importante sobre esse eufemismo que, na boca eleitoral da direita europeia, são as pessoas). Se fiz questão de apontar o pós-1945 e os seus fundadores foi porque me pareceu + correcto lembrar que o ideal solidário europeu foi sendo construído em nome dos povos que saíram do pesadelo de uma Europa destruída e que não se pensava que, como nos últimos anos, o que era antes era operativo passasse, paradoxalmente, a destruir cinicamente agora as suas vidas. Ou seja, percebe-se que será uma questão epidérmica da minha parte mas ver um qualquer responsável (luxemburguês no caso, e este facto deve ser sublinhado) confundir os eleitores nestes tempos sombrios faz parte de um programa pornográfico que a direita tem vindo a apresentar (e + moderado do que isto não consigo ser).

HY disse...

Caro RFC, ninguém (pelo menos eu não) quer fazer de Juncker um homem de esquerda. Ele é de direita (centro-direita mais precisamente, se aceitar graduações). Mas se acha que são todos iguais para as bandas desse lado, eu garanto-lhe que não são. Aliás, se acha que os fundadores do ideal europeu tinham essa visão solidária da Europa em nome da qual pretende criticar a pretensa afirmação de Juncker, como explica que eles fossem quase todos de direita?
A afirmação de Juncker não foi em nada confusionista.A confusão resulta de quem o interpreta mal. Ele reagia, e bem, àqueles que querem que a Europa seja apenas um mercado onde as mercadorias, os capitais (e os serviços, não esquecer, porque nesse domínio já não lhes importa que as pessoas circulem, porque não lhes custa nada, é explorar até mais não…) circulem livremente, mas as pessoas, enquanto cidadãos, não. Juncker é, sempre foi, contra isso em termos europeus.
Isso não faz dele um homem da esquerda, nem justifica só por si que se vote nele. Mas não é justo fazer-lhe tal crítica. Até porque quando se tratar de barrar o caminho aos que defendem as ideias de Cameron, Sarkozy e outros sobre os imigrantes europeus, vamos precisar da esquerda e não só. Não foi apenas a esquerda que fez garantir o direito de livre circulação das pessoas nos tratados. E não basta a esquerda para o defender (aliás, uma parte da dita esquerda, quando lhe convier também vai começar a protestar contra os imigrantes, temo eu…)
Como dizia antes, não confundamos toda a gente da direita com os PPCs, PPs e outros Gaspares…

RFC disse...

Adenda. Mas é exactamente esse o ponto: se os fundadores do projecto europeu (de acordo: gente de diferentes tradições políticas que compreendeu as vantagens do compromisso e que bebiam a tradição da democracia-cristã europeia, que inspirava a direita do pós-guerra)* vissem aquilo que fazem hoje na terra os *herdeiros* do seu espaço político, tenho por certo que saltavam dos caixões. Disse isso ontem, e foi assim que os pintei.

* Clarificando, se necessário: quero dizer que o que mudou mesmo foram os protagonistas dessa direita europeia, sendo que nos eleitorados nacionais existirá muita gente ideologicamente *nua* que faz maiorias conjunturais e que as máquinas burocráticas (de Bruxelas, etc.) fizeram nascer uma nova dose de cínicos reprodutores para quem a vida melhora todos os dias.

HY disse...

Não era isso que estávamos a discutir meu caro. Não digo que não tenha razão, embora nem toda a gente da direita na Europa defenda as políticas que você exacra. O H Kohl, por ex.,que infelizmente já não conta, tem repetidamente criticado esta orientação actual da UE.
Do que se tratava era apenas de clarificar que é injusta a crítica feita a Juncker quando ele estava precisamente a fazer o contrário daquilo que é acusado: estava a defender que a Europa não pode ser apenas para os negócios, tem que ser também para as pessoas.

Reconhecer isto não torna ninguém de direita... e reconhecer que há gente na direita com quem se pode falar para tentar construir uma Europa mais justa também não faz mal a quem é de esquerda...